Conteúdo investigado: Post com vídeo de Flávio Dino dançando ao lado de homem. Os dois usam camisetas de campanha de Lula. Na legenda, o autor escreve: “E a pergunta que não quer calar….. Quem foi mesmo que mandou matar a Marielle?? PTzada vem aqui…”.
Onde foi publicado: X.
Conclusão do Comprova: Post mente ao sugerir que homem dançando ao lado de Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), seria Domingos Brazão, preso sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Com a legenda: “E a pergunta que não quer calar….. Quem foi mesmo que mandou matar a Marielle?? PTzada vem aqui…”, a publicação tenta ligar o PT ao crime, mas quem aparece no vídeo, ao lado de Dino, é Carlos Brandão (PSB), governador do Maranhão.
No X, George Marques, assessor da Secretaria de Comunicação Institucional da Presidência, afirmou que o conteúdo se trata de desinformação e, em resposta, Jorge Messias, ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), escreveu: “Determinei imediata atuação da PNDD [Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia]. Chegaremos aos responsáveis por mais uma fake news”.
O mesmo vídeo já havia sido usado de forma mentirosa em janeiro, em posts que confundiam a identidade de Brandão com a de um homem preso por planejar um atentado a bomba em Brasília, como concluiu o Estadão Verifica.
A gravação mostra os dois comemorando a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 30 de outubro de 2022. À época, o governador do Maranhão, que foi reeleito no 1º turno das eleições de 2022, publicou fotos da comemoração nas redes sociais, onde, inclusive, aparece ao lado de Dino. Ambos estão com a mesma camisa e no mesmo ambiente onde o vídeo foi gravado. Hoje ministro do STF, Dino foi eleito senador da República na mesma campanha.
Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Publicado em 24 de março, o vídeo aqui verificado teve mais de 68 mil visualizações em apenas um dia.
Como verificamos: Comentários do post afirmando que o homem ao lado de Dino seria Carlos Brandão, e não Domingos Frazão, ajudaram a reportagem. A partir desta informação, a equipe buscou por vídeos dos dois e acabou encontrando a checagem feita pelo Estadão Verifica em janeiro. A publicação levava a tuítes em que Dino e Brandão publicaram fotos com as mesmas roupas do vídeo.
A reportagem também pesquisou o nome dos dois no Google e encontrou reportagem do Estadão sobre a investigação da AGU.
O que diz o responsável pela publicação: Contatado pela reportagem, o perfil que fez a postagem não respondeu até a publicação deste texto.
O que podemos aprender com esta verificação: Desinformadores usam a polarização política para espalhar mentiras, cientes de que há público que vai acreditar naquele conteúdo. Logo após o anúncio da prisão dos acusados de mandar matar Marielle e Anderson, conteúdos falsos começaram a circular ligando os nomes dos acusados ao PT. É importante sempre refletir se a informação faz sentido e, se fizer, buscar tentar confirmação em outros veículos, não confiando apenas no que é dito nas redes sociais. Outro ponto de atenção é a má qualidade do vídeo, em uma resolução baixa, e isso é uma tática no universo da desinformação. Ao dificultar a visualização da imagem, torna-se mais difícil a identificação de quem aparece nela.
Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema: Flávio Dino é alvo constante de desinformadores. O Comprova já verificou ser falso áudio em que ele fala em “arruinar a economia” e ser enganoso que ele, então ministro da Justiça, teria eximido o governo de combater armas ilegais.
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