A modelo Isabeli Fontana exibiu o resultado de uma cirurgia que realizou para retirar as próteses de silicone, que, segundo ela, também foi combinada com enxerto de gordura na região. “Quando realizamos um implante de silicone, o objetivo é aumentar o volume das mamas. Então, quando retiramos a prótese, procedimento conhecido como explante mamário, há uma diminuição deste volume e, portanto, além da prótese, a pele também deve ser retirada. Quanto maior a quantidade de pele que precisa ser retirada para dar forma à mama, mais significativas serão as cicatrizes resultantes. Mas outra opção é a realização de enxertos de gordura”, diz a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
A médica explica que o enxerto de gordura é realizado com gordura retirada da própria paciente através de lipoaspiração. “O resultado não é tão previsível quanto com o implante de uma nova prótese menor e pode ser necessária mais do que uma cirurgia para obter o resultado esperado”, diz Beatriz Lassance, que afirma que, dependendo do caso, a modelação da nova mama pode ser demorada, mas a retirada da prótese é simples e segura, oferecendo os mesmos riscos de qualquer cirurgia, como infecções e sangramentos. “A cirurgia de retirada ou troca de prótese é um procedimento cirúrgico como qualquer outro, logo, os cuidados pré e pós-operatórios devem ser seguidos à risca”, recomenda.
Motivos que levam às mulheres a retirarem ou trocarem as próteses de silicones incluem, além da insatisfação com a prótese, complicações como linfomas, síndrome Asia e contratura capsular. Mas a Associação Brasileira de Cirurgia Plástica esclarece que os casos são raros e não há motivo para pânico. “Esse assunto ficou muito em evidência na mídia nos últimos anos. Recalls de fabricantes por conta do risco de contratura capsular e casos de linfoma (um tipo raro de câncer) associados às próteses deixaram muitas pessoas preocupadas. Além disso, outra preocupação foi com relação à síndrome ASIA, quando o silicone pode desencadear uma reação imunológica que faz com que o organismo ataque a si mesmo. Mas não há motivo para alarme, preocupação e corrida para os consultórios para retirar as próteses. São casos muito raros”, explica o cirurgião plástico Daniel Lobo Botelho, presidente da Associação Brasileira de Cirurgiões Plásticos (BAPS).
Estatísticas mostram que, com o passar do tempo, mesmo aumentando as chances de problemas com as próteses, como contratura capsular (endurecimento de uma cápsula que o organismo forma ao redor das próteses, deixando-as duras e às vezes dolorosas) ou mesmo a sua ruptura, o mais provável é que nada ocorra.
Já no caso dos tumores, dados do banco nacional de câncer dos Estados Unidos, de 2008 a 2018, mostram que o linfoma anaplásico de grandes células (ALCL) relacionado ao implante mamário ocorreu a uma taxa de 8,1 por 100 milhões de pessoas por ano. “Esse caso desse tipo raro de linfoma, os índices de cura são bastante altos”, diz o médico. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, os índices de cura ultrapassam 90% dos casos, e a maioria das pacientes é tratada apenas com a remoção da prótese e da cápsula, sem a necessidade de quimioterapia ou radioterapia.
Mas, no caso de algum sintoma ou suspeita de alterações das próteses de mamas, a paciente deverá procurar um cirurgião plástico. Confirmado o diagnóstico de contratura capsular, a prótese deve ser trocada por uma nova e podem ser feitas incisões na cápsula para deixá-la mais maleável ou mesmo retirá-la. “Se a paciente está satisfeita com o tamanho e forma das mamas, a cirurgia pode ser feita pela mesma cicatriz da primeira intervenção e, então, o implante é trocado. A cápsula é retirada ou incisada, e uma nova prótese de tamanho igual ou maior é colocada”, explica o presidente da BAPS. Nos casos de Síndrome Asia e do linfoma, quando as doenças são desencadeadas pelas próteses de silicone, apenas a remoção do implante com sua cápsula, geralmente, já é capaz de minimizar e até eliminar os sintomas da doença.
A BAPS lembra que a cirurgia de mamas deve ser feita por cirurgião plástico. “O cirurgião plástico pode avaliar cada caso e com o paciente decidir qual a melhor solução. O cirurgião plástico deve fazer uma avaliação correta e detalhada da saúde do paciente antes da cirurgia, esclarecer detalhadamente todo o procedimento que será realizado e fazer um acompanhamento rigoroso no pós-operatório para minimizar qualquer risco e decepção do paciente”, finaliza o presidente da associação.
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