A cantora Preta Gil, de 50 anos, revelou que vai usar uma bolsa de colostomia definitiva após a última cirurgia que ela realizou para tratar o câncer. Em janeiro de 2023, a cantora foi diagnosticada com a doença no intestino. Ela afirmou para os seguidores que está se acostumando com uma nova realidade, a de usar uma bolsa de colostomia, agora de maneira definitiva.
"Tudo só melhora, mas é difícil. É um reaprender a fazer muitas coisas. Estou me acostumando com a minha bolsinha de colostomia. Sim, eu precisei colocar uma bolsa de colostomia novamente. Desta vez, definitiva, e não provisória como foi a do ano passado.. Agora vou ficar para sempre com essa bolsinha, e sou muito grata a ela por isso. Estou me adaptando"'.
A cirurgiã oncológica Ana Luiza Cardona, do Hospital Santa Rita, explica que estoma ou ostoma referem-se a uma abertura de um órgão ou víscera oca para o meio externo, realizada por meio de intervenções cirúrgicas nos sistemas digestivo e respiratório ou nas vias urinárias. "Ou seja, qualquer estoma é uma comunicação de um órgão com o meio externo”.
A designação do tipo de estomia, segundo a médica, é definida pelo órgão ou víscera que serão expostos. A colostomia (cólon), ileostomia (íleo), gastrostomia (estômago), nefrostomia (rim), ureterostomia (ureter), vesicostomia (bexiga), cistostomia (bexiga com uso de catéter) ou traqueostomia (traquéia).
“Podemos usar o estoma para levar alimentos ou remédios, por exemplo, para dentro do organismo ou para eliminar substâncias como as fezes, como no caso da Preta Gil”, disse a cirurgiã. Ana Luiza pontua ainda que a colostomia pode ser temporária ou definitiva.
“Vai depender muito de cada paciente. Em algumas situações, optamos pela colostomia no início do tratamento. A pessoa vai fazer quimioterapia, radioterapia e, às vezes, terá que passar pelo procedimento cirúrgico para a retirada do tumor e, nesse momento, podemos fechar o estoma”, conta. No entanto, de 15% a 20% dos pacientes com câncer no intestino acabam fazendo uso definitivo da colostomia.
No caso da Preta Gil, que enfrenta um câncer no trato intestinal, a colostomia foi indicada como parte do seu plano terapêutico, tanto para preservar sua saúde quanto para auxiliar no manejo dos sintomas e na recuperação.
A bolsa que é acoplada ao paciente e deve ser esvaziada e higienizada várias vezes ao dia, mas deve ser trocada num intervalo de três a cinco dias. “Como a bolsa é colada na pele do paciente, o ideal é não trocar muito para proteger a região. Fazer a retirada diária pode lesionar a pele, levando a infecções indesejadas. Em pacientes obesos, por exemplo, pode ser que a bolsa não se adapte bem, por conta da anatomia do corpo, levando a alguns constrangimentos, correndo o risco de vazar. Mas, no geral, as pessoas vivem muito bem com a bolsa”, detalhou a médica.
Embora a colostomia seja frequentemente associada a mudanças significativas no estilo de vida, os avanços médicos e tecnológicos têm permitido que os pacientes retomem suas atividades habituais com autonomia e dignidade. “É essencial destacar que a bolsa de colostomia não é uma limitação definitiva, mas sim uma ferramenta que pode salvar vidas e melhorar consideravelmente a rotina dos indivíduos submetidos a ela”, enfatiza.
Segundo Ana Luiza, o Sistema Único de Saúde (SUS), por lei, é obrigado a fornecer a bolsa para os pacientes. “Existe um aparato tecnológico hoje utilizado para melhorar a adaptação do uso da bolsa, dos cuidados com a pele”, comenta. A colostomia simboliza a capacidade da medicina de adaptar-se às necessidades individuais dos pacientes, oferecendo soluções que combinam funcionalidade, inclusão - quem usa a bolsa se enquadra na deficiência física, apesar de não ser visível - e respeito à vida. “A narrativa de Preta Gil evidencia a importância de compreender e acolher esses processos com empatia e conhecimento, superando preconceitos e fortalecendo o diálogo em torno da saúde e do bem-estar”, considera Ana Luiza.
De acordo com a médica, tem crescido de forma considerável a incidência de câncer de intestino em homens e mulheres. “Já é o segundo mais comum. E vale lembrar que a doença está associada a hábitos de vida não saudáveis, na maioria dos casos, como o sedentarismo, a obesidade e o consumo inadequado de alimentos, como fast food. É uma doença do desenvolvimento, ou seja, de países ricos, com pessoas de poder aquisitivo alto”, alerta.
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