O Núcleo de Enfrentamento às Violências de Gênero em Defesa dos Direitos das Mulheres (Nevid) do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) instaurou um procedimento interno para apurar se há demora ou ausência no socorro a mulheres vítimas de violência que moram em bairros dominados por facções criminosas na Grande Vitória.
Em uma série de reportagens publicadas em A Gazeta, vítimas de violência de gênero que moram em áreas conflagradas (com a presença de grupos traficantes em conflito) relataram que, ao serem agredidas, ligam para a Polícia Militar ou para a guarda municipal e não recebem atendimento a tempo.
“Liguei para a polícia, esperei mais de meia hora e ninguém veio”; “Disseram que não encontraram meu endereço. Quando chegaram, o agressor já tinha fugido”; “Liguei, os vizinhos ligaram. Mas não vi polícia. Podia ter acontecido uma tragédia maior”, relataram as vítimas ouvidas por A Gazeta.
Informações recolhidas junto a agentes de segurança, sob condição de anonimato, confirmaram as reclamações das moradoras das comunidades conflagradas. A polícia demora a chegar, quando chega. Mas revelaram também outro ponto importante: policiais e guardas “torcem o nariz” para ocorrências relacionadas à Lei Maria da Penha.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) foi ouvida para a reportagem e disse desconhecer que haja falta de socorro ou "má vontade" por parte dos policiais em atender essas ocorrências. A Defensoria Pública, porém, aponta que a reclamação é comum entre as mulheres atendidas pelo órgão.
A promotora de Justiça Cristiana Esteves Soares, que coordena o Nevid, disse que o procedimento interno instaurado visa buscar informações junto à Polícia Civil, Polícia Militar e guardas municipais. A partir desses dados, será possível identificar se há algum tipo de omissão ou demora injustificada.
"É uma questão complexa. Mas, com esses dados, poderemos ver se há alguma estratégia que o governo pode tomar, na área da segurança, para que essas mulheres não fiquem desamparadas", afirmou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta