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Sepse pulmonar: entenda causa da morte de Ney Latorraca

Sepse pulmonar: entenda causa da morte de Ney Latorraca

O ator tinha 80 anos e era acometido por um câncer de próstata diagnosticado em 2019. Ney estava internado desde 20 de dezembro

Publicado em 26 de dezembro de 2024 às 15:14

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O ator e diretor Ney Latorraca faleceu na manhã desta quinta-feira, 26
O ator e diretor Ney Latorraca faleceu na manhã desta quinta-feira. (Zulmair Rocha/UOL/Folhapress)

O ator Ney Latorraca faleceu na manhã desta quinta-feira (26) em decorrência de uma sepse pulmonar. Ele tinha 80 anos e era acometido por um câncer de próstata diagnosticado em 2019. Ney estava internado desde 20 de dezembro em um hospital do Rio de Janeiro.

A septicemia ou infecção generalizada é a presença de algum patógeno crescendo na corrente sanguínea, podendo ocorrer em qualquer fase desde o diagnóstico ou tratamento do câncer de próstata, visto que tanto a doença quanto o tratamento podem reduzir a imunidade do paciente e precipitar o surgimento de infecções em vários sítios do corpo.

"Sepse é uma infecção generalizada em que o agente (bactéria, fungo, vírus) cai na corrente sanguínea e se espalha para o corpo, afetando todos os órgãos. Pode estar relacionada a baixa imunidade do paciente, idade, ou depende da virulência do agente. Leva a uma inflamação generalizada no organismo, podendo causar falência dos órgãos e, resultar em morte", explica a pneumologista Carla de Castro Bulian, da Rede Meridional. 

A médica enfatiza que pacientes em tratamento de câncer podem ter maior risco da ocorrência de sepse devido à imunodepressão causada pela doença e seu tratamento. "A sepse pulmonar depende de vários fatores como idade, imunidade e a virulência do agente causador da infecção. Entre os sintomas causados pela sepse estão o mal-estar, a perda de apetite, a falta de ar, a tosse com secreção ou não, e febre, na maioria dos casos", diz. 

Carla de Castro Bulian
Carla de Castro Bulian explica o que é sepse pulmonar. (Divulgação Carla de Castro Bulian)
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Existe tratamento para a sepse e que quanto mais cedo iniciá-lo, maior a chance de reverter a infecção

Carla de Castro Bulian
Pneumologista
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Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam a sepse como a principal causa de morte evitável no mundo, com 11 milhões de óbitos ao ano. 

Câncer de próstata

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, e cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Em 2025, a doença deve atingir cerca de 17 mil homens no país, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

De acordo com o urologista Leandro Leal, da Rede Meridional, a maioria dos cânceres de próstata possui crescimento lento. “Esse é o grande problema da doença: descobrir quais os casos que podem ter comportamento mais agressivo e necessitar de tratamento imediato e geralmente múltiplo, que abrange cirurgia, radioterapia complementar e bloqueios hormonais para depleção da testosterona, hormônio masculino que é fonte do crescimento desses tumores”, explicou.

O especialista orienta que quando há a suspeição da doença, seja pelas queixas do paciente, o fluxo de urina, ou durante o exame físico com a palpação de áreas endurecidas ao toque prostático ou elevação do PSA, marcador específico da próstata, deve-se realizar imediatamente a investigação. 

Os tratamentos para o câncer de próstata vão depender de uma série de fatores, como idade do paciente, doenças associadas, expectativa de vida, medicações em uso e o grau de agressividade do tumor. O paciente pode ser enquadrado em basicamente três formas terapêuticas: vigilância ativa, fará exames no tempo especificado pelo médico para avaliar se o tumor está mantendo um padrão lento de crescimento. Radioterapia, indicada para diversas situações onde o risco de uma intervenção cirúrgica é elevado devido a comorbidades do paciente. E ainda, a cirurgia que pode ser realizada de três formas: aberta, laparoscópica ou robótica, todas com objetivos de retirar o câncer, manter a continência urinária e preservar a função sexual.

Leal afirma que a recorrência do câncer de próstata é diretamente relacionada ao grau de agressividade do tumor, que é muito bem mensurada com os exames pré-operatórios e com a análise da próstata através de exame anatomopatológico. “Todo paciente submetido a cirurgia, deverá realizar o exame de PSA, a cada três meses após a cirurgia, qualquer elevação pode nos orientar para uma recidiva e o tratamento específico será realizado para controle oncológico”, completou.

Leandro Leal
O urologista Leandro Leal explica os sintomas do câncer de próstata. (Alexandre Bizinoto Macedo)
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Todo paciente submetido a cirurgia, deverá realizar o exame de PSA, a cada três meses após a cirurgia, qualquer elevação pode nos orientar para uma recidiva

Leandro Leal
Urologista
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A prevenção do câncer de próstata é simples, basta realizar o exame de PSA e o toque prostático anualmente, a partir dos 45 anos. “Atenção especial deverá ser dada aos pacientes que possuem familiares com história de câncer de próstata, homens negros também precisam ficar mais atentos, pois a doença é mais prevalente entre eles”, afirmou.

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