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Filme conta histórias de feminicídio e violência contra a mulher no ES

Filme conta histórias de feminicídio e violência contra a mulher no ES

Documentário “Ato Final” estreia na próxima quinta-feira (16) e traz relatos de mulheres que sofreram agressões verbais e físicas

Publicado em 13 de novembro de 2023 às 12:14

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
Breno Alexandre
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Histórias de vítimas de violência doméstica e feminicídio serão contadas nas telonas por meio de um documentário produzido no Espírito Santo. "Ato Final" traz à tona emoções e traumas vividos por mulheres que compartilham experiências de relacionamentos abusivos e agressões no cotidiano.

O filme parte do princípio de que as personagens principais já estão mortas, trazendo experiências sensoriais e subjetivas de mulheres vítimas de violência doméstica. O elenco é composto por três atrizes que narram experiências de diversos tipos de agressões, como a psicológica, física, patrimonial, sexual e também o feminicídio.

Além de situações de violência vividas no cotidiano, a obra traz, ao longo de 72 minutos, relatos reais de mulheres que sobreviveram à tentativa de feminicídio.

É o caso da história de Marciane dos Santos, que ganhou repercussão no Espírito Santo quando o ex-marido ateou fogo no corpo dela na frente dos filhos, em setembro de 2018. Na época, ela teve 40% do corpo com queimaduras de terceiro grau e ficou internada em estado grave e teve infecção generalizada.

Mas como esse, infelizmente, não é a único relato de violência da vida real, algumas mulheres se uniram para formar um rede de apoio e lutar contra o feminicídio e outras formas de agressões. Um exemplo é o grupo Mulheres Guerreiras, que atua no bairro Jardim Carapina, na Serra. Além da própria Marciane, o coletivo é formado por Norma das Graças Francisco, Camila Lopes da Costa, Liliene Rosa Pinheiro da Conceição e Cristiane Mendes, que através de experiências e do histórico de agressões em comum, passaram a auxiliar e encorajar outras vítimas a irem atrás de proteção e liberdade.

A diretora do filme, Roberta Fernandes, enfatiza que as pesquisas realizadas para o filme mostraram a existência de progressão da violência e que, muitas vezes, os casos terminam em feminicídio. Por isso, o filme precisava acompanhar a mesma lógica.

"Separei blocos que expressassem o avanço do relacionamento abusivo e, consequentemente, das agressões nos casos de feminicídio. Sugeri que a diretora de elenco mergulhasse com as atrizes cenicamente dentro dessa ideia de avanço da violência: da fase do encantamento, passando pelo ciúmes, medo, impotência e, infelizmente, em algumas situações, terminando em morte”, conta.

Documentário
Documentário "Ato Final" chega dia 16 de novembro aos cinemas. (Reprodução/Elo Studios)

Com o lançamento do filme, Roberta Fernandes espera que haja uma reflexão maior sobre caminhos para redução dos índices de violência e feminicídio, além de ter um olhar sensível para as vítimas, ensinando elas a identificar e perceber atitudes de comportamento opressor nas relações pessoais.

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O filme denuncia o machismo, esse comportamento que mata mulheres a todo instante no mundo. Também joga luz à progressão da violência nos relacionamentos, ao fato de que pequenas atitudes agressivas não devem ser aceitas, e provoca a reflexão do quanto estamos sendo condescendentes com a violência contra a mulher. Entre outras coisas, denuncia as amarras psicológicas em torno de uma relação abusiva. Acredito que ele pode tocar as mulheres pela via da identificação e contribuir com o rompimento dessas amarras

Roberta Fernandes
Diretora do documentário "Ato Final"
Aspas de citação

O documentário estreia em todo o Brasil em 16 de novembro, e estará em cartaz no Cine Jardins, em Vitória, de 23 a 29 de novembro, com sessão às 19h.

*Breno Alexandre é aluno do 26º Curso de Residência em Jornalismo. Este conteúdo teve orientação e supervisão de Mikaella Campos e Weber Caldas.

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