Existe um tipo de câncer menos falado, menos comum, mas não menos agressivo que, assim como outros, pode ser diagnosticado cedo: o câncer de olho.
O médico Evandro Duccini, cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Santa Rita, em Vitória, explica que o câncer ocular ou de olho é uma neoplasia maligna que afeta alguma das estruturas do globo ocular. Pode surgir no próprio olho ou ser uma metástase de câncer de pulmão ou mama, principalmente. "Felizmente esses cânceres não são comuns", afirma.
Segundo ele, nos adultos, o tipo mais comum é o melanoma, que pode ser assintomático e só encontrado em um exame oftalmológico ou pode se manifestar com sombras na visão, perda parcial ou total da visão de um olho ou manchas escuras na parte branca dos olhos (conjuntiva ocular).
"Apesar de ser um câncer agressivo, esses sintomas frequentemente aparecem em estágios iniciais, quando o prognóstico de cura é de cerca de 85%", pondera Evandro Duccini.
Nas crianças, diz Duccini, o tipo mais comum é o retinoblastoma. "A maioria das crianças com diagnóstico de retinoblastoma tem menos de 3 anos de idade. E em 10% do casos, o problema pode ser hereditários."
"Como a criança não tem capacidade para manifestar os sintomas de alteração da visão, o principal sintoma é o reflexo pupilar branco. Quando apontamos uma luz ou flash de câmera para o olho, a pupila normal aparece vermelha, por causa da cor dos vasos sanguíneos da retina. No retinoblastoma, esse reflexo aparece branco", ressalta o médico do Santa Rita.
Geralmente, continua Duccini, 90% das crianças com retinoblastoma são curadas. "Mas o prognóstico não é tão bom se a doença estiver disseminada para além do olho", alerta.
A oftalmologista Hanna Teodoro, especialista do Hospital de Olhos de Vitória, reforça que se for um tumor de conjuntiva, o paciente vai perceber uma nodulação ou uma pinta estranha. "Então, em alguns casos, a olho nu já podemos perceber essas alterações."
"Já se for um tumor intraocular, depende: o retinoblastoma ou até mesmo o melanoma podem causar leucocoria, que é a chamada pupila branca, alteração do reflexo vermelho. Caso seja metástase ocular, muitas vezes é pequena a lesão e não pode ser vista a olho nu, então vai variar bastante quanto ao tamanho e tipo do tumor, sendo necessários exames complementares como mapeamento de retina ou ultrassonografia, por exemplo", explica Hanna Teodoro.
A médica acrescenta que o mapeamento de retina é realizado em toda consulta de rotina, que deve ser anual, e o ultrassom é solicitado para auxiliar o exame anterior.
O tratamento é multidisciplinar. Depois do oftalmologista, que identifica a doença ou a suspeita dela, entra em cena o cirurgião de cabeça e pescoço.
Evandro Duccini afirma que o tratamento varia conforme o estágio em que a doença é diagnosticada, podendo ser usada radioterapia, terapia a laser ou cirurgia, que pode variar desde as oftalmológicas conservadoras até a retirada do globo ocular ou, ainda, de todo o conteúdo orbitário.
Não necessariamente a pessoa diagnosticada com essa doença vai perder a visão. Pode acontecer, no entanto, de o paciente ter alguns efeitos colaterais devido ao tratamento, como utilização de radioterapia, aumentando a chance de ele desenvolver catarata ou glaucoma e, assim, ter algum prejuízo na visão.
Retinoblastoma
Um tumor maligno originário das células da retina, que é a parte do olho responsável pela visão, afetando um ou ambos os olhos. Geralmente ocorre antes dos 5 anos de idade.
A principal manifestação é um reflexo brilhante no olho doente, parecido com o brilho que apresentam os olhos de um gato quando iluminados à noite. As crianças podem ainda ficar estrábicas (vesgas), ter dor e inchaço nos olhos ou perder a visão.
Melanoma ocular
É um tipo de câncer raro que atinge células produtoras de melanina, pigmento que dá cor à pele e aos olhos.
Geralmente não apresenta sintomas, podendo ser diagnosticado pelo oftalmologista numa consulta de rotina. Em alguns casos, ele causa alterações visuais, como sombras na visão ou manchas nos olhos.
Fontes: Instituto Nacional do Câncer (Inca) e especialistas entrevistados
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