É verdade que agora o foco é a vacina contra o coronavírus, grande esperança contra um mal que vem tirando milhões de vidas em todo o mundo. Mas enquanto essa dose não chega para todos, vale lembrar que existem outras vacinas tão importantes quanto a da Covid-19 à disposição.
Isoladas em casa por causa da pandemia, muitas pessoas acabaram deixando de lado cuidados que deveriam ter sido mantidos. Mães e pais deram uma pausa na vacinação das crianças, expondo-as a outras doenças graves.
Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBI) apontam uma queda de 60% a 70% na cobertura vacinal infantil após o início da pandemia de Covid-19, sobretudo de crianças de até um ano de vida.
Outro levantamento, realizado pelo Ibope, revelou que 29% dos pais adiaram a vacinação dos filhos após o surgimento da pandemia. E 9% disseram que planejam levar os pequenos para vacinar somente quando a situação melhorasse.
Uma decisão equivocada, segundo a imunologista Paula Perini: "Sem dúvida, quando você deixa de dar a vacina à criança você está expondo-a a várias doenças, como sarampo, catapora, tétano, hepatite B, poliomielite etc."
É possível ir às clínicas e postos de saúde sem correr riscos. "Há uma estrutura organizada. Na rede pública, as vacinas da campanha contra a gripe estão sendo feitas à tarde e as demais, pela manhã. Nas clínicas particulares é a mesma coisa. É só ir de máscara, ver se não há aglomeração. De forma nenhuma deixar de ir", orienta Paula Perini.
A bióloga Maria Carolina Cremasco Fraga, gestora dos serviços de vacina do laboratório Cremasco, afirma que manter a carteira de vacinação em dia é essencial, principalmente no momento de pandemia em que estamos vivendo.
"As vacinas nos protegem de doenças que prejudicam o nossa imunidade e protegem nosso organismo contra infecções e bactérias. Na infância, sistema imunológico ainda está em formação, tornando a criança vulnerável a adquirir doenças. Daí a importância de manter a caderneta de vacinação atualizada", aponta.
A chegada do inverno deixa no ar uma série de problemas respiratórios, sobrecarregando os hospitais.
As unidades da rede pública de saúde e as clínicas particulares estão em plena campanha da vacina da gripe. Basta comparecer no horário agendado e receber a dose com segurança. E quem pode pagar ainda tem mais uma opção para se proteger: a vacinação em domicílio. O serviço já existia, mas se tornou ainda mais relevante neste período pandêmico.
"Temos todas as vacinas, para adultos e crianças, disponíveis para serem aplicadas em casa", afirma Maria Carolina Cremasco.
De acordo com a imunologista Paula Perini, é importante aproveitar a campanha nacional para buscar a proteção contra o vírus da influenza. "A vacina é fundamental porque a influenza é uma doença grave, principalmente nas crianças abaixo de 6 anos de idade e em pessoas acima de 60 anos", cita.
Outra vantagem da vacina contra a gripe é evitar confusão com a Covid em caso de sintomas respiratórios. "Como nesta época do ano há muitas viroses e doenças alérgicas, se a pessoa já tomou a vacina contra a gripe a gente pode descartar isso", destaca ela.
A médica lembra que é preciso apenas se atentar ao intervalo entre as vacinas, para quem for tomar as de Covid e da gripe. "Os períodos não podem coincidir. Tem que dar uma distância de uns 15 dias entre uma dose e outra. Mas jamais deixar de vacinar", diz Paula Perini.
Elis acaba de nascer e, por conta da pandemia, praticamente não recebe visitas. Mas a casa dela não fechou as portas para a vacina. A bebê, de dois meses de vida, recebeu no conforto do lar as doses importantes para esta fase.
"Já estávamos tensos pelo grande risco de contágio durante a estadia, mesmo que curta, na maternidade. Precisávamos coletar o exame do teste do pezinho e optamos por solicitar a coleta domiciliar para evitar mais uma exposição! Foi ótimo! Outra vantagem é que pudemos agendar um horário conveniente, e o ambiente doméstico é muito menos estressante para o bebê", comenta a mãe da Elis, a psicóloga e psicanalista Fernanda Stange Rosi, 35 anos.
A empresária e criadora de conteúdo Poly Polycarpo, 35 anos, também não deixou espaços em branco na caderneta de vacinação da filha, Céu, de 8 meses. Sem sair para a rua, deu todas as doses recomendadas para a menina.
"Céu toma todas as vacinas em casa. Tirando as primeiras, que foram no hospital, todas as seguintes optamos por fazer em casa. Assim, a gente se expõe menos nesse período de pandemia, não a tiramos da rotina e consigo mantê-la no peito durante a vacinação. Faz toda diferença. Dessa forma eu não atrasei nenhuma vacina, fazendo em casa e com menos exposição demos todas no período certinho", conta Poly.
E mesmo com todos os cuidados, Céu também deu um jeito de manter todas as consultas com a pediatra. "Apenas uma acabamos desmarcando porque apresentamos sintomas de gripe. Foi um período em que a Céu pegou resfriado e eu também. Aí, na dúvida não fomos à consulta. Mas mantive o atendimento on-line sempre que tive dúvidas com a pediatra dela", diz a empresária.
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