Briga entre defesa e Promotoria marcou nesta quarta-feira (6) o início da primeira audiência para ouvir 12 testemunhas de acusação no processo que apura a morte de Henry Borel, 4, no Rio de Janeiro. Segundo o tribunal, duas delas não compareceram.
Mônica Medeiros, mãe do menino, e o ex-vereador Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jarinho, foram denunciados por homicídio triplamente qualificado pela morte do menino.
A audiência foi marcada por brigas entre a defesa de Mônica Medeiros, que estava no plenário, e o promotor do Ministério Público Fábio Vieira. Durante as discussões, a juíza Elizabeth Machado Louro precisou intervir em diversos momentos para acalmar os ânimos.
"Aqui não é CPI. A gente está aqui para ouvir testemunha. A parte pergunta e a testemunha responde", disse ela.
"Eu não tenho nada a ver com as briguinhas que vocês mantêm, mas isso aqui não vai virar circo e nem debate", afirmou a juíza.
Na volta do intervalo para o almoço, a magistrada disse que não pretendia comparar a CPI a um ambiente de baderna. "Os parlamentares estão certíssimos em discutir lá, porque parlamentar precisa falar a todo momento", disse ela. "Foi uma expressão que talvez tenha sido inábil."
Pela manhã, ao chegar no tribunal, Leniel Borel, pai do menino, disse que preferia não ver a ex-companheira, mas que faria isso para buscar por justiça.
"Espero que aqueles dois monstros que assassinaram brutalmente meu filho saiam daqui punidos de maneira proporcional à brutalidade que eles fizeram com o meu filho", disse ele. "Preferia não olhar para a Monique, mas vamos ter que encarar essa realidade."
Jairinho e Monique foram presos temporariamente em abril, um mês depois da morte do menino. Já no início de maio, o casal teve a prisão convertida em preventiva (sem prazo) e foi denunciado por homicídio triplamente qualificado.
Um exame de necropsia concluiu que as causas do óbito foram hemorragia interna e laceração hepática (lesão no fígado), produzidas por uma ação contundente (violenta). Ele tinha outras diversas lesões e hematomas pelo corpo. Em depoimento, a mãe afirmou que estava assistindo a uma série com o namorado em outro quarto e despertou de madrugada com a TV ligada.
Acordou Jairinho, que havia tomado remédios para dormir, e foi até o quarto do casal onde Henry estava dormindo. Chegando lá, teria visto o menino caído no chão, com os olhos revirados, as mãos e pés gelados e sem respirar.
A polícia ouviu mais de 17 pessoas durante as investigações, entre elas a faxineira que limpou o apartamento no dia da morte (antes da perícia), uma ex-namorada do vereador que o acusou de agressões contra ela e sua filha, na época criança, a psicóloga do menino e as pediatras que o atenderam.
Onze celulares foram apreendidos em diferentes endereços ligados à família da criança na semana passada. Diante de informações de que mensagens teriam sido apagadas dos aparelhos do casal, a polícia ia usar um programa de dados especial para resgatar as conversas.
Mensagens obtidas pela polícia indicam que o menino era submetido a uma rotina de agressões pelo padrasto, com a conivência de Monique. Em conversas em fevereiro deste ano, uma babá avisou a ela que Jairinho tinha se trancado no quarto com o menino.
A mensagens mostram que o menino teria dito à babá que o então vereador o pegou pelo braço, deu uma rasteira e o chutou. "Fica muito claro que toda aquela versão que nos foi apresentada, de uma família harmoniosa, nada mais era do que uma farsa", afirmou Henrique Damasceno, delegado responsável pelo caso, em entrevista coletiva após a prisão dos dois.
As defesas de Jairinho e de Monique pediram à Justiça a anulação de todas as provas ligadas aos aparelhos apreendidos, alegando que os agentes descumpriram procedimentos legais e colheram aparelhos de familiares do casal que não estavam na ordem judicial.
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