"Ore pela minha família". O pedido foi feito pela dona de casa Renata Augusta Amaral Firme, 48 anos, às 23h14 de 11 de novembro, para a vizinha de quem era amiga. Menos de 24 horas depois, nesta quinta-feira (12), a mulher que prezava pelo bem-estar familiar foi assassinada a golpes de faca pelo marido, o representante comercial José Guilherme Firme, 56 anos, em Jardim Camburi, Vitória. Ele cometeu suicídio em seguida.
Em um casamento de 20 anos, Renata apoiava o marido em um tratamento de câncer severo, descoberto havia três anos. "Ela contou que ele enfrentava uma depressão", contou Elaine Cristina, vizinha do casal e amiga de Renata.
As conversas de José Guilherme com um dos irmãos também incluíam a relação com Renata, que havia tentado se separar 15 dias antes do crime. "Eu e meu irmão combinamos de ir ao advogado nesta quinta-feira (12) para conversar sobre essas questões de divórcio. Ontem à noite (11), ele me ligou desmarcando e disse que não iria mais, pois tudo estava resolvido", lembrou o irmão do representante comercial, Carlos Alberto Firme.
O irmão disse também que José Guilherme era muito apaixonado por Renata, que não queria se separar e que chegou a avisar que se mataria. E ameaçou matá-la também. "Ele disse algumas vezes que queria se matar e que era muito apaixonado pela mulher. Eu falava para ter fé em Deus e não pensar nessas coisas. Um dia, ele disse que se fosse (morresse), ela iria junto", lamentou.
José Guilherme tinha ciúmes da esposa, mas era descrito como educado e discreto pelas vizinhas. "A doença o levou à depressão e acabou nessa loucura. Ele era apaixonado pela Renata, eu não sei de brigas entre eles, mas meu irmão tinha medo dela arrumar outra pessoa", detalhou Carlos Alberto.
Renata foi assassinada dentro do apartamento do casal, no 6º nadar do edifício Estoril, no Condomínio Atlantica Ville, onde o casal morava havia 15 anos. Casados há 20 anos, o filho de 9 anos assistiu ao crime. Ao todo, foram 14 golpes de faca de cortar pão, segundo informações da Polícia Civil. Logo depois do crime, o marido se matou.
Para as vizinhas de Renata, a dona de casa nunca deixou transparecer o que se passava. "Ela era muito simpática, mas estava passando por um momento muito difícil. Tinha um amor imenso pelo filho e jamais faria nada que pudesse prejudicá-lo. Nunca comentou nada de agressão ou briga com José Guilherme, nunca ouvi nada aqui. Ontem à tarde tomamos um café, e à noite ela me mandou essa mensagem pedindo por orações. Nunca imaginei que aconteceria essa tragédia toda", afirmou Elaine Cristina.
Às 13h16 da quinta-feira (12), outra vizinha do casal, a cabeleireira Georgiane Góes, ligou para a polícia ao olhar da janela e avistar o corpo de José Guilherme no pátio do condomínio. "Renata era doce, tranquila e positiva. Comecei a chorar quando vi; está sendo muito difícil entender essa situação."
Precisa de ajuda? Está angustiado? Precisando conversar? Acione o Centro de Valorização da Vida (CVV) no número 188. O atendimento é gratuito e você não precisa se identificar.
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