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Dermatologista explica os perigos do uso de PMMA no rosto

Dermatologista explica os perigos do uso de PMMA no rosto

Não é comum uma pessoa perder parte do lábio após o uso da substância. Isso geralmente ocorre devido a complicações graves, como necrose tecidual

Publicado em 6 de fevereiro de 2024 às 17:11

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Mariana Michelini após fazer preenchimento (à esq.) e em janeiro deste ano, depois de passar pela primeira cirurgia de reconstrução do lábio superior e buço
Mariana Michelini após fazer preenchimento em janeiro deste ano. (Reprodução)

Mariana Michelini, de 35 anos, fez preenchimento nos lábios, no queixo e na região do osso malar, área conhecida como maçãs do rosto. Seis meses depois da aplicação, veio uma reação alérgica grave. Mariana acordou com os lábios e o queixo inchados, vermelhos e doendo. Alguns meses depois, quando investigava as causas da alergia, descobriu que a “harmonização” foi feita com injeções de polimetilmetacrilato (PMMA).

“A harmonização ficou linda, recebi mais trabalhos ainda, mas após seis meses, tive uma grave reação. Acordei toda inchada e com dor. Voltei a mesma profissional e senti que ela estava muito nervosa”, lembrou Mariana, em entrevista ao Metrópoles.

O que é

O polimetilmetacrilato (PMMA) é um polímero sintético utilizado na forma de gel para realizar procedimentos estéticos, como preenchimento cutâneo de pequenas áreas da face e do corpo.

"Seu uso é bastante restrito, sendo autorizado pela Anvisa para ser utilizado nas situações como a correção da lipodistrofia (alteração no organismo que leva à alteração da concentração de gordura em algumas partes do corpo) provocada pelo uso de antirretrovirais em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). E em casos de correção de pequenas irregularidades e depressões facial e corporal, preenchendo essas áreas afetadas", explica a dermatologista Pauline Lyrio.

Entre os perigos estão as reações alérgicas, os nódulos, granulomas e processos inflamatórios e infecciosos, necrose tecidual, que podem levar a danos estéticos e funcionais desastrosos e irreversíveis. "Além disso, pode até mesmo levar a complicações mais graves, como embolias, cegueira e morte", diz.

A médica conta que diferentemente do ácido hialurônico, o PMMA não possui antídoto, ou seja, não pode ser revertido com substâncias em caso de qualquer complicação. "Sua remoção só é alcançada de forma cirúrgica, que, muitas vezes, pode não ser suficiente para corrigir por completo os danos já causados pelo PMMA. Além disso, ele não é absorvido pelo organismo", explica Pauline Lyrio.

A médica reforça que mesmo que a remoção cirúrgica possa se rum opção em caso de complicação, muitas vezes as pessoas já chegam tardiamente para a remoção cirúrgica, podendo não ser suficiente para resolver os danos colaterais.

Quem pode usar?

O uso de PMMA para preenchimento facial não é recomendado para fins estéticos devido aos riscos envolvidos e à disponibilidade de alternativas mais seguras, como o ácido hialurônico. "O uso é limitado as pessoas com necessidade de corrigir pequenas deformidades ou que possuam lipodistrofia causada pelo uso de antirretrovirais no tratamento da síndrome da deficiência imunoadquirida (Aids). E, mesmo assim, o uso de PMMA deve ser criterioso e somente realizado por profissionais médicos treinados e qualificados".

Pauline Lyrio, dermatologista
A dermatologista Pauline Lyrio fala sobre os eprigos do uso do PMMA. (Divulgação)
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Embora seja possível, não é comum uma pessoa perder uma parte do lábio após o uso de PMMA. Isso geralmente ocorre devido a complicações graves, como necrose tecidual

Pauline Lyrio
Dermatologista
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Quando o assunto são preenchedores definitivos, todas as áreas da face são perigosas, pois existe o risco de injeção inadvertida dentro de um vaso e, com isso, ocasionar entupimento do mesmo, podendo levar a embolias e necrose tecidual.

"A região da boca é considerada uma área perigosa pela sua baixa capacidade de acomodação tecidual a grandes volumes e, principalmente, pelo seu padrão de vascularização, com possibilidade de complicações graves, como necrose tecidual, que podem levar à perda de tecido", finaliza Pauline Lyrio.

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