Coragem de empreendedor, importância de ter rede de apoio, valorização de histórias de mulheres que estão mudando a sua realidade por meio dos negócios. Todos esses assuntos foram discutidos na manhã desta quinta-feira (1°), na palestra de abertura do projeto Todas Elas, de A Gazeta, na 1° Mostra CineMarias, realizada no Cine-Metrópolis na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Com o tema “Comunicação e Empreendedorismo Periférico”, o bate-papo foi iniciada pela editora chefe de A Gazeta e CBN, Elaine Silva, que destacou a trajetória do Todas Elas, desde o seu lançamento, em 2020.
Mediado pela empreendedora Manuela Amaral, a discussão contou também com a participação da jornalista Késia Moura, da trancista Mayara Queiroz, da gestora de projetos do Semente Negócios Josy Santos, e da Gerente de Comunicação e Relações Institucionais da ArcelorMittal, Jennifer Coronel.
Durante o bate-papo, que foi transmitido on-line no site A Gazeta e contou também com tradução em libras para o público virtual, as participantes contaram as suas histórias de empreendedorismo e superação, além de destacar a importância de uma rede de apoio para lidar com as adversidades do dia a dia.
Manuela Amaral, mediadora do evento, comentou que a sua história de empreendedorismo começou quando ela ainda era criança e morava no bairro Santa Martha, em Vitória, onde está localizada a região de Mangue Seco.
Já a trancista Mayara Queiroz, que há quatro anos exerce essa profissão, contou as dificuldades que ainda enfrenta em seu ofício.
“Eu sou cabelereira? Não. Eu sou trancista. Mas quando eu vou preencher algum cadastro, essa profissão, que é uma técnica herdada dos nossos antepassados negros, não existe. Hoje tenho orgulho de ir ao shopping e ver a quantidade de meninas e mulheres trançadas, mas nem sempre foi assim.”, comentou.
A gestora de projetos do Semente Negócios, Josy Santos, destacou que a luta da mulher no empreendedorismo tem que passar por realidades ainda desconhecidas pela maioria da população e que a rede de apoio para lidar com as adversidades fará toda a diferença para o sucesso dos negócios.
“Eu sou filha de uma mulher vítima de feminicídio. Olhar para o nosso passado e conseguir forças para transformar o futuro não é fácil, mas eu me formei em Administração, sou gestora de projetos e sei que a luta da mulher nos negócios é diária. A rede de apoio é fundamental nesse processo. Mas vale lembrar que nessa rede de apoio, os dois lado são beneficiados. Uma parceria é formada, e isso é fundamental nos negócios”, ressaltou.
A jornalista Késia Moura, que também é empreendedora, ressaltou a importância da comunicação para impulsionar os negócios criados por mulheres.
“Na periferia, como foi falado, a gente percebe que a mulher se lança ao empreendedorismo por necessidade, para colocar um prato de comida na mesa, para dar uma roupa a um filho. A comunicação vai ser decisiva para impulsionar esses negócios”, salienta.
No bate-papo, foi questionado sobre como é desempenhar um papel de liderança em um ambiente corporativo. Para a gerente de comunicação e relações institucionais Jennifer Coronel, da ArcelorMittal, as empresas não estão preparadas para falar sobre diversidade, seja de gênero ou de raça.
Diante dessa pergunta, a editora Elaine Silva aproveitou o momento para falar sobre o quanto o projeto Todas Elas foi importante para que ela revisitasse o seu próprio propósito de vida.
“Eu cresci na região de Caratoíra, periferia também. Minha avó era boleira, sou de uma família de mulheres fortes. Eu casei com um homem negro e tenho uma filha preta. Em 94 anos de Rede Gazeta, sou a primeira editora-chefe de redação, que é um ambiente majoritariamente feminino. Agora é hora de contar essas histórias e mostrar que outras mulheres também podem exercer cargos de lideranças, que também podem ser protagonistas de suas histórias”, disse.
A psicóloga clínica Adriana Adão, de 39 anos, foi à palestra com o intuito de aprender sobre comunicação e empreendedorismo periférico, a fim de levar esse conhecimento para a sua vida profissional e para sua comunidade.
“Eu sou psicóloga clínica, e atendo em um espaço de Pilates junto com uma fisioterapeuta, em Jardim Tropical, na Serra. Nós precisamos empreender para ter os nossos clientes. O nosso maior público são mulheres negras. Fiquei sabendo da palestra e vim saber o que posso aplicar no meu dia a dia”, destacou.
Quem também estava na palestra é a artista Ana Beatriz Marinho, de 31 anos, que vai participar da exibição de curtas-metragens na Mostra CineMarias.
“Eu estou com o curta-metragem 'Entre', trata- se de uma ficção sobre duas mulheres que se conhecem pela janela da casa delas, mas entre elas existe o Rio Tietê. Elas vão nutrindo o desejo uma pela outra… mas o final da história o público vai precisar vir aqui assistir para saber”, disse, em tom de mistério.
Sobre a expectativa para o evento, a artista destacou que são as melhores. “Estou super feliz de estar retornando às salas de exibição, depois de um tempo dos festivais sendo realizados somente on-line. O CineMarias é uma importante janela de exibição desses curtas. É um espaço de encontro, fortalecimento de rede, conhecer outras trajetórias.
Ao final da palestra, foi lançada a música “O mundo todo é delas”, feita para projeto Todas Elas, pela Beth MC.
“Espero que vocês gostem e tenho certeza que todas as mulheres vão se sentir muito representada por essa música. Começamos a prepará-la em 2020, a letra fala sobre mulheres que têm obstáculos, mas também têm a garra do seu dia a dia”, disse a cantora.
QUINTA-FEIRA, 1º DE SETEMBRO
SEXTA-FEIRA, 2 DE SETEMBRO
SÁBADO, 3 DE SETEMBRO
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