Os passageiros do avião da Voepass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, morreram de politraumatismo, de acordo com informações do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo, divulgado nesta segunda-feira (13).
"A aeronave, ela despencou, caiu de 'barriga' no chão e provocou um politraumatismo generalizado. Ela explodiu, pegou fogo. Grande parte da região traseira do avião — da cauda para trás — sendo que todos (os passageiros) tiveram politraumatismo e morreram de imediato. Uma morte instantânea", afirmou Vladmir Alves dos Reis, diretor do IML.
O politraumatismo é uma condição médica grave caracterizada pela presença de múltiplas lesões em diferentes partes do corpo, geralmente resultantes de acidentes de grande impacto, como a queda da aeronave em um condomínio em Vinhedo (SP). Segundo o médico ortopedista e traumatologista Felipe Raminho, situações assim, em que pelo menos um dos ferimentos coloca a vida em risco ou pode causar disfunção de um órgão vital, o paciente necessita de uma abordagem rápida e extensa para garantir a sobrevivência e minimizar as sequelas da tragédia.
“A gravidade do politraumatizado está diretamente ligada à energia que o próprio paciente foi submetido durante o evento, ou seja, quanto maior a queda, maior o risco à vida”, disse. Os traumatismos podem variar em gravidade e localização, afetando desde ossos e músculos até órgãos internos e sistemas substanciais, como o cardiovascular, respiratório e nervoso.
De acordo com Raminho, que também é professor do Unesc, um paciente com diversos traumas pode apresentar fraturas múltiplas, contusão pulmonar, hemorragias, entre outras graves comorbidades, tornando o quadro extremamente complexo e perigoso. “A combinação dessas lesões tende a levar o organismo a um estágio de deterioração geral, exigindo intervenções imediatas e coordenadas”, alertou.
Em geral, segundo ele, não é apenas o número de ferimentos que determina se uma pessoa está ou não com politraumatismo, mas, também, a gravidade e os locais atingidos. Esses fatores, juntos, influenciam diretamente na sobrevivência e na recuperação.
“É possível que duas lesões se caracterizem como politraumatismo. No entanto, elas podem variar em gravidade. Se ambas forem potencialmente fatais - comprometendo diferentes sistemas - ou se aumentarem a complexidade do quadro e a urgência no tratamento, serão consideradas graves”.
Raminho enfatiza que o atendimento às vítimas é um desafio e tanto e requer uma abordagem multidisciplinar. “Existe uma sigla, a ABCDE, que é utilizada mundialmente como uma diretriz vital para socorro a esses pacientes, englobando cuidados desde o local do acidente até sua chegada ao hospital. Ela sistematiza o passo a passo da avaliação primária e cada letra corresponde a um sistema, numa ordem que pode levar ao falecimento mais rapidamente”, disse.
“O processo começa pela triagem, identificando as condições mais ameaçadoras à vida. Em seguida, iniciamos o tratamento das lesões gravíssimas, como controle de hemorragias, estabilização das fraturas e suporte das funções vitais. O principal objetivo é estabilizar o paciente para, em seguida, realizar intervenções mais definitivas. A pessoa precisa, antes de mais nada, respirar. A partir do momento que viabilizamos o acesso das vias aéreas, focamos nas condições hemorrágicas e cardíacas para, então, avaliarmos os déficits neurológicos”, detalhou.
O atendimento, normalmente, ocorre em centros de trauma, que contam com equipes especializadas e recursos avançados. “A identificação precisa das lesões e a coordenação entre diferentes especialidades são imprescindíveis para o sucesso do tratamento”, concluiu.
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