Um estudo divulgado na revista americana Nature Medicine classificou a depressão em seis tipos biológicos distintos, denominados “biotipos”. A pesquisa utilizou uma combinação de imagens cerebrais e inteligência artificial para diferenciá-los com base em sintomas, desempenho em testes cognitivos e emocionais, resposta a medicamentos e terapia comportamental.
Segundo o psiquiatra Dr. Marcos Gebara, presidente da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro, essa pesquisa traz informações muito relevantes sobre a doença. “Este é um tema muito interessante, porque segue as pesquisas mais modernas do estudo da conectômica [conjunto completo de conexões do cérebro]”, diz.
Para o médico, isso é importante para compreender mais sobre a depressão. “Há séculos que se tenta fazer uma biotipologia para diferenciar as doenças mentais, até para poder fazer subtipos em cada uma delas. Entretanto, nos últimos anos, a tecnologia possibilitou mapear o conectoma do indivíduo, tornando possível enxergar que existem ‘circuitos’ diferentes envolvidos em cada tipo e em cada subtipo de doença”, diz.
Abaixo, veja as características dos biotipos da depressão!
É caracterizado por respostas comportamentais mais lentas e erros em tarefas que exigem atenção sustentada e funções executivas.
Há respostas mais rápidas a estímulos específicos e ameaças, porém com mais erros em tarefas de atenção contínua. A psicoterapia comportamental não se mostra a melhor opção neste caso.
Há hiperatividade em áreas cerebrais de processamento emocional, levando a dificuldades em funções executivas, pensamentos ruminantes e anedonia (perda de prazer).
Há hiperatividade em regiões cognitivas, maior ansiedade, dificuldade em interpretar ameaças e anedonia acentuada. O antidepressivo venlafaxina (inibidor de recaptação de serotonina e noradrenalina) apresenta os melhores resultados.
Há menor presença de pensamentos ruminantes, redução da atividade cognitiva e reações comportamentais mais rápidas.
Há reações mais lentas a ameaças, sem outras alterações significativas nas regiões avaliadas, sugerindo mudanças em áreas cerebrais menos exploradas.
O Dr. Marcos Gebara explica que essas são informações capazes de delinear tratamentos futuros, sejam eles farmacológicos ou não. “Essas informações são capazes de fazer a diferença entre subtipos de depressão estudados. Acredito que, no futuro, vamos conseguir mapear toda a conectômica e, assim, entender quais circuitos que estão envolvidos neste ou naquele subtipo de depressão e/ou de ansiedade . É muito válido, e vejo como algo superimportante a considerar”, finaliza.
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