O Espírito Santo é um dos lugares mais perigosos para ser mulher em todo o Brasil. O Estado chegou, inclusive, a liderar esse triste ranking em alguns anos na última década. Muitos dos crimes de violência doméstica foram acompanhados de perto por jornalistas de A Gazeta, que constataram, no dia a dia, as dificuldades para se mudar uma realidade marcada pelo machismo, pela desigualdade e pelo desamparo às vítimas.
São várias histórias que acontecem todos os dias. Mães, filhas, profissionais que são atingidas, muitas vezes de forma silenciosa e sem apoio, pela violência de gênero.
Por essas mulheres e por outras que ainda vão nascer, A Gazeta lança nesta sexta-feira (25) a nova página Todas Elas, que quer, além de dar visibilidade aos crimes motivados pelo gênero, auxiliar as vítimas para que consigam encerrar o ciclo da violência e conquistem novas perspectivas de vida através da informação, empoderamento e oportunidades. O endereço do novo espaço é www.agazeta.com.br/todaselas.
A ideia é ainda mostrar o avanço das mulheres no mercado corporativo e a importância de oportunidades no ambiente profissional.
O projeto Todas Elas nasceu em 2019, dentro da redação, após os jornalistas notarem a necessidade de tratar os casos de violência contra a mulher como um problema específico, que necessita ser discutido com profundidade e envolvendo um maior número de pessoas na conscientização.
Elaine Silva, editora-chefe da redação A Gazeta/CBN, explica que o trabalho se propõe a causar reflexão sobre a valorização das mulheres, e revelar também a série de dores e traumas que muitas vivem ou superaram.
"Em 20 anos de trabalho em A Gazeta, muitos foram os casos de violência contra mulher que presenciei e vi o jornal contar. E sempre, principalmente naqueles mais bárbaros, nos perguntávamos, como jornalistas e, no meu caso, como mulher, o porquê de o Espírito Santo ser um Estado tão violento. Seria algo cultural, originário da formação da sociedade capixaba? A busca dessas respostas nos fez debater cada vez mais, entre nós, jornalistas, as razões para tantos crimes e violência", ressalta.
A editora de Cotidiano Érica Vaz que, nos últimos anos, esteve à frente das reportagens sobre segurança pública em A Gazeta, lembra que por muito tempo a cobertura policial - em especial os crimes contra a mulher - foi pautada em reportagens factuais, sem uma reflexão mais profunda sobre os impactos da violência de gênero. A ideia do Todas Elas surgiu, justamente, da necessidade de transformar essa forma de abordagem.
"Por muito tempo a cobertura jornalística ficou sem espaço para o diálogo e construção de alternativas para enfrentar estatísticas tão dolorosas. Não são casos isolados. Violência de gênero é um problema social gravíssimo e impacta todos nós. O projeto Todas Elas quer dar urgência para essas questões e propor um pacto social que ajude as mulheres a construir uma outra realidade", argumenta.
A editora de Cotidiano Joyce Meriguetti conta que a desigualdade de gênero e os crimes contra as mulheres são práticas que, infelizmente, se repetem com uma frequência assustadora no Estado. Mas, mesmo enraizado em nossa cultura, ela observa que o problema não pode ser naturalizado. Por isso, atualmente A Gazeta tem buscado diferentes formas de informar.
"Queremos mudar comportamentos com informação. Usamos abordagens diferentes para falar do assunto e gerar empatia. Lançamos ferramentas e realizamos eventos para debate e conscientização. O contador do feminicídio, criado por A Gazeta, é uma forma de mostrar quantas mulheres tiveram a voz calada e cobrar providências para que os crimes não fiquem impunes. Mas em nossa cobertura, mulheres assassinadas não são só números, elas têm nome, família e histórias, que merecem ser retratadas. O Todas Elas disponibiliza também formulário para denúncias e realiza rodadas de discussão sobre as batalhas diárias das mulheres no trabalho, na rua e em casa", destaca.
O Todas Elas propõe, ainda, promover a independência financeira das mulheres, que tem importante papel de interromper o ciclo da violência. A editora de Economia Mikaella Campos constata que, ainda na infância, somos ensinados que homens e mulheres têm lugares e oportunidades distintos no mundo.
Dessa forma, é perpetuada a cultura da desigualdade e discriminação - com mulheres ganhando salários mais baixos, com mais responsabilidades domésticas e sofrendo assédio até no ambiente profissional. Tudo isso, ela lembra, resulta em consequências no mercado de trabalho e também na vida pessoal das mulheres.
"O Todas Elas quer ser além de um canal de denúncias. Tem a intenção de ser um espaço de combate às desigualdades de gêneros, mostrando que elas têm muito valor para o ambiente corporativo, que são preparadas, empreendedoras e que podem, sim, ter independência financeira e tocar suas vidas com liberdade para escolher o que fazer, onde ir e com quem se relacionar ou não. Nossa proposta também é contar histórias de quem venceu e ajudar outras a encontrarem seus caminhos e a se libertarem de qualquer amarra que as possa impedir de conquistar suas ambições nas vidas pessoal e profissional."
A nova página, além de temas de violência e combate à desigualdade, também vai trazer conteúdos, como dicas de finanças, empreendedorismo, oportunidades de trabalho, entrevistas, reportagens sobre saúde e educação, participação da mulher na política, análises sobre o machismo estrutural, entre outros assuntos importantes para o universo feminino.
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