O trabalho de combate à violência contra a mulher executado pela professora do Departamento de Ginástica da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Rosely Silva Pires foi reconhecido pela Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta terça-feira (26). A docente recebeu o diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós 2024, concedido a personalidades que defendem o exercício pleno da cidadania, os direitos da mulher, e que promovem a igualdade de gênero no país.
Pires coordena o programa de extensão e pesquisa “Fordan: cultura no enfrentamento às violências”, que estuda as violências contra pessoas vulneráveis — como feminicídios, racismo e LGBTQIfobia — e busca atender suas vítimas. No ano passado, o projeto lançou um aplicativo para que mulheres denunciem violências sofridas. Além de viabilizar o acolhimento, a tecnologia também possibilita a produção de dados sobre os casos.
Para a professora, receber o diploma no mês da Consciência Negra é ainda mais importante porque a maior parte das mulheres violentadas são negras.
“Meu lugar aqui hoje é para solicitar que haja cuidado para melhorar a verba das Defensorias Públicas, porque são elas que acolhem gratuitamente as mulheres negras e de periferias que não podem pagar advogados”, pediu a docente.
Ressaltando a importância da independência econômica para que as mulheres consigam sair de situações violentas, Pires também pediu aos presentes na Câmara que auxiliem e priorizem a educação dos jovens periféricos, para que eles tenham a oportunidade de alcançar a autonomia financeira.
“Nenhuma mulher negra consegue largar o agressor sem uma cesta básica ou um aluguel social”, declarou a professora defendendo a necessidade do fortalecimento das políticas públicas voltadas às pessoas mais vulneráveis.
A docente também pontuou em seu discurso a representação de sua ancestralidade. Segundo Pires, desde criança ela via mulheres negras e periféricas — como sua mãe e avó — cuidando de outras mulheres.
Em seu discurso, além de exaltar a presença e papel de sua acompanhante no evento — a coordenadora do Núcleo de Saúde do Fordan, Danúbia Galvão —, a professora também celebrou os dados do programa, como o índice zerado de morte das mulheres que são atendidas pelo projeto.
A docente da Ufes foi homenageada após ser eleita pelas deputadas que compõem a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, que promove a diplomação. Além de Rosely Silva Pires, também foram reconhecidas a advogada Cristiane Leite, a trabalhadora rural e ativista Elisabeth Teixeira, a feminista Nalu Silva (in memoriam) e a negra escravizada Roza Cabinda (in memoriam).
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