Any Awuada, acompanhante que afirma ter mantido relações sexuais com o jogador Neymar durante uma festa, revelou que não corre risco de engravidar, pois, segundo ela, teria feito xixi após a relação sexual.
"Gente, fiquem tranquilos, porque eu fiz xixi logo em seguida. E quando você faz xixi logo em seguida, você não engravida. Então, tipo assim, não tem essa possibilidade", disse no Instagram.
A ginecologista Carolina Loyola Prest, do Hospital Santa Rita, explica que não existe base científica que comprove que urinar após o sexo possa evitar a gravidez. “Não há nenhuma evidência científica para essa crença. O ato de urinar após a relação não tem qualquer efeito sobre a fecundação. Isso porque a urina é eliminada pelo sistema urinário, enquanto os espermatozoides são depositados na vagina e seguem pelo sistema reprodutivo em direção ao útero e às trompas, onde pode ocorrer a fecundação. Portanto, urinar não impede a concepção e não pode ser considerado um método contraceptivo".
Quando o homem ejacula na vagina, milhões de espermatozoides são liberados e começam a 'nadar' em direção ao colo do útero e às trompas. Se houver um óvulo disponível, pode ocorrer a fecundação. “Esse processo acontece independentemente de a mulher urinar após o ato sexual, pois os espermatozoides rapidamente entram pelo muco cervical e seguem seu caminho rumo ao útero”, explica a médica.
A ginecologista ressalta que o sistema urinário e o sistema reprodutivo são independentes, tanto do ponto de vista anatômico quanto funcional. “A urina é eliminada pela uretra, um canal localizado na parte anterior da vulva, exclusivamente responsável pela eliminação da urina. Já a vagina, situada logo abaixo da abertura uretral, é a estrutura por onde ocorre a penetração durante a relação sexual e por onde o sêmen é depositado”.
A médica acrescenta que, a partir da vagina, os espermatozoides iniciam seu trajeto, passando pelo colo do útero e subindo até as trompas. Isso reforça que a uretra não tem qualquer relação com a reprodução e a micção após o sexo não interfere no percurso dos espermatozoides nem na possibilidade de gravidez.
“Há a recomendação de que a mulher não durma após o ato sexual sem antes urinar. Mas essa indicação é para evitar infecções urinárias. Isso não tem nenhuma relação com a gravidez, afinal de contas o esperma, o sêmen, é depositado na vagina. Então, o ato de urinar não é capaz de ‘lavar’ ou exteriorizar o sêmen depositado no interior da vagina”, disse Carlos Campagnaro, ginecologista do Hospital São José, em Colatina.
No homem, porém, o funcionamento é diferente. Tanto a urina quanto os espermatozoides são eliminados pelo mesmo canal, a uretra. No entanto, há um mecanismo fisiológico que impede que ambos sejam liberados simultaneamente. “Durante a ejaculação, ocorre o fechamento do esfíncter da bexiga, impedindo a passagem da urina e garantindo que apenas o sêmen seja expelido. Isso demonstra uma diferença fundamental entre os sistemas reprodutivos masculino e feminino”, comenta Carolina Prest.
Além da recomendação não ser eficaz, espalhar esse tipo de desinformação pode levar muita gente a achar que está protegida e, assim, abrir mão de métodos contraceptivos realmente eficazes. “Acreditar que urinar após o sexo previne a gravidez pode levar pessoas a não utilizarem métodos contraceptivos comprovadamente eficazes. Isso aumenta os riscos tanto de uma gestação indesejada quanto de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A educação sexual é fundamental para garantir que as pessoas façam escolhas informadas e seguras em relação à sua saúde reprodutiva”, diz a médica.
O preservativo, tanto masculino quanto feminino, é um dos métodos mais conhecidos. "São o principal método contraceptivo para quem tem relações esporádicas, pois não previne apenas a gravidez, mas também as doenças sexualmente transmissíveis", diz Carlos Campagnaro.
Os métodos contraceptivos variam conforme a necessidade e o perfil de cada pessoa ou casal. Os principais são:
Métodos de barreira: preservativo masculino e feminino, diafragma.
Métodos hormonais: pílula anticoncepcional, adesivo, injeção mensal ou trimestral, implante subcutâneo, anel vaginal.
Dispositivo intrauterino (DIU): DIU não hormonal e DIU hormonal (levonorgestrel).
Métodos definitivos: laqueadura tubária (mulheres) e vasectomia (homens).
Métodos comportamentais: tabelinha e coito interrompido (menos eficazes e menos recomendados).
Pílula do dia seguinte: método emergencial para casos específicos. Não deve ser usado como contraceptivo regular.
“A escolha do método deve ser individualizada, considerando fatores como idade, histórico médico, planejamento familiar e preferências pessoais. O acompanhamento com um ginecologista é fundamental para orientar a melhor escolha”, ressalta Carolina Prest.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta