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Mulher relata agressões e tortura durante dias de cárcere privado em Colatina

Mulher relata agressões e tortura durante dias de cárcere privado em Colatina

A vítima, de 40 anos, relembrou os momentos em que ficou presa na casa do namorado. Durante os momentos de agressão, ele chegou a ser perfurada mais de 20 vezes com uma faca, que chegou a ser usada também para cortar o cabelo dela

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 14:23

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Mulher teve o rosto cortado com uma faca em Colatina
Mulher teve o rosto cortado com uma faca em Colatina . (TV Gazeta Noroeste / Reprodução )

As cenas dos momentos de tortura ainda estão muito presentes na cabeça e nos pesadelos da mulher de 40 anos que, no último final de semana, foi amarrada, espancada e torturada pelo namorado em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. As agressões, que quase a levaram à morte, deixaram traumas além dos psicológicos: a vítima carrega consigo marcas de mais de 20 perfurações de faca e perdeu os cabelos, que foram arrancados pelo agressor.

Nesta quinta-feira (5), a cuidadora de idosos que foi vítima das agressões – e que pediu para não ser identificada – recebeu a reportagem de A Gazeta e contou que na madrugada anterior teve vários pesadelos com as agressões que sofreu. “Aquilo tudo voltou para na minha mente. Ele me agredindo, meu sangue escorrendo pelo meu corpo, foi desesperador”, relembra.

INÍCIO TRANQUILO E ROTINA DE AGRESSÕES

Segundo relato da vítima, sua vida começou mudar dois meses atrás. Ela conheceu o homem e foi morar com ele, no bairro Maria Ismênia. A cuidadora de idosos relatou ainda que no início o relacionamento era ótimo e o parceiro se mostrava carinhoso. “Ele me chamava de princesa e me trazia chocolates todos os dias. Eu estava encantada e apaixonada”, afirmou.

Mas o que parecia ser o início de um relacionamento sólido mudou rapidamente. Segundo a vítima, o companheiro – que ela afirma ser usuário de drogas – começou a ficar agressivo. A mulher conta ainda que precisou vender o seu telefone para pagar dívidas do namorado. Em pouco tempo, o homem já estava mantendo a mulher presa em casa durante o dia.

Vítima das agressões em Colatina
Vítima das agressões em Colatina . (TV Gazeta Noroeste/ Reprodução)

A cuidadora de idosos contou que mesmo estando trancada em casa, o homem checava se ela havia mantido relações sexuais com outra pessoa. “Ele me dava chutes e socos e chegou a quebrar meu dente e jogar fora”, lembrou a mulher. Sem telefone e presa em casa, ela não conseguia denunciar as agressões.

TERROR, PRISÃO E TORTURA

As agressões mais fortes, segundo a vítima, começaram na última sexta-feira (30). O homem ficou agressivo após usar drogas e começou a brigar com ela por ciúmes, alegando que ela teria se relacionado com outro homem.  Segundo a vítima, aos poucos, ele começou a perfurar o corpo dela com uma faca. Foram mais de 20 perfurações e parte das marcas dessa agressão ainda estão no corpo da mulher.

Mulher carrega ferimentos no corpo
Mulher carrega ferimentos no corpo . (TV Gazeta Noroeste/ Reprodução )

Ao relatar os momentos que passou, a cuidadora de idosos disse que ainda sangrando e com muitas dores, foi amarrada com pedaços de pano e teve o cabelo cortado com uma faca. Segundo ela, o namorado afirmava que iria matá-la. Ele chegou a obrigar a vítima a consumir drogas alegando que ela ia “sentir menos dor da hora de morrer”, contou.

Durante o final de semana, segundo a cuidadora de idosos, ela seguia tendo o corpo perfurado pela faca e era obrigada a ter relações sexuais com o agressor, mesmo com o corpo ferido.

“Em determinado momento eu não estava mais sentindo dores de tanto medo de morrer naquela situação. Ele chegou a pegar uma cavadeira e me ameaçar e agredir”, se emocionou a vítima.

Homem corta cabelo de namorada enquanto mantinha ela em cárcere privado
Homem cortou cabelo de namorada enquanto mantinha ela em cárcere privado. (Divulgação/ PMES)

Depois de dois dias sendo agredida, abusada e torturada pelo homem, a cuidadora de idosos seguia vivendo momentos de terror no domingo (1º). Mas durante a tarde ela conseguiu escapar da situação. “Eu consegui pegar a chave da casa e esconder na minha roupa. Quando ele foi assistir um jogo de futebol, se distraiu e eu conseguir abrir a porta e escapar para pedir ajuda na casa de um vizinho”, lembrou. Os vizinhos conseguiram chamar a polícia e o agressor foi detido.

A vítima ainda está com medo e não voltou para casa. Ela teve deferido um pedido de medida protetiva, que determina que o agressor deve manter dela distância de 300 metros, não podendo manter contato nem mesmo por telefone. 

A Polícia Civil informou que o  homem foi autuado em flagrante por cárcere privado, lesão corporal e tortura, e encaminhado ao sistema prisional. O agressor, que não teve o nome divulgado pela polícia, está preso no Centro de Detenção Provisória de Colatina.

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