A apresentadora Ana Maria Braga revelou no Fantástico sobre seu segundo diagnóstico de câncer, em 2001, e revelou que a doença foi proveniente do vírus do papilomavírus humano (HPV). À época da doença, a apresentadora enfrentou um tumor no ânus. “Quando eu consegui descobrir o que eu tinha, ele já estava adiantado. E aí eu tinha uma chance mínima de sobrevivência. Então, é muito assustador”.
Ana Maria reforçou a importância de não se estigmatizar pessoas infectadas por HPV, doença que tem a via sexual como principal forma de transmissão. “Você não tem que se sentir culpado porque você está com câncer. Você não tem culpa. Porque você é uma mulher sexualmente ativa. Você é mãe, não tem como ser mãe sem ser sexualmente ativa. Eu acho que a sexualidade tem que ser encarada da forma que ela é. É uma coisa natural, feita da natureza, porque senão a gente não estaria aqui”.
Um recente estudo da Fundação do Câncer revelou que mais de 4 mil mortes e cerca de 6 mil casos de câncer relacionados ao HPV no País poderiam ser evitados por meio da prevenção.
Transmitido pelo papilomavírus por meio do sexo sem proteção, o HPV é responsável por diversas doenças sexualmente transmissíveis, inclusive neoplasias.
A médica oncologista Virgínia Altoé Sessa explicou que esse vírus pode contribuir para o desenvolvimento de diversos tumores malignos em homens e mulheres.
“O papilomavírus humano é um dos principais fatores de risco para o câncer de colo de útero, o terceiro mais comum entre as mulheres, mas também pode contribuir para o desenvolvimento de tumores malignos no ânus, pênis, vagina, vulva e na região da cabeça e pescoço, como garganta e laringe em razão do sexo oral sem proteção”, esclareceu a especialista.
O câncer anal é caracterizado pela presença de tumores no canal anal e nas bordas externas do ânus. É mais comum em mulheres. E segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), é um câncer raro e representa entre 1% e 2% dos tumores colorretais.
De acordo com o oncologista Fernando Zamprogno, da Rede Meridional, o câncer do canal anal está relacionado em mais 95% das vezes com a infecção pelo HPV. Estudos mostram que o subtipo HPV-16, principalmente, provoca boa parte dos carcinomas de células escamosas anais. "É uma doença sexualmente transmissível. Outras possíveis causas são o tabagismo, a prática de sexo anal, fístula anal crônica, a má higiene na região e a irritação anal crônica".
O médico explica que outras doenças sexualmente transmissíveis podem provocar outros tipos de câncer. "O HIV, por exemplo, provoca o sarcoma de Kaposi, que é um tipo de câncer e pode provocar também linfoma, que é outro tipo de câncer. E o vírus da hepatite B, pode provocar o carcinoma hepatocelular", diz o médico.
Ainda que alguns casos não provoquem sintomas, aproximadamente 50% dos pacientes com câncer do canal anal apresentam sangramento ao evacuar. Zamprogno enfatiza que o paciente pode não ter nenhum sintoma, mas, pode ocorrer de sentir um caroço duro na região do ânus, dor no local, sangramento quando evacua. “Todo sangramento ao evacuar precisa ser investigado. A pessoa deve procurar o médico para avaliar”.
O diagnóstico é feito por meio de uma biópsia. Em alguns casos, também pode ser solicitado o exame de ressonância magnética, que ajuda identificar a extensão do tumor e definir qual o melhor método de tratamento.
O especialista afirma que este tipo de câncer é altamente curável e na maioria das vezes, não envolve cirurgia, a indicação é combinar radioterapia com quimioterapia. E quanto mais cedo o câncer for identificado, maior é a chance de cura.
Entre as recomendações para a prevenção estão: ter relação sexual protegida, com camisinha; se alimentar de forma saudável; praticar atividade física; se for fumante, abandonar o cigarro.
Uma das medidas mais eficazes para prevenir a infecção pelo vírus é a vacinação. O imunizante contra o HPV é disponibilizado gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos e meninas de 9 a 14 anos, adultos imunossuprimidos (com HIV, câncer ou transplantados) de até 45 anos, e vítimas de abuso sexual.
“Infelizmente, a adesão ainda é baixa porque nem todos sabem dos benefícios dessa vacina. Pelo fato de ser transmitido pela relação sexual, o assunto muitas vezes vira um tabu nas famílias e na escola, mas é uma forma eficaz de evitar que as crianças de hoje desenvolvam uma neoplasia maligna ocasionada pelo HPV no futuro. Além do imunizante, é preciso também que os adultos priorizem com mais seriedade o sexo com proteção”, alertou a oncologista Virgínia Altoé Sessa.
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