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Lipedema: veja quais são os principais sinais e como é o tratamento

Lipedema: veja quais são os principais sinais e como é o tratamento

Confundido com obesidade, a condição inflamatória pode limitar movimentos e causar danos psicológicos

Publicado em 10 de novembro de 2023 às 18:09

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Lipedema
O lipedema é uma doença crônica que se caracteriza pelo depósito desproporcional de gordura nas pernas e braços, e ocasiona dores nos membros afetados. (Freepik)

O lipedema é uma doença crônica que se caracteriza pelo depósito desproporcional de gordura nas pernas e braços, e ocasiona dores nos membros afetados. A condição crônica ainda tem um diagnóstico desafiador.

Nessa semana, a influenciadora Luana Andrade, morreu devido a uma embolia pulmonar ocorrida durante um procedimento de lipoaspiração, que foi realizado por conta de um quadro de lipedema.

Reconhecida em 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com uma Classificação Internacional de Doenças (CID), a enfermidade é uma condição inflamatória crônica com origens genéticas e desencadeada por fatores hormonais, como a primeira menstruação, gravidez e a menopausa.

“Uma das principais características da doença é o acúmulo anormal de gordura em regiões específicas do corpo, como pernas, braços, joelhos e coxas, como se a mulher tivesse dois corpos em um”, explica a endocrinologista Lusanere Cruz, do Instituto Lipelife.

Estima-se que uma em cada dez mulheres tenha a doença no mundo, convivem provavelmente com o lipedema e não sabem, segundo dados da Sociedad Española de Medicina Estética (SEME). O lipedema, ainda hoje, é um problema pouco conhecido pela população e até mesmo pelos médicos, o que atrapalha o diagnóstico e tratamento.

“Frequentemente, a paciente com lipedema passa a vida como uma ‘falsa magra’, isto é, magra da cintura para cima, mas com pernas grossas. Muitas vezes, acredita que esse é o padrão de corpo familiar, já que o lipedema realmente pode afetar várias mulheres da família, então não pensa que pode ser um problema”, explica a cirurgiã vascular Aline Lamaita. A crença de que se trata de um quadro de celulite, obesidade ou então retenção de líquido é outro motivo que leva pacientes a demorarem para buscar auxílio médico.

A endocrinologista Lusanere Cruz destaca que o diagnóstico é clínico, realizado por meio do histórico de saúde da paciente e do exame físico.

Lusanere Cruz
Lusanere Cruz destaca que o diagnóstico é clínico, realizado por meio do histórico de saúde da paciente e do exame físico. (Divulgação Família Travezani)
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Embora outros exames possam ser solicitados para auxiliar na avaliação da gravidade e do grau de inflamação, como ecodoppler, DEXA (avaliação corporal completa), ressonância e bioimpedância. No entanto, o diagnóstico clínico é fundamental

Lusanere Cruz
Endocrinologista
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CLASSIFICAÇÃO DO LIPEDEMA 

Segundo o cirurgião vascular Mauro de Andrade, da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), a doença evolui em cinco estágios, iniciando pela região pélvica, quadris, nádegas, coxas e pernas, com possibilidade de acometer o sistema linfático. “Não é muito claro o mecanismo exato desta lesão linfática. Também, devido ao mau funcionamento da musculatura da perna, pela restrição física provocada pelo lipedema, o sistema venoso dos membros inferiores também pode apresentar função inadequada”. 

O lipedema pode ser classificado em cinco tipos diferentes, dependendo da localização:

A doença também é classificada em quatro estágios, considerando a gravidade da condição. São eles:

TRATAMENTO

O tratamento do lipedema é dividido em dois pilares principais: o conservador e o cirúrgico. O primeiro inclui uma dieta balanceada e personalizada, com a exclusão de alimentos inflamatórios. A nutricionista Thamires Pralon Favato destaca que o consumo de alimentos ultraprocessados, frituras e com alto teor de açúcar e sódio pode agravar os sintomas do lipedema.

Outras abordagens do tratamento conservador incluem atividades físicas de baixo impacto, especialmente atividades aquáticas, drenagem linfática manual, terapia compressiva, eletroterapia, pilates e orientação sobre o uso adequado de meias de compressão, todas sob a supervisão de especialistas.

“A fisioterapia auxilia na redução do processo inflamatório, reabilitando o sistema linfático. Controla a dor, atuando nas alterações articulares e biomecânica, que muitas pacientes apresentam em decorrência da frouxidão ligamentar e sobrecarga das articulações, o que pode até dificultar o caminhar e as atividades do dia a dia”, explica a fisioterapeuta Larissa Musso.

Além disso, o acompanhamento com o angiologista e cirurgião vascular é essencial, pois pode haver comprometimento do sistema venoso concomitante à doença, bem como do sistema linfático.

O tratamento cirúrgico é indicado quando não há uma resposta completa ao tratamento conservador, há comprometimento da mobilidade da paciente e para evitar a progressão dos sintomas para estágios mais graves. A cirurgiã plástica Patricia Lyra explica que o procedimento cirúrgico pode ser realizado em etapas, com intervalos de meses entre elas, e utiliza um laser para torná-lo menos invasivo, facilitando a lipoaspiração em áreas com fibroses e retrações.

Saiba como identificar os sintomas:

Por não haver cura, o tratamento é feito visando aliviar os sintomas, evitar agravamentos e trazer mais qualidade de vida. Uma das recomendações é o uso das meias de compressão. “Parte dos pacientes reluta em utilizá-las por experiências prévias malsucedidas devido a prescrições inadequadas”, diz Mauro Andrade.

O médico explica que as meias normalmente usadas para o tratamento de edemas de membros inferiores (em doenças venosas não avançadas, por exemplo) são meias tecidas com malhas circulares. "Em pacientes com lipedema, o uso recomendado – aliado ao acompanhamento médico – é de meias elásticas com baixo estiramento (menor elasticidade), obtidas quando o material da fabricação é a malha plana. É um tipo de tecido menos extensível, mais robusto, confortável e se adapta melhor ao formato do membro afetado”, esclarece Mauro Andrade.

Como o paciente viverá com a condição pelo resto da vida, o acompanhamento médico é fundamental. Ele é realizado de forma multidisciplinar, ou seja, com profissionais de diferentes áreas, sendo os mais comuns os cirurgiões vasculares, dermatologistas, fisioterapeutas e nutricionistas.

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