No Brasil, cerca de 6% da população infantil e 3,5% da população adulta são afetadas com alguma forma de alergia alimentar, conforme revela o estudo feito pela instituição Alergia Alimentar Brasil. Essa condição é caracterizada como uma resposta imunológica específica, desencadeada por alguma substância presente em alimentos, bebidas ou, até mesmo, em aditivos alimentares.
Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), casos de reação alérgica e intolerância a comidas e bebidas têm crescido há vinte anos, fazendo com que os pesquisadores da área tratem esse aumento como um fenômeno epigenético, ou seja, que impacta o material genético de um organismo sem afetar a sequência de seu DNA.
As alergias alimentares têm efeitos significativos tanto para os pacientes quanto para o sistema médico, porque os indivíduos portadores da condição têm de realizar visitas frequentes a postos de atendimento médico de emergência – por reações como manchas vermelhas, inchaço e coceira – e comumente se submetem a internações devido à ingestão de desencadeadores da resposta imunológica, o que pode levar à anafilaxia, reação alérgica aguda e grave que pode ser fatal.
No panorama ocidental, 9 grupos alimentares são responsáveis por cerca de 90% das reações alérgicas, sendo eles: amendoim, leite, crustáceos, nozes, peixe, soja, trigo, ovo e gergelim. Embora apareçam em menor proporção, países como o Brasil, que contam com uma biodiversidade ampla, também registram casos de alergias a frutas, em especial àquelas que apresentam proteínas semelhantes às encontradas nas seringueiras.
Conforme Gabriela Justamante Händel Schmitz, doutora em Ciências pela FCF-USP – com especialidade em alergia alimentar –, em artigo publicado pelo International Life Sciences Institute (ILSI), 30% a 50% dos indivíduos alérgicos ao látex da Hevea brasiliensis (seringueira) apresentam hipersensibilidade associada a alguns alimentos derivados de plantas, especialmente frutas consumidas frescas.
“Frutas como o abacate, mamão, maracujá, manga, banana, figo, melão, pêssego e kiwi, e alguns vegetais como tomate e batata contém proteínas que podem causar reações cruzadas com o látex. Este fenômeno é chamado de síndrome látex-fruta”, explica.
Conforme a especialista, “a heveína, uma importante proteína do látex, denominada como ‘major allergen’, possui uma sequência de aminoácidos contendo 50% de similaridade quando comparada às quitinases de algumas frutas como a banana e o abacate. Dessa maneira, pessoas alérgicas ao látex podem desenvolver alergia também a estas frutas”.
A profissional ressalta que, devido ao risco de anafilaxia, é importante que os indivíduos realizem consultas para identificação desse tipo de alergia e se atentem aos rótulos dos alimentos e bebidas antes de realizar a ingestão.
De forma complementar, é recomendado que, ao i dentificar sinais de alergia ao ingerir determinado alimento, o indivíduo procure ajuda médica imediatamente, indo até o centro de atendimento em saúde mais próximo ou, até mesmo, chamando uma ambulância. São sinais de reação alérgica grave: dificuldade para respirar, tontura ou inchaço no rosto ou garganta.
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