A possível volta do horário de verão tem gerado polêmica nos últimos dias. De um lado, os que amam ter um dia mais longo. Do outro, os que não suportam acordar e ainda estar escuro. Mas, para além do gosto pessoal, há algum benefício para a saúde em mudar o fuso horário?
Na opinião do clínico-geral Luciano Magno, depende. Ao adiantar uma hora no relógio, a rotina do dia também tem que ser adaptada e o corpo leva um tempo para se adequar aos novos horários, o que pode incomodar no começo.
"Vai depender da adaptação de cada pessoa ao novo horário. Pesquisas mostram que cerca de 25% das pessoas não se adaptam ao horário e podem sentir seu corpo mais pesado, fadiga e irritabilidade", diz.
Por outro lado, depois que o corpo está acostumado, essa hora extra no dia pode ser aproveitada com a prática de atividades físicas, passeios e outras atividades prazerosas, o que também traz benefícios. "Até mesmo em relação ao trabalho, dá para administrar e criar um horário mais estendido e flexível", comenta.
O médico chama a atenção, porém, que quando o assunto é impacto no corpo, essa mudança de horário mexe justamente com o relógio biológico. Por menor que pareça, a alteração desregula o ciclo de liberação de hormônios como a melatonina e o cortisol, o que pode prejudicar o sono e a rotina.
"Tem pessoas que não vão conseguir dormir, outras, não vão ter fome na hora do almoço, outras vão acordar sonolentas, porque precisariam de mais uma hora para dormir. Ao tirar uma hora de sono, isso faz com que o indivíduo coma uma hora mais cedo, durma uma hora mais cedo e isso provoca uma mudança na rotina do organismo de cada um. Quando se adianta um horário, como no início do horário de verão, o impacto na saúde é ainda maior", explica a pneumologista e médica do sono Jéssica Polese.
Os impactos dessa alteração no relógio podem se manifestar de maneiras diferentes. Enquanto algumas pessoas podem sofrer com insônia ou sono durante o dia, outras podem perder o apetite no horário do almoço, o que pode ocasionar em problemas gastrointestinais, irritabilidade e baixa concentração.
"Existe ainda a questão da mudança do horário em que o paciente toma as medicações. Às vezes ele é hipertenso e tem o hábito de tomar a medicação num certo horário, mudar esse horário com certeza vai afetar o organismo do indivíduo", completa a médica.
Ou seja, de acordo com a médica do sono, ainda que o gosto pessoal prevaleça, para analisar os benefícios do horário de verão no corpo é preciso também avaliar como a rotina fica durante este período.
"Se o indivíduo acorda mais cedo, e dorme mais cedo, tudo bem, porque mantém o número de horas por noite. O problema do horário de verão é que as pessoas querem fazer mais coisas, ficar acordadas até mais tarde. Então, se fica acordada até mais tarde e acorda no mesmo horário de antes, está perdendo horas de sono. E isso é prejudicial", explica.
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