Na mesma semana em que se filiou ao PL, após dois anos sem partido, o presidente Jair Bolsonaro fez menções discretas à legenda e aproveitou a sua transmissão semanal nas redes sociais para atacar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Bolsonaro disse que Moro faz campanha a presidente "na base da mentira", além de "papel de palhaço".
O presidente abriu os ataques ao rebater declaração de que teria comemorado a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da cadeia, feita por Moro à Jovem Pan Paraná. "Mentiroso deslavado", disse Bolsonaro.
"Fica fazendo campanha na base da mentira. Aprendeu rápido, hein, Sergio Moro?", disse Bolsonaro.
O presidente também a afirmou que o ex-ministro é contra armas e nem sequer sabe torcer por um time de futebol.
Bolsonaro se filiou ao PL na terça-feira (30), partido comandado por Valdemar Costa Neto, preso e condenado no escândalo do mensalão. Em 2019, Bolsonaro deixou o PSL e fracassou ao tentar formar o Aliança Pelo Brasil.
Eleito com discurso de oposição aos partidos tradicionais, Bolsonaro modulou o discurso e deixou de fazer ataques aos partidos do centrão.
Na transmissão desta quinta-feira (2), mencionou discretamente a sigla que escolheu para disputar as eleições de 2022.
"Tem também gente do PL, estamos lá. Também de outros partidos que devem caminhar junto conosco, PP, Republicanos", disse, ao mencionar que alguns de seus ministros e aliados mais próximos devem se candidatar no próximo pleito.
Moro pediu demissão em abril de 2020 e deixou o governo acusando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal.
Ex-juiz responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, Moro se filiou ao Podemos, em novembro, para disputar o Palácio do Planalto.
"Esse cara está mentindo descaradamente", disse Bolsonaro. "Está se comportando como jornalista da Folha ou do Antagonista, ao qual [sic] ele sempre colaborou", afirmou ainda.
Bolsonaro voltou a afirmar que Moro tentou garantir a sua indicação ao STF (Supremo Tribunal Federal) na discussão sobre a troca do comando da PF. "Saiu pela porta dos fundos, traindo a gente."
O presidente ainda disse que "deu moral" a Moro no momento em que o então ministro foi alvo de críticas por revelações de mensagens privadas que trocou com procuradores da Lava Jato.
Bolsonaro disse que até levou Moro a jogo do Flamengo. "Não sabe nem torcer. Se jogar uma bola no chão, não sabe o que fazer."
"Tive acesso a muita coisa que aconteceu lá, vergonhosa troca de informações, que tive conhecimento depois", disse Bolsonaro, que prometeu apresentar algumas das mensagens vazadas.
Na mesma transmissão, Bolsonaro comemorou a aprovação no Senado da indicação de André Mendonça a ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
"Mendonça tem seus compromissos comigo. Nada diferente do que em grande parte da vida dele, enquanto AGU e ministro da Justiça", afirmou.
O presidente lembrou que havia prometido indicar um nome "terrivelmente evangélico". "Alguns aí, nossa, o Supremo é laico, o Estado é laico. Eu sou cristão", disse Bolsonaro.
O mandatário também disse que a Constituição só cita "a união estável entre homem e mulher", mas que "respeitamos todo mundo". O STF reconheceu a união estável homoafetiva em 2011. Na sabatina no Senado, Mendonça disse que defenderá esse direito.
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