Henrique Chagas, de 27 anos, morreu após realizar o procedimento peeling de fenol em uma clínica em São Paulo. O tratamento foi realizado no Studio Natalia Becker, em São Paulo, na segunda-feira.
A responsável pela clínica, Natália Becker, de 29 anos, estava presente e informou que havia realizado um procedimento de “peeling facial” — com aplicação de Alivium 500 mg —, e Henrique teve dificuldade para respirar e pediu ajuda. Uma equipe do Samu prestou socorros e, apesar das tentativas de reanimação, o homem não resistiu.
O peeling de fenol é um peeling químico que age de modo profundo na pele com aplicação única do ácido fénico (o fenol), causando uma descamação mais intensa, além da formação de crostas para a troca de uma pele nova e melhor. Como atinge a derme, estimula a formação de novos colágenos e a renovação celular. É indicado apenas para um rosto muito envelhecido, em pele clara e quando outros procedimentos estéticos não fazem efeito.
O procedimento é contraindicado para pacientes com condições cardíacas, hepáticas, renais, doenças autoimunes graves, além de pessoas propensas a desenvolver cicatrizes queloides ou com infecções e/ou lesões na pele. Também não é indicado para pessoas com tendências ao estresse físico e mental. A avaliação é essencial para realizar o procedimento, inclusive para definir se existem alternativas menos invasivas.
"É um procedimento muito agressivo, pois atinge as camadas mais profundas da pele. O fenol pode causar alterações no coração, no rim e no fígado. É preciso preparo físico e psicológico prévio, acompanhamento médico e monitoramento cardíaco durante o procedimento, já que é usada anestesia. Também é necessário acompanhamento no período de recuperação, porque podem surgir complicações”, afirma o dermatologista Bruno Lages, da Clínica Otávio Macedo & Associados.
O médico diz que o procedimento deve ser feito em clínica (quando feita em pequenas áreas do rosto) ou ambiente hospitalar (na face toda), já que nesses espaços há equipamentos para acompanhar as condições cardíacas do paciente. “A pele precisa estar limpa e desengordurada para receber o fenol na pele. É passado com uma espátula ou gaze, em movimentos controlados, porque se a substância penetrar rápido demais na pele pode causar uma intoxicação. O fenol é aplicado por áreas divididas no rosto e a cada aplicação é preciso esperar até 20 minutos para que a substância seja metabolizada”, complementa.
A recuperação do peeling de fenol pode levar até três meses. Nesse período, a pele fica com aspecto de vermelhidão, sensação de queimação e inchaço. Além disso, podem surgir infecções, manchas temporárias e cicatrizes queloides. Os resultados podem demorar até seis meses, porque mesmo após a descamação da pele ela pode continuar sensível e com aspecto de vermelhidão por um tempo.
Segundo a dermatologista Mônica Aribi existem alguns riscos com a aplicação do fenol. “Devido a sua agressividade, o procedimento pode causar manchas, acromias (manchas brancas) e cicatrizes, especialmente em pessoas de pele mais escura, o que faz com que não seja indicado para esse público. Além disso, há o risco de infecções e a substância também é cardiotóxica e nefrotóxica, isto é, pode causar danos ao coração e aos rins”. O peeling de fenol também possui um período de recuperação exigente, durante o qual o paciente não deve se expor do sol.
Mônica Aribi ressalta que, para aqueles que desejam um rejuvenescimento poderoso, o peeling de fenol pode ser realizado com segurança, basta adotar alguns cuidados. “O primeiro e mais importante passo para garantir um tratamento sem complicações é buscar um médico dermatologista devidamente qualificado e experiente”, aconselha a especialista.
Antes do procedimento, o médico deve realizar uma avaliação para verificar se o paciente está apto a passar pelo peeling, visto que não é indicado em todos os casos, sendo geralmente reservado para pacientes com fototipos mais altos e grau elevado de fotoenvelhecimento. “É importante também entender se a formulação do peeling utilizado é realmente confiável e se certificar de que o ambiente onde o procedimento será realizado esteja devidamente equipado para amparar o paciente em casos de complicações”, acrescenta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta