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Estresse da pandemia leva a bruxismo e até fratura dos dentes

Estresse da pandemia leva a bruxismo e até fratura dos dentes

Consultórios odontológicos observaram um aumento significativo dos casos, o que pode ter como causa o bruxismo, um problema funcional que atinge cerca de 40% das pessoas

Publicado em 20 de maio de 2021 às 20:00

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Matéria sobre Bruxismo do Especial Se Cuida
Bruxismo atinge mais pessoas na pandemia e pode trazer efeitos como dores de cabeça e desgaste dos dentes. (Freepik)

A pandemia do coronavírus vem afetando nossas vidas em vários aspectos físicos e emocionais. Mas pouca gente se dá conta de que um dente quebrado pode ser mais uma consequência desse mal-estar todo.

Os consultórios odontológicos observaram um aumento significativo dos casos de fratura de dentes nesse período, o que pode ter como causa o bruxismo, um problema funcional que atinge cerca de 40% das pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ou pelo menos 80 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Odontologia (ABO).

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O bruxismo é um distúrbio de movimento dos músculos da mastigação. Ele ocorre principalmente durante o sono. Trata-se de uma parafunção, ou seja, um transtorno involuntário e/ou inconsciente, que se manifesta pelo ranger ou apertar dos dentes

Flávia Machado
Ortodontista
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EFEITOS

Os efeitos disso podem ser leves ou graves. "As consequências mais comuns são os desgastes do esmalte dos dentes, podendo expor até mesmo a dentina, que é a camada do dente abaixo do esmalte. Em casos mais severos, pode ocorrer fraturas dentárias e dores na face, na região dos músculos da mastigação", diz a dentista.

De acordo com Flávia, o bruxismo ocorre, predominantemente, durante o sono. "Mas alguns indivíduos podem apertar os dentes durante o dia, em situações de estresse, ansiedade e até durante a prática de esportes."

Quem sofre disso costuma relatar uma sensação de boca travada, mandíbula dolorida, dor de cabeça e no pescoço, entre outros sintomas que surgem ao acordar.

A dentista Flávia Machado explica que o bruxismo pode ser transitório, no entanto, a especialista reforça que não se deve deixar de tratar.
A dentista Flávia Machado explica que o bruxismo pode ser transitório, no entanto, a especialista reforça que não se deve deixar de tratar. (Flávia Machado/Divulgação)

É uma tensão que pode rachar os dentes. "Quando ocorrem fraturas apenas na coroa dos dentes, a restauração protética pode resolver o problema. Quando a fratura acontece na raiz, na maioria dos casos o dente deverá ser extraído e substituído por um implante dentário", afirma a especialista.

Não é tão simples detectar o que causa isso. Mas já se sabe que há uma relação com questões emocionais que ficaram muito evidentes desde o aparecimento da Covid-19.

O bruxismo costuma ser mais recorrente em crianças dos 2 aos 4 anos e, nos jovens, acontece com frequência dos 10 aos 12 anos e aos 18 anos.
O bruxismo costuma ser mais recorrente em crianças dos 2 aos 4 anos e, nos jovens, acontece com frequência dos 10 aos 12 anos e aos 18 anos. (Freepik)

"As prováveis causas são bastante complexas. O estresse e a ansiedade parecem ser coadjuvantes, agravando ou perpetuando essa parafunção", destaca Flávia.

A ABO afirma que a causa do bruxismo também pode estar relacionada com problemas de dentição ou com fatores hereditários, já que pais que sofreram com a doença podem aumentar as chances de os filhos desenvolverem o mesmo distúrbio.

O mal pode afetar crianças, adolescentes e adultos. Costuma ser mais recorrente em crianças dos 2 aos 4 anos e, nos jovens, acontece com frequência dos 10 aos 12 anos e aos 18 anos. A explicação é que o bruxismo fisiológico acontece nessas fases em que crianças ou adolescentes passam por descobertas, adaptações, modificações e aprendizados.

O bruxismo também pode estar relacionado com problemas de dentição ou com fatores hereditários.
O bruxismo também pode estar relacionado com problemas de dentição ou com fatores hereditários. (Oswaldoruiz/Pixabay )

O bruxismo pode ser transitório. Mas Flávia Machado frisa que não se deve deixar de tratar. "O tratamento deve ser multidisciplinar, envolvendo ações médicas, odontológicas e até de fisioterapia."

Há casos que tiveram sucesso com aplicação de toxina botulínica, que, comprovadamente, já tem diversos usos para além do tratamento de rugas.

“FIQUEI ASSUTADA", DIZ PROFESSORA QUE PERDEU TRÊS DENTES

Esta deve ser a próxima aposta da professora de Redação e Literatura Marli Siqueira Leite, 57 anos. Ela já perdeu três dentes por causa do bruxismo somente durante a pandemia de coronavírus. “Eles trincaram no meio. Por isso, tive que tirar, fazer implante”, conta ela.

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Marli diagnosticou o distúrbio no início do ano passado. “Veio a pandemia e deixei rolar. Até que fraturei o primeiro dente. Meu problema é ranger e apertar. Fiquei assustada! Não tinha noção que isso poderia acontecer durante o sono, que é quando deveríamos estar relaxados, descansando. É uma violência enorme! Minha dentista disse que tem atendido muitos pacientes com bruxismo”, comenta a professora.

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