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Mpox: entenda como a doença pode afetar a visão

Mpox: entenda como a doença pode afetar a visão

Artigo brasileiro publicado no periódico Jama Ophthalmology relatou o primeiro caso de mpox com inflamação ocular grave, comprometendo a córnea e a úvea

Publicado em 21 de agosto de 2024 às 16:51

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Mpox
A doença é caracterizada pelas lesões na pele, mucosas e órgãos internos. (Shutterstock)
Errata Atualização
26 de agosto de 2024 às 16:16

O estudo, onde é detalhado como o vírus da mpox pode persistir no olho, mesmo após a resolução de sintomas sistêmicos, foi desenvolvido pela médica Luciana Peixoto Finamor com a Oftalmologia da Escola Paulista e o Instituto de Moléstias Tropicais (IMT). 

mpox é uma doença infecciosa causada por um vírus da família do vírus da varíola (já erradicada). A transmissão ocorre por meio do contato com pessoas infectadas ou materiais contaminados pelo vírus. "Trata-se de um vírus transmitido por contato íntimo com um animal ou pessoa infectada, também pode ocorrer a partir do contato com superfícies contaminadas. A transmissão maior ocorre a partir do contato com secreções respiratórias", explica o infectologista Luis Henrique Barbosa.

A doença é caracterizada pelas lesões na pele, mucosas e órgãos internos. O médico explica que as lesões de pele surgem após 1 a 5 dias de febre, que segue dando origem a elas. "Iniciam como manchas altas e evoluem para vesículas com conteúdo líquido claro em seu interior. Estas lesões se localizam nas extremidades do corpo como face, braços, pernas e órgãos genitais. Também podem surgir na boca".

Um artigo brasileiro publicado no periódico Jama Ophthalmology relatou o primeiro caso de mpox com inflamação ocular grave, comprometendo a córnea e a úvea, nome dado à camada média do olho que inclui estruturas como a íris. O estudo, onde é detalhado como o vírus da mpox pode persistir no olho, mesmo após a resolução de sintomas sistêmicos, foi desenvolvido pela médica Luciana Finamor com a Oftalmologia da Escola Paulista e o Instituto de Moléstias Tropicais (IMT). Atualmente, a equipe acompanha dez casos em São Paulo. 

A oftalmologista Klicia Molina Guiarizatto da Fonseca, do Hospital de Olhos Vitória, explica que os sinais de problemas oculares aparecem depois que as feridas de pele já estão parcial ou totalmente cicatrizadas, cerca de 15 a 40 dias após o início dos sintomas mais comuns da mpox. “Começa como uma irritação no olho, que pode ficar avermelhado, lacrimejante, com forte sensibilidade à luz e sensação de areia por trás da pálpebra, podendo evoluir até para a perda da visão”.

Uma das hipóteses para o vírus atingir os olhos é a autoinoculação, causada pelos próprios pacientes, que transmitem o vírus ao olho por coçarem as feridas e depois levarem a mão ao rosto. Por isso, é preciso redobrar os cuidados com a higiene das mãos para prevenir o contágio.

Outra possibilidade, segundo a oftalmologista, é que, por ser um órgão imunoprivilegiado, o olho permite que o vírus fique "escondido" até causar um quadro inflamatório crônico impossível de combater apenas com os anticorpos naturais. “O olho tem um mecanismo de defesa que impede a chegada de anticorpos na região. Muitos microrganismos têm o órgão como uma forma de reservatório, ficando muitas vezes escondidos no local, pois ali o anticorpo não chega”, explica Klicia.

Entenda como é o tratamento

A agilidade é fundamental para que os casos não evoluam. O tratamento deve ser feito com tecovirimat, único remédio aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratamento da varíola dos macacos. Após o início do tratamento correto, a recuperação do paciente é rápida, com melhora a partir do terceiro dia e regressão da inflamação a partir do quarto ou quinto dia.

A médica alerta que, no entanto, se não tratadas corretamente, as cicatrizes formadas na córnea podem levar a lesões graves e até a perda da visão. “A inoculação do vírus nos olhos é capaz persistir por até dois meses, gerando uma reação inflamatória que pode prejudicar seriamente a visão. Somado ao uso de medicação incorreta, já temos relatos de pacientes com cegueira e que vão precisar de transplante de córnea”, pontua.

Além do prejuízo à visão, existe uma comunicação muito próxima do olho com o sistema nervoso central, com o vírus tendo potencial de causar uma dor neuropática. “Precisamos chamar atenção da população para estarem atentos e, caso tenham a doença e apresentem alguma irritação nos olhos, informar ao oftalmologista para que o tratamento adequado seja feito o quanto antes”, recomenda a médica.

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