O reflorestamento em áreas rurais ainda encontra resistência, já que muitos produtores acreditam que significa perder espaço na terra. Mas uma prática adotada no Espírito Santo tem mostrado justamente o contrário, com aumento no faturamento entre os participantes. No Estado, esse movimento ambiental se soma a outro, de gênero: no último ciclo (2021/2022) do Reflorestar, programa do governo capixaba para incentivar o plantio de árvores, 40% das propriedades cadastradas têm mulheres como chefes de família.
O dado foi apresentado pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Felipe Rigoni, durante painel de debate no Atitude Sustentável, evento realizado pela Rede Gazeta nesta terça-feira (31), que tem o objetivo de fomentar e divulgar ações de preservação e respeito ao meio ambiente.
"Não só em termos de renda, mas até de empoderamento feminino. Mais de 40% das propriedades do Reflorestar têm mulheres como suas chefes de família, chefes daquela propriedade", afirmou Rigoni. Desde o início do programa, em 2011, a média é de 29,6% de mulheres à frente das propriedades, o que demonstra que, pelo momento atual, a participação feminina está aumentando.
Indicadores da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) apontam que quase 4 mil propriedades participam do programa atualmente, com apoio financeiro na forma de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Segundo dados do Censo Agropecuário 2017, existem 108.014 estabelecimentos rurais no Estado.
Presidente do conselho diretor do Instituto Terra, Juliano Salgado também participou do painel falando sobre os desafios de um dos programas da organização, relacionado a reflorestamento e recuperação de nascentes.
"A ideia não é plantar florestas em propriedades rurais, é transformar o modo com enxergamos a agricultura. Para recuperar uma nascente, nós vamos plantar cerca de 500 árvores, meio hectare de terra, em volta. Para o pequeno fazendeiro, isso pode ser um sacrifício. Se o produtor tem 10 hectares de terra, ele teria que sacrificar 10%", observou.
Ele ressaltou que, apesar de um eventual sacrifício, há retorno. "As árvores crescem e a água volta. A renda das pessoas tende a aumentar. Depois, os vizinhos tendem a imitar o que dá certo. A gente precisa fazer com que a vida dessas pessoas melhore", disse Juliano, que também é cineasta e filho do fotógrafo Sebastião Salgado.
O painel realizado nesta terça-feira (31) faz parte da iniciativa Atitude Sustentável, da Rede Gazeta. Além de eventos e discussões, a marca também possui uma editoria no portal A Gazeta, no qual são publicados conteúdos jornalísticos dando visibilidade a ações e projetos voltados à preservação ambiental.
O evento ainda contou com a presença do ex-ministro do Meio Ambiente José Carlos Carvalho, do secretário estadual da Agricultura, Enio Bergoli, da gerente socioambiental da Fundação Renova, Juliana Bedoya, e da diretora de Engenharia e Meio Ambiente da Cesan, Kátia Côco.
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