SÃO PAULO - Elas apostaram em seus sonhos, trabalharam muito e hoje têm posição de destaque em seus segmentos. Nathalia Arcuri, do canal Me Poupe; Adriana Barbosa, CEO da PretaHub; e a influencer e empresária Gessica Kayane, mais conhecida como Gkay, acreditam que quem quer empreender precisa acreditar em seu potencial e não ter medo de arriscar.
Em comum, as três influencers querem que mais mulheres tenham destaque em suas carreiras e sucesso em seus negócios. Para Gkay, as marcas precisam investir em influenciadores locais, ou seja, naquelas pessoas que possam dar visibilidade aos empreendimentos de bairro, por exemplo.
“Uma sorveteria de bairro pode contratar uma pessoa que more no local. É importante apostar nestes microinfluenciadores que podem trazer mais retorno em suas campanhas do que alguém que já renomado”, comentou.
Nathalia Arcuri reforçou que as mulheres precisam tomar as rédeas de suas vidas e isso começa pela liberdade financeira.
“No início do meu canal, houve uma grande descredibilização. Logo no início da vida de empreendedora, ninguém acredita na gente. Os desafios são inúmeros e, para conseguir trazer pessoas para o nosso lado, é preciso se aliar a quem tem a mesma visão”, detaca.
Adriana Barbosa, que comanda a plataforma PretaHub — uma startup que aposta no afroempreendedorismo feminino — também enfrentou dificuldades em ser aceita pelo mercado. “É importante que a população preta conquiste o seu espaço, e as empresas precisam ter um olhar diferenciado para esse público”, disse.
As três influencers participaram do painel "Mulheres que Transformam", durante o evento de finanças ExpertXP 2022 — que acontece até esta quinta-feira (4), em São Paulo.
Um dos pontos mais importantes da trajetória financeira da Gkay é a sua superação em conseguir sair de uma cidade pequena e sem muitas oportunidades para agarrar oportunidades maiores e construir todo o seu patrimônio.
“Quem quer empreender precisa começar com o que tem. No começo, eu fui a 25 lojas pedir roupa emprestada para poder ir aos eventos. Em troca eu faria a divulgação dessas marcas em minhas redes sociais. Apenas quatro acreditaram em mim. No ano passado, fui até elas para agradecer. Ser influenciadora não resume o que sou. A Internet me aceitou e me levou para outros canais como a televisão.”
Um de seus empreendimentos recentes é a chamada “Farofa da Gkay”, uma festa que conseguiu reunir diversos influencers, atores, cantores e personalidades da mídia para criar atenção e entretenimento. A festa rendeu a Gkay contratos milionários de marketing.
Alguns profissionais da área estimam que a festa tenha gerado um rendimento de cerca de R$ 2,8 milhões para a influenciadora. Além disso, a festa ainda serviu para aumentar sua popularidade no Instagram e, com isso, aumentar o valor de suas publicações. "Não são R$3 milhões em uma festa, são R$3 milhões em um negócio", afirma GKay.
Idealizadora do blog Me poupe!, que depois se tornou um canal de sucesso no Youtube, Nathalia entrou cedo no mundo dos investimentos, ainda na faculdade. Desde cedo, quis se tornar uma poupadora e passou a fazer isso com dinheiro do lanche e, mais velha, com venda de blusas e trabalhos como figurante.
Em 2015, criou o blog e o canal de Youtube que a tornaram famosa no universo das finanças. Foi a única influenciadora brasileira a ser convidada para o fórum econômico mundial 2020, em Davos, e no ano seguinte, uma das únicas mulheres indicadas como integrante do programa Young Global Líder, da turma de 2021.
“A gente tem a mania de achar que nunca é suficiente. Meu objetivo era ganhar o Nobel de economia para ter credibilidade em ensinar educação financeira pela internet. Você sempre tem que pensar que aquilo que tem hoje já é o suficiente, e não ficar esperando o melhor momento para fazer as coisas acontecerem. Fiz um canal no YouTube porque não tinha dinheiro pra fazer um site. Só tinha uma colher de pau para fazer foco na câmera. Hoje sei que quanto mais esforço a gente faz, mais impacto gera.”
Adriana reforçou como o dinheiro é um meio que permite a tomada de decisões e como o conhecimento financeiro pode libertar uma mulher.
Com pouco mais de 20 anos de idade, ela criou em 2002 a maior feira de cultura negra da América Latina, a Feira Preta. O evento percorreu diversas cidades e reuniu mais de 200 mil pessoas, movimentando cerca de R$ 6,5 milhões como resultado da venda de produtos e serviços pelos mais de 1900 expositores que divulgaram os seus produtos. Como prêmio e reconhecimento por este trabalho, Adriana recebeu a condecoração de comendadora pela Ordem de Mérito Rio Branco (Ministério de Relações Exteriores), Troféu Zumbi dos Palmares (Assembleia Legislativa do Estado de SP).
Atualmente ela também é CEO da Plataforma PretaHub, um Hub de criatividade, inventividade e tendências pretas, com iniciativas de mapeamento, capacitação técnica e criativa, aceleradora e incubadora do empreendedorismo negro no Brasil.
Segundo Adriana, por carência de reparação histórico-social oriunda do período escravocrata, as mulheres negras são pioneiras no empreendedorismo brasileiro e ainda demandam investimentos financeiros e técnicos que podem potencializar a atuação feminina e negra na economia nacional.
“Quando comecei tinha muito medo, mas nunca deixei meu medo me paralisar. É preciso apostar na diversidade, se aproximar do público."
A repórter viajou a convite da XP
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