Segunda indicação do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça vai assumir uma cadeira na Corte como o ministro que mais teve votos contrários no Senado. O placar de 47 a 32 ficou abaixo da expectativa de aliados do ex-ministro da Justiça, apenas seis a mais do que ele precisava para ser aprovado. Antes da votação, pastores e senadores governistas contabilizavam o apoio de ao menos 55 parlamentares.
Até então, apenas o ministro Edson Fachin havia registrado mais de vinte votos contrários. Ele foi aprovado pelo placar de 52 x 27, ou seja, um terço dos senadores rejeitou que ele virasse ministro. Na época da indicação, em 2015, a então presidente Dilma Rousseff (PT) já não tinha mais uma boa relação com o Congresso, que no ano seguinte aprovaria o seu impeachment. A indicação de Alexandre de Moraes pelo ex-presidente Michel Temer, em 2017, embora também criticada na época, passou com mais folga - 55 x 13.
Entre os ministros indicados após a redemocratização, apenas Celso de Mello registrou a mesma quantidade de votos a favor: 47
Apesar das dificuldades enfrentadas pelo governo, a aprovação de Mendonça representa a vitória do Palácio do Planalto na queda de braço com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que travou por quatro meses a sabatina.
Pastor da Igreja Presbiteriana Esperança, de Brasília, Mendonça chegou ao Senado disposto a vestir o figurino de magistrado que faz acenos à classe política e à ala contrária à Operação Lava Jato e, em alguns momentos, chegou até mesmo a se "descolar" de Bolsonaro. Ex-ministro da Justiça, ele passou oito horas por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), antes de ter a indicação submetida ao plenário.
Na CCJ, Mendonça teve o nome aprovado por 18 votos a 9, quando precisaria contar com o aval de no mínimo 14 senadores, dos 27 que integram o colegiado.
Em seu primeiro pronunciamento após ser confirmado pelo Senado, o novo ministro do Supremo ressaltou ontem o peso de sua chegada à Corte para os evangélicos. "É um passo para um homem, mas na história dos evangélicos do Brasil, é um salto. Um passo para um homem, um salto para os evangélicos", disse, numa referência ao que declarou astronauta Neil Armstrong quando pisou pela primeira vez na lua, em 1969: "É um pequeno passo para um homem e um grande salto para a Humanidade".
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