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Naiara Azevedo: é possível engravidar na menopausa precoce?

Naiara Azevedo: é possível engravidar na menopausa precoce?

A cantora desabafou sobre o fato da menopausa precoce atrapalhar as chances de gravidez natural

Publicado em 1 de abril de 2025 às 15:41

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Naiara Azevedo
Naiara Azevedo desabafou sobre o fato da menopausa precoce atrapalhar as chances de gravidez natural. (Reprodução @Naiaraazevedo)

Em vídeo publicado no Instagram, a cantora Naiara Azevedo compartilhou que, aos 28 anos, foi diagnosticada com menopausa. “Parecia que estava tudo descompensado e acontecia ao mesmo tempo. Fui indicado a um ginecologista que depois de fazer uma investigação me diagnosticou com menopausa precoce”, disse a cantora.

A famosa também desabafou sobre o fato da menopausa precoce atrapalhar as chances de gravidez natural. “Uma coisa que me incomodou foi o fato de não poder ter filhos de forma natural. Em determinado momento, me senti menos mulher, eu sempre tive o sonho de ser mãe. Eu converso muito com meu ginecologista e ele me tranquilizou de que, com um tratamento bem feito, talvez eu posso ter um filho de forma natural. Ou também posso ter filho com óvulo doador porque meu útero está preservado”, disse.

Segundo o ginecologista Igor Padovesi, a menopausa precoce é caracterizada pelo fim da função dos ovários de produção dos principais hormônios femininos antes da média de tempo. "A faixa normal da menopausa é dos 45 aos 55 anos. Quando acontece antes dos 40 anos, chamamos de prematura. Já quando ocorre entre 40 e 45 anos é definida como menopausa precoce", explica o médico. E, assim como aconteceu com Naiara, uma das grandes preocupações entre as mulheres que enfrentam esse quadro é com relação as possibilidades de gravidez.

Hoje, graças aos avanços na Medicina e nas técnicas de reprodução humana, uma mulher que já alcançou a menopausa pode engravidar e ter filhos saudáveis. "Isso é possível por meio de uma Fertilização In Vitro (FIV), realizada com óvulos que podem ser obtidos de duas formas: ovorecepção ou congelamento prévio”, explica o ginecologista Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana da clínica Mater Prime. 

Por exemplo, caso a mulher alcance a menopausa e tenha realizado o congelamento de óvulos previamente, essa é uma possibilidade para alcançar a gestação mesmo após o fim da capacidade reprodutiva, segundo Rodrigo. Porém, mesmo sem ter congelado óvulos previamente, a mulher ainda pode engravidar por meio da ovorecepção, que consiste no uso de óvulos doados para a realização da Fertilização In Vitro. “Os óvulos são obtidos em bancos de maneira totalmente anônima. E o fato de serem doados não reduz, de maneira alguma, o papel da receptora como mãe, afinal, é ela quem garantirá que a criança cresça feliz e saudável”, acrescenta o médico.

Seja obtido por meio de doação ou congelamento prévio, o óvulo é fertilizado em laboratório com o sêmen, que pode ser do parceiro ou doado, para formação do embrião. Em seguida, no caso de mulheres menopausadas, há uma etapa adicional antes da transferência desse embrião para o útero. “Para preparar o útero para receber o embrião, é preciso realizar um período de estímulo hormonal. Isso porque como a mulher na menopausa não tem ciclos menstruais, o útero entra em um processo de atrofia e o endométrio não está pronto para a implantação do embrião. Então, os hormônios são necessários”, detalha Rodrigo. Por meio de ultrassonografias, a resposta endometrial é avaliada e, quando a análise é positiva, a transferência do embrião é enfim realizada. “Cerca de duas semanas após a transferência já podemos realizar exames para confirmar a gravidez."

Rodrigo Rosa ressalta que mesmo após a confirmação da gravidez é importante que a mulher siga com o acompanhamento médico durante a gravidez e realize o pré-natal da maneira adequada, pois trata-se de uma gestação de risco. “Na gestação durante a menopausa há um maior risco de complicações como pressão alta, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, parto prematuro e doenças cardiovasculares, incluindo infartos e tromboses”, diz o médico.

Por esses motivos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda que as técnicas de reprodução assistida, incluindo a FIV com ou sem ovodoação, sejam realizadas até, no máximo, os 50 anos. “Isso não quer dizer, porém, que o procedimento não possa ser realizado em mulheres mais velhas. No entanto, exige um acompanhamento mais próximo. Com os devidos cuidados, é perfeitamente possível que a gravidez se desenvolva sem complicações e de maneira segura para a mãe e para o bebê. Mas, claro, cada caso deve ser avaliado individualmente”, finaliza.

Reserva ovariana

A endocrinologista Alessandra Rascovski, da Atma Soma, ressalta a importância de monitorar os hormônios desde cedo. “Flutuações hormonais podem comprometer o sonho da maternidade, além dos reflexos que a própria menopausa pode causar, como o impacto na saúde dos ossos e aumento do risco de doenças cardiovasculares”.

Em relação ao desejo de aumentar a família, a médica enfatiza a necessidade do acompanhamento da reserva ovariana, que pode ser avaliada por meio do exame do hormônio antimulleriano (AMH) - produzido pelos folículos ovarianos . “Embora útil para estimar a quantidade de folículos antrais, o AMH não deve ser interpretado de forma isolada, pois não avalia a qualidade dos óvulos nem prediz com precisão a fertilidade futura”, explica.

Já o FSH (hormônio folículo-estimulante) pode apresentar níveis elevados durante a fase folicular. “Isso significa que um resultado isolado não é suficiente para confirmar o diagnóstico de menopausa”.

Usualmente, a determinação clínica desse período é baseada na ausência de menstruação por 12 meses consecutivos (amenorreia). No entanto, muitas mulheres utilizam o DIU hormonal, “o que pode suprimir o sangramento menstrual e dificultar a avaliação apenas com base no fluxo menstrual”, avalia Alessandra.

Ao detectar precocemente a queda da atividade ovariana, os médicos recomendam o congelamento de óvulos. Contudo, segundo a especialista, essa decisão não deve ser baseada exclusivamente no hormônio antimulleriano. “É essencial considerar outros fatores, como a idade da paciente, a qualidade dos óvulos e o contexto clínico individual. Um AMH baixo não significa infertilidade imediata, assim como um AMH alto não garante fertilidade”.

A interpretação dos exames hormonais durante a transição menopausal pode ser desafiadora, especialmente devido às variações significativas que ocorrem ao longo do ciclo menstrual. “Por isso, é fundamental que sejam avaliados os resultados, histórico clínico e familiar, e sintomas apresentados pela paciente, garantindo um acompanhamento mais preciso e individualizado”, conclui Alessandra Rascovski.

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