A influenciadora digital Juliana Perdomo foi internada em estado grave após dar à luz o terceiro filho, em Goiânia, na sexta-feira (26). A chef de cozinha sofreu embolia amniótica após o nascimento de Zac, seu terceiro filho. O bebê passa bem.
Segundo o ginecologista e obstetra Carlos Campagnaro, do Hospital Maternidade São José, a embolia amniótica ocorre quando o líquido amniótico - que protege e envolve o bebê na barriga e contém tecidos do feto, como cabelo e outros detritos - entra na circulação materna, geralmente, por meio de uma ruptura na membrana amniótica ou no útero, durante o parto normal, cesariana ou abortos, provocando uma resposta inflamatória e imunológica sistêmica.
“Nós podemos entender a embolia amniótica como se fosse uma ‘rolha’ - um êmbolo - que, no momento do parto, penetra nos vasos sanguíneos do útero, obstruindo, especialmente, as artérias que vão do coração para os pulmões, dificultando a captação de oxigênio pelas células, o que pode levar a um colapso cardiovascular, inflamando, gravemente, o organismo”, enfatizou Campagnaro.
Apesar da incidência ser estimada entre um a 12 casos por 100 mil partos, a embolia amniótica é uma das principais causas de mortalidade da mãe durante o nascimento do filho. “Essa emergência médica pode levar a falência respiratória e cardiovascular, a Coagulação Intravascular Disseminada (CIVID), ao choque anafilático e até a morte. A taxa de mortalidade materna varia de 20% até 60% dos casos, sem contar o risco que há para a vida do feto”, alertou o médico.
Segundo ele, infelizmente, a embolia amniótica ocorre de forma súbita e imprevisível, sem sinais prévios que possam deixar a mãe e os médicos em alerta.
Os principais sintomas incluem falta de ar súbita e intensa, colapso cardiovascular, cianose (coloração azulada da pele devido à falta de oxigenação), hipotensão severa (queda da pressão arterial), hemorragia súbita e incoagulável, alteração do estado mental da mãe, além de convulsões.
“O diagnóstico é clínico, baseado na repentina manifestação dos sintomas durante o parto ou imediatamente após. Não há exames laboratoriais ou de imagens que possam confirmar o cenário. Normalmente, é feito por exclusão de outras condições. Uma vez acontecendo, é preciso ter atenção redobrada ao estado de saúde da paciente e ter muito conhecimento sobre a patologia”, disse.
Em relação ao tratamento, ele engloba o uso do suporte ventilatório e oxigenoterapia para tratar a insuficiência respiratória, a aplicação de fluidos intravenosos e de medicamentos para manter a pressão arterial e a função do coração. Para conter a hemorragia, a paciente recebe transfusões de sangue e componentes, além das medidas utilizadas para tratar a Coagulação Intravascular Disseminada (CIVID).
“Todos esses cuidados demandam um acompanhamento intenso da paciente pela equipe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ao ser encaminhada para uma UTI, os médicos não vão conseguir ‘desentupir a rolha’ que obstruiu algumas veias e artérias. O que fazemos é ajudar a paciente a sobreviver a essa condição. Precisamos controlar o quadro até que o organismo responda e passe por esse estado crítico de inflamação. É uma fase de readaptação do corpo e, se a mãe suportar esse tempo, ela vai sobreviver. Mas, até que o organismo suporte, a taxa de mortalidade é muito alta”, pontuou.
Em relação ao bebê, segundo o médico, normalmente ele fica bem, já que esse quadro de embolia amniótica costuma se desenrolar durante o processo do parto. No entanto, caso a embolia se manifeste antes do nascimento da criança, ela também sofrerá as consequências. “A pronta resposta da equipe médica é crucial para melhorar as chances de sobrevivência da mãe e do bebê”, concluiu Campagnaro.
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