A meningite é uma inflamação grave das meninges (membranas que revestem o cérebro e toda a medula espinhal). Ela pode ser causada por vírus, bactérias e, em menor frequência, parasitas ou fungos. Segundo o Ministério da Saúde (MS), até setembro de 2023, o Brasil registrou 8.877 casos da doença.
A meningite pode progredir rapidamente e levar a complicações graves, como danos cerebrais, surdez, problemas de aprendizado e até mesmo morte. Portanto, representa um perigo para a saúde, sendo importante procurar atendimento médico imediato ao suspeitar da doença para diagnóstico e tratamento adequados.
Por isso, a médica Leticia Rebello, embaixadora na área de Neurologia da Inspirali, esclarece algumas dúvidas sobre a condição. Confira!
A doença possui uma tríade de sintomas clássicos: febre , rigidez de nuca e alteração do estado mental. Além desses, podem ocorrer cefaleia e vômitos de repetição, muitas vezes com característica “em jato”. Os sintomas são, geralmente, refratários a analgésicos sintomáticos.
Deve-se avaliar a presença de sinais meníngeos, sendo os principais deles a rigidez de nuca e os sinais de Kernig e Brudzinski, com alteração de nível e conteúdo de consciência (muitos pacientes apresentam-se mais sonolentos) e febre. Na suspeita de meningite, recomenda-se ainda a realização de exame de imagem para descartar formações expansivas, como abscesso cerebral, que poderiam contraindicar a coleta do Líquido Cefalorraquidiano (LCR).
O passo seguinte é identificar o agente causador da meningite e, assim, guiar a escolha terapêutica. No entanto, em casos de impossibilidade de realização do LCR, não se deve atrasar o início da terapia, mesmo que de forma empírica, com amplo espectro. O atraso no tratamento tem relação direta com o prognóstico do paciente. Em geral, para o tratamento empírico, empregam-se antibióticos e antiviral.
As meningites bacterianas e virais, em geral, têm um curso de evolução mais agudo (menor do que 7 dias), enquanto as meningites crônicas, causadas por fungos, tuberculose e sífilis, possuem um curso mais arrastado (maior do que 7 dias), muitas vezes dificultando o diagnóstico.
As principais meningites são transmitidas por contiguidade em casos de sinusites e otites complicadas, além de contato com pessoas infectadas pela via aérea (gotículas de secreções do nariz e garganta).
Direciona-se o tratamento com antiviral ou antibiótico para o tipo de patógeno isolado no líquor. A antibioticoterapia pode ser escalonada a depender da condição de base do paciente (casos de imunossupressão, infecção nosocomial), severidade do quadro, além de resposta inadequada à terapia inicial.
A melhor forma de prevenção das meningites é mantendo a caderneta atualizada, com vacina meningocócica C e pneumocócica 10. De fato, a partir da implementação da vacinação contra a meningite no calendário vacinal, a incidência da doença reduziu de forma drástica.
As meningites mais graves acontecem em pacientes em extremos de idades: crianças e idosos. Uma parcela da população que merece cuidado especial se refere aos pacientes portadores de doenças que afetam o sistema imunológico, como câncer, HIV e uso de medicamentos imunossupressores.
A meningite é uma doença grave capaz de levar à morte, principalmente quando há atraso no diagnóstico e início do tratamento. Ainda, pode evoluir para duas outras formas de alta severidade e letalidade: a encefalite (quando atinge a estrutura cerebral) e a meningoencefalite (quando acomete o cérebro e a medula).
Além do alto potencial de letalidade, a meningite, quando complicada com encefalite, pode gerar sequelas importantes, tanto motoras quanto de linguagem e comportamental, a depender da estrutura cerebral mais afetada. Os pacientes com maior fragilidade, múltiplas comorbidades, imunossuprimidos e extremos de idades são os casos mais graves.
Dependendo da severidade, a doença pode causar sequelas irreversíveis. As principais são: alterações comportamentais e cognitivas (perda de memória), perdas visuais e auditivas, além de perda de força em membros e alterações de linguagem.
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