O câncer de mama é um dos mais comuns em mulheres no Brasil, embora ele também possa aparecer em homens. “O câncer de mama é causado quando as células da mama sofrem mutações que as fazem se multiplicar de maneira anormal, formando um tumor. Existem diversos tipos de câncer de mama que variam de intensidade, e por conta de fatores genéticos, a doença evoluirá de formas diferentes” explica o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia e pesquisador honorário da Universidade de Oxford (Inglaterra). Recentemente, um estudo com um novo medicamento, o anticorpo Trastuzumab Deruxtecan, mostrou que pacientes com câncer de mama HER2-positivo podem ter melhor sobrevida.
A medicina moderna divide o câncer de mama em diferentes tipos conforme as características biológicas. Segundo o médico, 50% dos pacientes com câncer de mama avançado e o marcador tecidual HER2 sofrerão de metástases cerebrais, que não foram possíveis de tratar com sucesso com medicamentos até agora, pois a barreira hematoencefálica frequentemente impede que substâncias ativas penetrem no cérebro.
Novos medicamentos são, portanto, urgentemente necessários. “Quando a metástase cerebral acontece, os pacientes têm poucas chances de sobreviver nos próximos anos com as terapias existentes, como cirurgia e radioterapia. Mas o novo medicamento, testado na fase 3, está apresentando bons resultados”, diz o médico oncologista.
A substância ativa em questão é um conjugado anticorpo-droga (ADC), unindo o anticorpo Trastuzumab que, uma vez injetado no corpo, acopla-se precisamente à proteína HER2, ao ingrediente ativo deruxtecan, que tem a função de matar células cancerígenas. “Esse ingrediente é ativo no tecido tumoral e dificilmente em qualquer outro lugar no resto do corpo. Essa seletividade é importante para não lesar células que não estão comprometidas”, explica o médico.
Para determinar o benefício do conjugado anticorpo-droga para câncer de mama HER2-positivo, os investigadores fizeram o estudo DESTINY-Breast12, com mais de 500 pacientes com e sem metástases cerebrais, de 78 centros de câncer na Europa Ocidental, Japão, Austrália e Estados Unidos.
“Os resultados mostraram que, em média, os pacientes - mesmo aqueles com metástases cerebrais - sobreviveram mais de 17 meses sem qualquer progressão do câncer. Mais de 60% dos pacientes sobreviveram 12 meses com estabilização do tumor. Os pesquisadores detectaram regressão das metástases cerebrais em mais de 70% dos participantes e 90% de todos os pacientes estavam vivos um ano após o início do tratamento”, diz o médico. "Essas descobertas oferecem esperança aos pacientes com metástases cerebrais em particular", diz. O medicamento já está aprovado para uso na prática padrão, inclusive no Brasil.
No geral, o oncologista explica que esse conjugado tem "grande potencial para o tratamento do câncer de mama", já que outros estudos também estão em andamento com bons resultados.
Ramon ressalta que, embora muitos casos de câncer de mama estejam associados a fatores genéticos e hereditários, o estilo de vida e a alimentação desempenham um importante papel na saúde do corpo e podem aumentar ou diminuir sua suscetibilidade. “Medidas que podem ajudar a prevenir o câncer de mama, baseado em importantes estudos científicos, incluem: dieta balanceada, rica em frutas e vegetais e evitando alimentos pró-inflamatórios como frituras e gorduras trans; evitar sobrepeso, já que a obesidade está relacionada ao aumento do risco de vários cânceres, incluindo o de mama; atividades físicas regulares, pelo menos 1 hora, três dias por semana; evitar ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e não fumar. Visitar regularmente o ginecologista e realizar a mamografia periodicamente segundo a orientação do médico também são atitudes importantes de prevenção”, finaliza.
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