Muita gente ainda tem aquela imagem de um idoso usando a dentadura. Foi algo que ficou no imaginário popular, aparecendo em filmes, novelas, até em piadas (de mau gosto). Mas os tempos são outros. E um idoso que seja totalmente sem dentes é algo cada vez mais incomum de se ver.
Quando se fala em saúde bucal na terceira idade, precisamos deixar de lado vários mitos, entre eles o da dentadura, como destaca a dentista Luciane Alves, que atua na Aracê Casa de Vivência, em Jardim Camburi, em Vitória.
"Não é mais verdade que todo idoso um dia usará dentadura. Com o avanço dos tratamentos odontológicos e de orientações a esses cuidados, hoje é possível chegar à terceira idade com todos ou maior parte dos elementos dentários naturais e em função", diz ela.
A ortodontista Flávia Machado concorda. "É perfeitamente possível envelhecer com todos os dentes, desde que haja cuidados preventivos e de manutenção da saúde bucal. A geração que hoje tem entre 80 e 90 anos, infelizmente, não teve acesso a essa cultura e muitos, de fato, usam dentaduras ou próteses parciais. Já os indivíduos entre 60 e 75 anos, que puderam receber cuidados odontológicos, apesar de ainda fora de uma visão mais preventiva, já vivem a realidade de envelhecer com seus próprios dentes, mesmo que tenham passado por intervenções como tratamentos de canal, coroas dentárias, implantes, entre outros", observa Flávia.
Como dona Vera da Silva, de 76 anos, que é uma das residentes na Aracê. Lá, com todas as consultas de rotina em dia, ela consegue estampar um sorrisão intacto. Nunca precisou arrancar um dente!
Segundo Luciane, entre os principais problemas que afetam a saúde bucal do idoso está a xerostomia, que é a boca seca. "Ela ocorre geralmente pela diminuição natural da saliva e pelo uso de medicamentos", explica.
É algo, diz ela, que não precisa gerar sofrimento. "O dentista poderá recomendar métodos para manter a boca mais úmida."
Além disso, outras questões que podem surgir são cáries, lesões de boca, gengivites, periodontites, sensibilidade dentinária e dificuldade de higienização tanto dos dentes quanto das próteses dentárias.
Não é porque a idade está avançada que se deve deixar de lado as consultas odontológicas de rotina. "As consultas odontológicas devem ser seguidas de acordo com as orientações do seu dentista. Há casos que ocorrem de três em três meses, mas podem ser também preconizadas a cada seis meses. Cada caso será avaliado de acordo com os sintomas apresentados", aponta Luciane.
Flávia afirma que, após os 60 anos, os cuidados devem se voltar, principalmente, para a saúde periodontal, que envolve atenção à gengiva e ao osso que sustenta os dentes, chamado de osso alveolar.
"Certamente, a principal dica para que o idoso melhore sua saúde bucal é que faça consultas frequentes ao dentista para que haja um bom controle periodontal, da gengiva e do osso de sustentação, além da avaliação periódica das restaurações ou próteses presentes, exame das mucosas da boca e também a avaliação da qualidade do sono", frisa.
Mesmo os mais velhos podem ter sorrisos perfeitos. Não à toa, vemos cada vez mais idosos usando aparelhos ortodônticos. "Muitos pacientes que hoje têm entre 60 e 70 anos estão em plena atividade produtiva, social e amorosa. E por que não estar só com a saúde bucal em dia, mas também confiante e confortável com seu próprio sorriso? Manter a autoestima em dia e a alegria de sorrir sem restrições é extremamente saudável, inclusive na chamada terceira idade", comenta Flávia Machado.
De acordo com Luciane, há alguns vilões que podem prejudicar o sorriso com o avançar da idade. "O açúcar é um dos principais inimigos em qualquer idade. Na terceira idade, porém, com a diminuição da saliva, esse pode ser ainda um inimigo mais perigoso. Outro problema é a perda da coordenação motora, dificultando uma higienização eficaz", finaliza.
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