Novas tecnologias têm ajudado a salvar vidas. E neste ano acaba de chegar ao Brasil o robô Mazor, tecnologia que revoluciona a maneira de realizar cirurgias da coluna por meio da cirurgia robótica minimamente invasiva.
A novidade foi apresentada durante o Mind 360, em São Paulo, no fim de março, e reuniu 150 médicos do Brasil e América Latina que debateram inovações na cirurgia robótica, oncológica, bariátrica e metabólica. O #SeCuida esteve no evento e conheceu o lançamento.
A cirurgia vai contar com a assistência de um robô, equipado como um cirurgião. Com a ajuda de um software, o médico planeja o procedimento cirúrgico na estação de trabalho do robô, no ambiente intraoperatório ou de maneira pré-operatória em seu computador pessoal.
O médico Alexandre Fogaça, especialista em Cirurgia de Coluna e professor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do HC-FMUSP, explica que o próprio sistema analisa e combina imagens radiográficas pré-cirúrgicas e intraoperatória dos diferentes planos anatômicos do paciente, permitindo ampla visibilidade da coluna vertebral do paciente e garantindo previsibilidade ao procedimento. "Em seguida, o mesmo software guia o braço robótico conforme a estratégia médica previamente definida pelo cirurgião, promovendo uma abordagem com alta precisão segundo o plano pré-definido".
A plataforma tridimensional Mazor permite que os cirurgiões visualizem rapidamente a anatomia e as estruturas da coluna vertebral em relação umas às outras. Isso fornece aos cirurgiões acesso para planejar e simular estruturas espinhais e parafusos com antecedência, com o objetivo de aumentar a eficiência e a precisão cirúrgica. A cirurgia é realizada normalmente, mas na hora de colocar os implantes, primeiro obtemos uma imagem 3D da coluna.
Com todos esses recursos, são reduzidas as chances de complicações e a recuperação do paciente no pós-operatório é mais rápida, levando a um menor tempo de internação. "As cirurgias com navegação e robótica podem ajudar em muito a diminuição de complicações relacionadas ao mau posicionamento de implantes. Esta nova tecnologia ajuda também em cirurgias bastante delicadas que envolvem osteotomias vertebrais, aumentando a precisão dos procedimentos".
Também pode auxiliar em cirurgias minimamente invasivas com menores incisões e dano tecidual. "Já há vasta literatura mostrando o aumento da acurácia no posicionamento de implantes em cirurgias de coluna com diminuição das taxas de cirurgias de revisão, principalmente, em cirurgias de deformidade da coluna", explica o Alexandre Fogaça.
O uso do novo robô é indicado para tratar doenças da coluna vertebral que não respondem a terapias conservadoras e que requerem controle e intervenção, pois afetam a saúde e a qualidade de vida do paciente. É indicado para deformidades da coluna, como a escoliose, doenças degenerativas dos discos, como as hérnias de disco, e traumatismos, como as fraturas.
Uma das vantagens do uso do robô e a possibilidade de fazer um planejamento apurado, trazendo maior segurança e eficácia para o trabalho da equipe médica responsável. "O uso do robô diferencia-se pela alta precisão em procedimentos de reconstrução da coluna vertebral e a capacidade de visualização da progressão dos implantes em tempo real com a navegação integrada. Com todos esses recursos, são reduzidas as chances de complicações e a recuperação do paciente no pós-operatório é mais rápida, levando a um menor tempo de internação", comenta o cirurgião.
A previsibilidade na colocação de implantes é de 98,7% sem desvios, conforme os estudos realizados.
Até hoje, já foram realizadas 14 mil cirurgias com o robô, que já está em uso em países, como Estados Unidos, Canadá, Chile, Porto Rico, países da Europa, Japão, China e Índia. No Brasil, por enquanto, o Mazor está disponível apenas num hospital particular de São Paulo. O médico explica o desafio de fazer as cirurgias robóticas, que continuam restritas aos hospitais privados, chegarem ao Sistema Único de Saúde (SUS).
"No Brasil esta tecnologia é nova. Já temos estes equipamentos em poucos hospitais privados, mas em alguns deles temos conseguido utilizar esta tecnologia inclusive nas cirurgias do SUS. Um dos desafios é a necessidade de técnicos bem treinados. Outro problema é o custo elevado desta tecnologia para a realidade brasileira", finaliza Alexandre Fogaça.
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