Quase cinco anos depois, a taxa básica de juros voltou a atingir o patamar de dois dígitos. Com a decisão do Copom de elevar a Selic para 10,75% ao ano, a taxa ultrapassa seu valor no período de julho de 2017, quando estava a 10,25%.
Em ciclos de alta da Selic, os investimentos em renda fixa ficam mais atrativos. Para este momento, as apostas continuam sendo nos investimentos pós-fixados atrelados a uma taxa flutuante, como CDI, Selic e IPCA, pois esses índices corrigem o retorno do investimento conforme sua variação.
Mas a expectativa é de que a Selic atinja o pico nos próximos meses, para depois passar o ano estável. Assim, alguns especialistas já recomendam a alocação de uma parcela da carteira em títulos prefixados (aqueles em que a taxa de juros já é definida de antemão), mas de curto prazo.
"Os investimentos pós-fixados continuam sendo boas opções de investimento. Mas já podemos considerar opções prefixadas com vencimento curto, de um ou dois anos", diz Rodrigo Beresca, analista de Soluções Financeiras da Ativa Investimentos. "Os investidores podem encontrar taxas boas no mercado com juros atuais antes que comece o ciclo de queda, que prevemos que se inicie em 2023."
Para o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, o ciclo de alta da Selic deve atingir o pico entre março e maio, em torno de 11,75% e 12,75%. "O Banco Central elevou muito os juros no ano passado, de 2% para 9,25% em um ano. Como os efeitos da política monetária levam em torno de 6 a 9 meses (para surtir efeito na inflação), vamos ver todo o impacto do aumento de juros sobre a atividade neste ano", diz Sung.
Se a economia seguir de acordo com as expectativas demonstradas no Boletim Focus desta semana, com o IPCA em 5,38% e uma taxa básica de juros a 11,75%, mesmo os investimentos em renda fixa mais conservadores passariam a ter um rendimento líquido positivo, ainda que o valor seja baixo.
Quem depositar R$ 1 mil na poupança e retirar daqui a um ano, por exemplo, vai ter um retorno real de R$ 4,58, segundo os cálculos do professor de Finanças da FGV-SP Fabio Gallo.
Algumas adversidades, porém, podem mudar esse cenário. Fora os problemas já conhecidos do ano passado como inflação alta, câmbio ainda desvalorizado e algumas quebras de safra na agricultura por causa do clima, está no horizonte o aumento da taxa de juros também nos Estados Unidos, que afeta a decisão de investidores do mundo todo.
Embora os títulos de renda fixa fiquem mais interessantes com o aumento da Selic, o investidor também pode encontrar oportunidades na Bolsa e se beneficiar de um eventual ganho das ações. Em janeiro, por exemplo, o Ibovespa (principal índice de ações da Bolsa) terminou o mês com alta de quase 7%.
João Daronco, analista da Suno Research, diz acreditar que o setor agrícola pode ser um dos mais "fortes e promissores" a médio e longo prazos.
"A demanda vem grande parte do mercado asiático, criando uma resiliência aos ciclos nacionais, e uma menor dependência de questões políticas." Já o setor que pode sofrer mais neste ano, na opinião dele, é o de varejo e consumo, por causa da inflação alta e crédito mais caro.
Além de olhar o setor, é preciso fazer uma análise individual de cada empresa, lembra Paloma Brum, analista da Toro. "Não é para fazer um investimento em todas as empresas de um setor, senão corre o risco de comprar um papel caro. É preciso fazer um valuation", diz ela.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta