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Decreto coloca CAC sob responsabilidade da PF e reduz limite de armas

Decreto coloca CAC sob responsabilidade da PF e reduz limite de armas

Projeto anunciado nesta sexta-feira (21) busca reduzir o número de armas, limitar a expansão de clubes de tiro e fortalecer a fiscalização, segundo o governo federal

Publicado em 21 de julho de 2023 às 15:59

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RAQUEL LOPES E MARIANNA HOLANDA

BRASÍLIA - O decreto de armas divulgado nesta sexta-feira (21) pelo governo federal passa para a Polícia Federal a responsabilidade sobre CACs (caçadores, atiradores e colecionadores). Até então, quem cuidava dessa categoria era o Exército.

A mudança estava sendo estudada por membros do governo. A leitura é de que o Exército falhou na fiscalização de CACs durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e que haveria mais controle na Polícia Federal.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse ser um decreto ponderado em que todos os atores envolvidos no tema foram ouvidos, reduzindo o número de armas, limitando a expansão de clubes de tiro e fortalecendo a fiscalização.

Segundo Dino, o decreto vai evitar que armas sejam desviadas do mercado legal para o ilegal. Na sua visão, o armamentismo irresponsável fortaleceu as facções criminosas no Brasil.

"Armas nas mãos certas e não armas nas mãos das pessoas que perpetuam feminicídio. O senhor [Lula] está salvando a vida de milhares de mulheres brasileiras, de crianças, de adolescentes do Brasil", disse Dino.

Decreto de armas do governo federal
Decreto busca evitar que armas sejam desviadas do mercado legal para o ilegal. (Stockphotos)

O Exército publicou em seu site um aviso informando que os CACs passariam a ser de responsabilidade da Polícia Federal na quarta-feira (19) e que os serviços estavam bloqueados. O aviso foi excluído em seguida.

O anúncio antes da publicação do decreto gerou confusão e contestação de CACs. O Exército disse, em nota, "que o aviso a respeito do tema foi publicado de forma equivocada na página inicial do Sistema de Gestão Corporativo, gerenciado pela Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados. Tão logo verificado o erro, a página foi atualizada".

Violência nas escolas

Outra medida apresentada é um projeto de lei que prevê tornar crime hediondo violência contra escolas. O texto é uma sugestão das famílias das vítimas do ataque à creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC).

Neste tipo de crime hediondo, o condenado não tem direito a fiança e não pode ser alvo de indulto ou anistia. A pena será de reclusão de 12 a 30 anos. Também prevê um novo crime, de violência em instituições de ensino, para situações de lesão corporal, com detenção de três meses a três anos.

O ministério também anunciou repasse de R$ 1 bilhão do fundo nacional de segurança para os estados, sendo que a primeira metade dos valores será paga em agosto e o restante quitado até o fim do ano. Também há previsão de repasses para os 24 estados e 132 municípios habilitados no programa Escola Segura de R$ 170 milhões.

Mudanças nas regras de armas

Quantidade de armas para defesa pessoal

  • Governo Bolsonaro: até 4 armas de uso permitido, sem necessidade de comprovação da efetiva necessidade, com possibilidade de ampliação do limite. Além de até 200 munições por arma, por ano.
  • Governo Lula: até 2 armas de uso permitido, com comprovação de efetiva necessidade; além de 50 munições por arma, por ano.

Divisão em níveis de atiradores

  • Governo Bolsonaro: atiradores deixaram de ser divididos em níveis.
  • Governo Lula: voltam a ser divididos em três níveis. Eles terão que comprovar frequência em clubes de tiro e em competições.

Quantidade de armas para atiradores

  • Governo Bolsonaro:
  • Atiradores desportivos: - Até 60 armas, sendo 30 de uso restrito; até mil munições por arma de uso restrito, por ano (30 mil/ano); Até 5 mil munições por arma de uso permitido, por ano (150 mil/ano); Até 20kg de pólvora.

  • Governo Lula
  • Atirador nível 1:  Até 4 armas de fogo de uso permitido; Até 4.000 cartuchos, por ano; Até 8.000 cartuchos .22 LR ou SHORT, por ano; 
  • Atirador Nível 2:  Até 8 armas de fogo de uso permitido; Até 10 mil cartuchos, por ano; Até 16 mil cartuchos, por ano .22 LR ou SHORT.
  • Atirador Nível 3: Até 16 armas de fogo, sendo 12 de uso permitido e até 4 de uso restrito; Até 20 mil cartuchos, por ano; Até 32 mil cartuchos por ano .22 LR ou SHORT.

Quantidade de armas para colecionadores e caçadores

  • Governo Bolsonaro:
  • Caçadores: Até 30 armas, sendo 15 de uso restrito; Até 1 mil munições por arma de uso restrito, por ano (15 mil/ano); Até 5 mil munições por arma de uso permitido, por ano (75 mil/ano).
  • Colecionadores: Até 5 armas de cada modelo; Vedadas as proibidas, automáticas, não portáteis ou portáteis semiautomáticas cuja data de projeto do modelo original tenha menos de 30 anos.

  • Governo Lula
  • Caçadores excepcionais: - Até 6 armas; Até 500 munições, por arma, por ano; Necessidade de autorização do Ibama.
  • Colecionadores:  Até 1 arma de cada modelo, tipo, marca, variante, calibre e procedência; Vedadas as automáticas e as longas semiautomáticas de calibre de uso restrito cujo 1º lote de fabricação tenha menos de 70 anos.

Armas calibres 9mm e .40 e.45

  • Governo Bolsonaro: as armas passaram a ser de uso permitido e podiam ser liberadas para CACs e para defesa pessoal.
  • Governo Lula: as armas voltam a ser de uso restrito.

Porte de trânsito para CACs

  • Governo Bolsonaro: o Exército concedia autorização para trafegar com a arma do local de guarda até o clube de tiro ou de caça. Uma arma de cano curto podia ser transportada municiada.
  • Governo Lula: a Polícia Federal concede autorização para trafegar com a arma do local de guarda até o clube de tiro ou de caça. A arma deve ser transportada desmuniciada e por um trajeto preestabelecido.

Fiscalização

  • Governo Bolsonaro: o Exército era responsável pela fiscalização de CACs, clubes de tiros, lojas de armas, armeiros e segurança das instalações de clubes de tiro.
  • Governo Lula: a Polícia Federal passa a ser responsável pela fiscalização de CACs, clubes de tiros, lojas de armas, armeiros e segurança das instalações de clubes de tiro.

Funcionamento de clubes de tiro

  • Governo Bolsonaro: clubes de tiro podiam funcionar em qualquer lugar e por 24 horas.
  • Governo Lula: clubes de tiro poderão funcionar de 6h às 23h. Eles devem ficar a 1 km de escolas.

Caça para controle de javali

  • Governo Bolsonaro: a caça com arma de fogo era permitida para qualquer caçador com registro no Exército e com autorização no Ibama.
  • Governo Lula: a caça passa a ser excepcional e só poderá ocorrer quando outras formas menos cruéis, como armadilha, não forem eficazes. Para isso será preciso apresentar uma comprovação.

Programa de Recompra

  • Governo Bolsonaro: não havia
  • Governo Lula: previsão de programa de recompra com foco nas armas que eram de uso permitido e passarão a ser de uso restrito (segundo semestre de 2023).

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