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"Agora a justiça foi feita", diz Contarato sobre condenação de Dondoni

"Agora a justiça foi feita", diz Contarato sobre condenação de Dondoni

Em vídeo divulgado nesta quarta-feira (7), o senador relembrou que participou do indiciamento do empresário em 2008 e lamentou a demora para o desfecho

Publicado em 7 de julho de 2021 às 22:40

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O senador Fabiano Contarato (Rede) divulgou um vídeo na noite desta quarta-feira (7) enaltecendo a condenação do empresário Wagner Dondoni que, em 2008, provocou a morte de uma família ao bater sua caminhonete, na BR 101, em Viana, contra o carro do cabeleireiro Ronaldo Andrade — ele perdeu a mulher e os dois filhos. No vídeo, o senador fala que "agora a justiça foi feita", mas lamenta o tempo decorrido desde o acidente até a condenação do empresário.

O senador relembrou que participou do indiciamento de Dondoni por homicídio doloso, ou seja, quando há a intenção de matar. Contarato citou dados a respeito de acidentes de trânsito no Brasil, citando que 40 mil pessoas por ano morrem nas estradas do país.

"Infelizmente o Brasil ocupa a terceira colocação em nível mundial em acidente de trânsito. São mais de 40 mil pessoas que, infelizmente, perdem a vida dentro do sistema viário. Em 2008, aconteceu esse crime de trânsito e eu tive a oportunidade de apurar, de presidir esse inquérito e indiciei esse motorista por homicídio doloso, por ter assumido o risco de produzir o resultado", disse.

Aspas de citação

Agora, a justiça foi feita, condenando ele a mais de 26 anos de reclusão. Vale lembrar que Rui Barbosa dizia que justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta. Durante esse período todo, quem sofre com a sensação da impunidade é a família da vítima

Fabiano Contarato
Senador (Rede)
Aspas de citação

O senador reforçou, entretanto, a satisfação com resultado, mesmo após a longa espera. "Mas, graças a Deus, a justiça foi feita. Cadeia para o motorista que dirigir sobre influência do álcool ou sob substâncias de efeito análogo e matar no sistema viário, deve ir para a cadeia", afirmou.

RELEMBRE O CASO

No acidente provocado por Dondoni, morreram Maria Sueli Costa Miranda e os dois filhos, Rafael Scalfoni Andrade e Ronald Costa Andrade — a família de Ronaldo Andrade. A caminhonete guiada pelo empresário bateu no carro dirigido pelo cabeleireiro, por volta das 7 horas do dia 20 de abril de 2008. Ronaldo e a família seguiam para Guaçuí. Um exame de embriaguez detectou, à época, que Dondoni estava dirigindo sob influência de álcool.

Acidente na BR 101 que matou família do cabeleireiro Ronaldo Andrade.  Acusado É Wagner dondoni
Dondoni conduzia o carro que provocou o acidente na BR 101 que matou família do cabeleireiro Ronaldo Andrade. (Gustavo Louzada / Arquivo A Gazeta)

Vale destacar que, em novembro de 2018, 10 anos após a tragédia familiar, o réu foi condenado a 24 anos e 11 meses de prisão, em regime fechado. O empresário foi condenado em julgamento realizado no Fórum de Viana, que durou quase 15 horas, em 2018. Ele não compareceu para ouvir a sentença definida por maioria dos votos dos jurados.

Logo após a condenação, foi decretada a prisão pelo juiz que presidiu o Tribunal do Júri, Romilton Júnior. Mas Dondoni ficou foragido por quase 30 dias. Ele acabou se apresentando à Polícia Civil em 30 de novembro de 2018, na presença de um advogado. O condenado foi encaminhado para a Penitenciária de Segurança Média I, em Viana, para cumprimento da sentença. Ele respondeu pelos crimes de homicídio simples pelas mortes de mãe e filhos, tentativa de homicídio, por Ronaldo Andrade, e uso de documentação falsa.

 À época, a defesa ingressou com recurso, pedindo novo julgamento, sob a alegação de que a sentença do juiz Romilton Alves Vieira Junior, da 1ª Vara Criminal de Viana, havia sido contrária às provas no processo.

Entretanto, em outubro de 2019, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, além de não aceitar a solicitação, aumentou a pena, passando a condenação para 26 anos e dez meses, mais 30 dias de multa, considerando um recurso do Ministério Público.

Quando apresentou o recurso em segunda instância, Dondoni estava preso, mas conseguiu um habeas corpus no início do ano passado, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), concedido pelo ministro Sebastião Reis Junior, dando liberdade irrestrita ao réu.

Assim, desde o dia 14 de fevereiro de 2020, o empresário está solto.

A CONDENAÇÃO

Justiça expediu o mandado de prisão do empresário Wagner José Dondoni de Oliveira na última terça-feira, 6 de julho de 2021. A decisão tem validade até 15 de junho de 2041. Após 13 anos do acidente, que demorou uma década para começar a ser julgado, agora não há mais possibilidades de recursos judiciais, e a pena de 26 anos e 10 meses de reclusão deve começar a ser cumprida em regime fechado.

O empresário Dondoni, quando foi detido após provocar acidente com mortes
O empresário Dondoni foi detido em 2008 após provocar acidente com mortes. (Gustavo Louzada | Arquivo | A Gazeta)

O mandado de prisão foi expedido pelo juiz Romilton Alves Vieira Junior, da 1ª Vara Criminal de Viana, que, em seu despacho, destacou que, diante do trânsito em julgado, não há mais possibilidade de recursos. O mandado tem validade até 15 de junho de 2041.

"NUNCA DEIXEI DE ACREDITAR"

Depois de a Justiça determinar a prisão do empresário Wagner Dondoni, condenado após provocar a morte de uma mulher e dois filhos na BR 101, em Viana, no ano de 2008, o cabeleireiro Ronaldo Andrade, esposo e pai das vítimas, desabafou: “Nunca deixei de acreditar”. Ronaldo também estava no carro quando perdeu a família.

Após 13 anos do acidente, que demorou uma década para começar a ser julgado, agora não há mais possibilidades de recursos judiciais, e a pena de 26 anos e 10 meses de reclusão deve começar a ser cumprida em regime fechado. Em conversa com a reportagem de A Gazeta, Ronaldo Andrade demonstrou insatisfação pelo longo período até essa decisão final. Mas disse nunca ter deixado de ter fé e acreditar que a justiça fosse feita.

“Nesse período de 13 anos praticamente, que ele ficou só alguns meses apreendido, quem ficou recluso fui eu. Eu que fiquei nessa situação toda, correndo atrás da Justiça. Infelizmente, a nossa Justiça é um pouco morosa mesmo. Mas eu nunca deixei de acreditar. Sempre tive fé em Deus e na nossa Justiça, que é o que temos de recurso no momento”, contou.

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