A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a falsificação de Ozempic, remédio injetável para tratamento de diabetes tipo 2 em adultos. De acordo com a Folha de São Paulo, casos de falsificação da droga foram identificados no Rio de Janeiro e em Brasília e já provocam vítimas.
A Novo Nordisk, empresa responsável pelo Ozempic, comunicou à agência que canetas de insulina Fiasp e FlexTouch teriam sido readesivadas e reaproveitadas com rótulos do medicamento à base de semaglutida. O material foi possivelmente retirado, de forma indevida, de canetas originais do medicamento.
A endocrinologista Camila Pitanga Salim, da Rede Meridional, diz que medicamentos falsificados podem conter substâncias proibidas ou prejudiciais à saúde, pois, não foram fiscalizados e não passaram pela avaliação de qualidade. "Levando a efeitos colaterais não esperados ou mais graves do que o medicamento original. Ainda podem estar em concentrações inadequadas o que leva a erro na dosagem de administração provocando efeitos adversos mais graves, causando risco à saúde, como overdose ou o mau controle de doenças importantes como o diabetes".
- Eficácia comprometida: produtos falsificados podem não conter a dosagem e concentração adequadas.
A farmacêutica recomenda que qualquer pessoa atente-se aos detalhes da caneta antes da aplicação. A caneta de Ozempic é de cor azul clara, com o botão de aplicação cinza. Já canetas de insulina Fiasp são azuis escura, com botão laranja.
Camila Pitanga Salim orienta que as pessoas só devem fazer uso de medicamentos sob prescrição médica. "E sempre comprar medicamentos em farmácias de boa procedência e nunca de terceiros ou em locais sem certificação de autorização de venda", reforça.
O Ozempic, droga aprovada para o tratamento do diabetes tipo 2, se popularizou nos últimos tempos após estudos e relatos de usuários associarem seu o uso à perda de peso significativa. O princípio ativo do Ozempic é a semaglutida, uma forma sintética do hormônio GLP-1, que promove a saciedade. Por conta deste mecanismo, ele ajuda a emagrecer.
Especialistas ressaltam que a medicação é indicada e usada para o tratamento de obesidade e sobrepeso em pacientes diabéticos. Além de tratar o diabetes tipo 2 e reduzir a produção de insulina no sangue - que é a proposta do medicamento -, ele reduz o esvaziamento gástrico, fazendo com que a digestão fique mais lentificada, promovendo saciedade.
"Ele tem uma melhor ação para controlar a glicemia se for associado a dieta e exercícios. E também é utilizado com outras medicações para diabetes quando, sozinho, não consegue controlar os níveis glicêmicos", explica a endocrinologista Gisele Lorenzoni.
Por causa do 'efeito secativo', o Ozempic passou a ser indicado “off label” (fora da bula) por médicos, apesar de não ter aprovação da Anvisa e nem da Novo Nordisk, a empresa que o fabrica, para ser usado visando o emagrecimento. Porém, a endocrinologista alerta que só vale a pena tomar após criteriosa avaliação individual do paciente. "Só podemos prescrever uma medicação se houver respaldo científico e avaliação criteriosa do paciente".
A endocrinologista Claudia Chang explica que a semaglutida é um análogo do GLP1, hormônio produzido no intestino após a ingesta de alimentos. "Além da ação no pâncreas - estimulando a produção de insulina quando a glicemia está alta -, a droga também atua no centro da fome na região hipotalâmica. Além disso, também há uma redução do esvaziamento do estômago o que leva a uma maior saciedade", diz.
Ela é aplicada com a ajuda de uma "caneta". E a endocrinologista lembra que todas as medicações, sejam ela “on label” ou “off label”, devem ser prescritas somente pelo médico e acompanhadas. Entre os efeitos colaterais mais comuns, estão a náusea, o vômito, a constipação (intestino preso) e a queimação.
A Novo Nordisk, que fabrica o Ozempic, ressalta que não recomenda o uso off-label de nenhum de seus medicamentos. "É importante ressaltar que a companhia não endossa ou apoia a promoção de informações de caráter off label, ou seja, em desacordo com a bula de seus produtos. O Ozempic, aprovado e comercializado no Brasil para diabetes tipo 2 e cujo princípio ativo é o mesmo do Wegovy, não possui indicação aprovada pelas agências regulatórias nacionais e internacionais para obesidade", explica a companhia.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta