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Venda de imóveis de marinha no ES garante receita de 100 anos de taxas à União

Cálculos foram feitos com base em dados disponíveis no site da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), gestora dos imóveis localizados em áreas de marinha no Estado

Vitória
Publicado em 26/06/2024 às 03h30
Terreno de Maria
Crédito: Arte - Sabrina Cardoso com Adobe Firefly/Microsoft Designer

A venda de imóveis localizados em áreas de marinha, como previsto na Proposta de Emenda à Constituição 03/2022 — conhecida como PEC das Praias —, pode render à União uma receita estimada em cerca de R$ 4 bilhões no Espírito Santo. É o que aponta levantamento realizado por A Gazeta. O valor equivale a mais de um século de cobrança de foro, laudêmio e taxa de ocupação.

O cálculo foi feito a partir das informações disponíveis no site da Secretaria de Patrimônio da União (SPU). Sob a tutela do órgão federal, responsável pela gestão dos terrenos de marinha, há 51.814 imóveis cadastrados no Espírito Santo. Destes, 28.687 estão no regime de aforamento e 23.517 em regime de ocupação. Com base nestas informações, a reportagem de Aline Nunes, de A Gazeta, fez uma estimativa de receita que a União poderá obter de cerca de R$ 4 bilhões.

O mesmo banco de dados permitiu identificar que em cinco anos e quatro meses foram arrecadados no Estado, com a cobrança de taxa de ocupação, laudêmio e foro, mais de R$ 186 milhões, o que equivale a uma média de R$ 35 milhões por ano. Números que revelam que seria preciso pelo menos 114 anos cobrando taxas de marinha para alcançar a receita que se poderá obter com os imóveis, caso a venda se concretize.

A PEC, que tramita no Senado Federal, não propõe uma extinção direta do que se conhece como terreno de marinha. Sugere a chamada transferência onerosa para os foreiros e ocupantes, ou seja, os proprietários terão que pagar para obter a posse total. Na prática isto significa que os foreiros vão ter que comprar os 17% que pertencem à União, e os ocupantes vão ter que pagar 100%. É assim que vão ter o domínio pleno de suas propriedades.

Arrecadação no ES

Entre os anos de 2019 até os primeiros quatro meses de 2024, a SPU no Espírito Santo obteve por volta de R$ 296 milhões com cobranças variadas. Do total, 63% equivale a taxa de ocupação, foro e laudêmio.

Já no país, a receita com estas três taxas alcançou a cifra de R$ 3,1 bilhões, no mesmo período. Ao comparar com os valores do Espírito Santo, a participação é bem pequena na receita do país, cerca de 6%.

Recursos para municípios

Outra mudança que a PEC deverá ocasionar, com o fim das áreas de marinha e das cobranças de taxas, terá repercussão direta na receita de algumas cidades. A Lei 13.240, de 2015, estabelece que os municípios que possuem imóveis com este perfil em seus territórios têm o direito de receber 20% do que é arrecadado por meio da cobrança de taxas de marinha, principalmente das que se referem a ocupação, foro e laudêmio.

No Espírito Santo, segundo o site da SPU, seis cidades receberam parte das receitas obtidas com as taxas desde 2019. São elas: Vitória, Vila Velha, Cariacica, Anchieta, Aracruz e Guarapari. As informações apontam que três delas receberam os maiores valores nos últimos cinco anos.

O valor destinado à Capital é maior considerando que nela se concentra o maior número de imóveis em áreas de marinha. São mais de 43 mil. O repasse para os municípios, segundo a mesma lei, deve ocorrer até o dia 1º de fevereiro do ano subsequente ao recebimento dos recursos.

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