O juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro aceitou o pedido de recuperação judicial da Americanas, feito pela companhia no começo da tarde desta quinta-feira (19). O total da dívida listada nos documentos protocolados é de aproximadamente R$ 43 bilhões, e envolve 16,3 mil credores.
Pela manhã, a empresa já havia publicado um comunicado ao mercado dizendo que a recuperação judicial poderia ser solicitada "nos próximos dias ou nas próximas horas", uma vez que tinha apenas R$ 800 milhões em caixa.
No pedido enviado hoje à Justiça, redigido pelos escritórios Basilio Advogados e Salomão Kaiuca Abrahão Raposo Cotta, a Americanas afirma que, dentro de 48 horas, vai apresentar a lista de credores completa e a discriminação do passivo, "para que reflita da forma mais fidedigna possível a realidade do endividamento do grupo."
Na petição, a empresa afirma que vai apresentar seu plano de recuperação judicial dentro de 60 dias, a partir da aprovação do pedido, contendo o "detalhamento dos meios de recuperação que serão adotados, demonstrando sua viabilidade econômico-financeira e juntando também o laudo de avaliação de todos os bens do Grupo Americanas."
Para isso, pede que a Justiça ordene "a imediata suspensão de todas as ações e execuções existentes contra as requerentes, pelo período total de 180 dias", além de confirmar a nomeação dos administradores judiciais: Preserva-Ação Administração Judicial e o escritório de advocacia Zveiter.
No texto do fator relevante em que comunicou a recuperação judicial, a Americanas afirma que "seguirá operando normalmente dentro das novas regras da recuperação judicial, cujo um dos objetivos principais é a própria manutenção de empregos, pagamento de impostos e a boa relação com seus fornecedores e credores e investidores de forma geral".
A varejista afirma ainda que o grupo de acionistas de referência da empresa informou ao seu conselho de administração que "pretende manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, Americanas.com, da AME e suas coligadas".
A falta de uma capitalização robusta por parte dos acionistas de referência - os antigos controladores da Americanas, o trio de bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, fundadores do 3G Capital -, a fim de salvar a empresa, foi a grande queixa dos credores junto à varejista, em todo o período de negociação que antecedeu o pedido de recuperação judicial.
No comunicado divulgado pela manhã, quando a Americanas indicou que estava prestes a aderir à recuperação judicial, a empresa reclamou da atitude do banco BTG Pactual, que nesta quarta-feira (18) conseguiu um mandado de segurança na Justiça para bloquear R$ 1,2 bilhão na conta da empresa junto à instituição financeira, como forma de se precaver de um possível calote, como revelou a Folha.
Também o Bradesco reteve mais de R$ 450 milhões, segundo a própria Americanas.
O Itaú é outra instituição que entrou com petição nesta quinta-feira para que a varejista só saque seu dinheiro da conta do banco após detalhar o destino dos valores à Justiça, apurou a Folha.
No comunicado em que divulga sua adesão à recuperação judicial, a Americanas afirma que "manterá seu esforço na busca por uma solução com os seus credores".
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