O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), de 83 anos, está tratando desde julho um linfoma não-Hodgkin, tipo de câncer que afeta as células do sistema linfático. O deputado estadual recebeu o diagnóstico em julho deste ano. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (28) pela colunista Mônica Bergamo, da “Folha de S. Paulo”.
A doença, considerada rara e agressiva, foi descoberta logo no início, o que melhora o prognóstico do tratamento. Suplicy está realizando imunoquimioterapia, combinando medicamentos endovenosos tradicionais com drogas que estimulam o sistema imunológico a atacar às células cancerígenas.
Os linfomas podem ser classificados como Hodgkin, mais raro e que afeta em especial jovens entre 15 e 25 anos e, em menor escala, adultos na faixa etária de 50 a 60 anos, ou não-Hodgkin, cujo grupo de risco é composto por pessoas na terceira idade (mais de 60 anos), como é o caso de Suplicy.
Para Mariana Oliveira, onco-hematologista da Oncoclínicas São Paulo, apesar de não haver prevenção por desconhecimento do que leva ao surgimento da neoplasia, a chave para deter a evolução progressiva do tumor é o conhecimento. "A boa notícia é o fato de os linfomas terem alto potencial curativo. O diagnóstico precoce é fundamental para alcançar o êxito no processo terapêutico, por isso o esclarecimento à população é essencial".
Os linfomas não-Hodgkin são cânceres que se originam de células de defesa chamadas linfócitos. "São mais de 20 tipos diferentes com comportamentos variados, desde formas chamadas indolentes em que os sintomas se desenvolvem lentamente até formas muito agressivas com rápido aparecimento de sintomas", explica o hematologista Wesley Scherrer Lemgruber, da Oncoclínicas Espírito Santo.
Os sintomas podem variar de acordo com o tipo de linfoma. De um modo geral, eles estão relacionados ao aumento dos linfonodos pelo corpo e ao surgimento de ínguas aumentadas no pescoço, na axila e na região da virilha, principalmente. "Essas línguas têm crescimento progressivo ao longo de mais de quatro semanas e tendem a ser endurecidas e indolores", diz o hematologista Douglas Covre Stocco.
Além disso, a presença de febre, perda de peso e sudorese, aumento de fígado e baço, presença de alterações no hemograma como redução de plaquetas, aumento do número de células de defesa e anemia podem ser sinais. "A perda de peso de mais de 10% do peso corporal em menos de seis meses, sem a realização de uma dieta também é um sinal. Alguns outros sintomas podem acontecer como coceira e lesão de pele, mas vão depender do tipo de linfoma", diz Douglas Covre Stocco.
Wesley Scherrer Lemgruber conta que a diferença entre os dois tipos principais de linfomas (de Hodgkin e não Hodgkin) está na célula que origina o tumor. "A diferenciação será feita com base no resultado da biópsia tendo em vista que as manifestações clínicas podem ser bastante semelhantes".
A hematologista Melissa Bosi diz que a estratégia de tratamento dependerá do tipo do câncer não Hodgkin. "A maioria é tratada com quimioterapia em associação a imunoterapia com anticorpos monoclonais e, algumas vezes, com radioterapia".
A quimioterapia geralmente utiliza a combinação de várias drogas, administradas por via oral ou intravenosa. Na imunoterapia faz-se uso de medicamentos contra alvos específicos nas células do linfoma (CD20, CD30).
A radioterapia, por sua vez, utiliza a radiação para erradicar ou reduzir a carga tumoral em locais específicos, para aliviar sintomas ou para reforçar o tratamento quimioterápico, diminuindo o risco de volta da doença.
"Em casos especiais, quimioterapia em altas doses e transplante de células da medula óssea ou do sangue são necessários para a cura do paciente. Terapia celular com Linfócitos T do próprio paciente (células CAR-T) geneticamente modificadas também podem ser utilizadas em caso de recidivas", explica a médica.
Na última década, o termo Linfoma ganhou as manchetes após uma série de personalidades famosas revelarem o diagnóstico da doença. E não é à toa que ouvir falar sobre esse tipo de câncer está mais comum: no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2023-2025 sejam diagnosticados 12.040 de linfoma não Hodgking e 3.080 casos de linfoma de Hogdking. E, segundo a entidade, por motivos ainda desconhecidos, o número duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos.
De acordo com uma pesquisa feita pelo Observatório de Oncologia, entre 2008 e 2017, foi mostrado que o linfoma costuma ser diagnosticado tardiamente no Brasil. Cerca de 58% dos pacientes descobrem a doença em estágio avançado e 60% dos homens e 57% das mulheres têm um diagnóstico tardio.
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