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Caso Clarinha: testes não acham parentes e corpo será liberado para enterro

Caso Clarinha: testes não acham parentes e corpo será liberado para enterro

De acordo com a Polícia Científica, foram feitos doze testes para verificar se Clarinha tinha alguma relação de parentesco com as pessoas que pediram a investigação

Publicado em 9 de maio de 2024 às 14:03- Atualizado há 2 meses

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Clarinha
Clarinha ficou internada por 24 anos no HPM, em Vitória, e morreu sem ser identificada. (Fernando Madeira)

Quase dois meses após o falecimento, o corpo de Clarinha, paciente que ficou conhecida por esse nome após ficar internada e receber cuidados por 24 anos no Hospital da Polícia Militar (HPM) sem ser identificada, será liberado pelo Departamento Médico Legal (DML), em Vitória, para velório e sepultamento.

Clarinha deu entrada no HPM sem registro oficial após ser atropelada em 2000, e morreu em 14 de março deste ano após uma broncoaspiração. Inicialmente, o coronel Jorge Potratz, médico responsável por cuidar da paciente durante os anos de internação, havia afirmado que foram feitos nove testes para verificar se ela tinha alguma relação de parentesco com as pessoas que pediram a investigação. Na tarde de quinta-feira (9), a Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES) informou que foram realizados 12 exames de identificação, todos sem sucesso. Todos os testes tiveram resultado negativo, permitindo que o corpo seja liberado para o sepultamento.

Atropelada no dia 12 de junho de 2000, sem portar qualquer documento de identificação, o caso ganhou repercussão após uma reportagem do Fantástico, exibida no ano 2016, em que um jornalista do Paraná procurou o coronel Potratz para informar que conhecia uma família que poderia ser a da paciente.

A ausência de uma data para a liberação do corpo impede, por exemplo, que Jorge Potratz organize o velório e sepultamento. Por telefone, ele adiantou à reportagem de A Gazeta que pretende realizar um sepultamento digno para Clarinha. O sepultamento, a princípio, deve ser realizado no Cemitério Boa Vista, em Maruípe, Vitória.

Aspas de citação

Não há nenhuma pendência, nenhuma família esperando resultado de teste, já que todas as possibilidades foram eliminadas. Agora espero que o DML libere o corpo para o sepultamento. Mas não há uma data para que isso aconteça

Jorge Potratz
Médico do HPM
Aspas de citação

Após a liberação do corpo, restará ao médico Jorge Potratz conseguir um documento chamado registro tardio de nascimento.

Polícia Científica conclui tentativas de identificação

A Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES) concluiu todas as tentativas de identificação do corpo de ‘Clarinha’, mas nenhum resultado teve resposta positiva. O resultado do último exame de DNA saiu nesta quinta-feira (9). A corporação informou que o corpo será liberado para o médico Jorge Potratz, coronel da reserva da PM que cuidou de Clarinha.

Desde o falecimento de Clarinha, 12 famílias se apresentaram como possíveis parentes da paciente. Todas foram submetidas a exames, que deram negativo para o parentesco. Dos doze exames realizados pela PCIES, oito foram realizados pelo Departamento Médico Legal e quatro pelo Laboratório de DNA Forense, dois destes em cooperação com outros Estados. Antes do falecimento, outras duas famílias haviam sido submetidas a exames de DNA, em 2015 e 2022, também com resultados negativos.

Com a conclusão dos exames, a documentação para prosseguir com o sepultamento foi disponibilizada para o médico Jorge Potratz, que se apresentou como responsável pela paciente. O próximo passo é o coronel dar entrada no processo para autorização do sepultamento, por via judicial, segundo a Polícia Científica.

Os exames que tiveram resultado negativo:

  • Um caso de Brasília
  • Um caso da Bahia
  • Um caso do Distrito Federal
  • Um caso do Espírito Santo
  • Um caso do Paraná
  • Dois casos de Minas Gerais
  • Cinco casos de São Paulo

Clarinha terá documento e será sepultada em Vitória

Como não tem documentos oficiais, havia a possibilidade de Clarinha ser sepultada sem identificação. Isso não acontecerá, segundo Jorge Potratz. O médico tenta na Justiça tornar-se o responsável pelo corpo de Clarinha. Em conversa com a reportagem de A Gazeta, o coronel explicou que tem organizado uma documentação, o registro tardio de nascimento, e aguarda uma decisão do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para o reconhecimento.

Clarinha ficou internado por 24 anos no Hospital da Polícia Militar
Clarinha ficou internada por 24 anos no Hospital da Polícia Militar. (Ricardo Medeiros)

O registro tardio de nascimento requer uma decisão judicial para que o evento (nascimento) seja oficializado anos após ter ocorrido. No caso de Clarinha, o registro serve para oficializar e dar a ela um documento oficial que prove a sua existência.

"O MPES vai me oficializar como responsável direto pelo corpo dela. Me orientaram que um juiz irá analisar o caso", contou Jorge Potratz.

Procurado pela reportagem de A Gazeta, o Ministério Público do Espírito Santo informou que entrou com uma ação pedindo o registro tardio de nascimento de Clarinha e, a partir do pedido, obteve um retorno positivo da Justiça no dia 13 de março deste ano - um dia antes do falecimento da paciente. A ação teve início em setembro de 2022. O pedido foi avaliado como "procedente", permitindo que Clarinha tenha o registro.

Ainda de acordo com o MPES, o coronel Jorge Potratz será o responsável pelo sepultamento de Clarinha. "O Coronel PMES Jorge Potratz [...] prontificou-se a atuar como responsável por Clarinha e solicitou auxílio do MPES para realizar o pedido de autorização judicial. Acredita-se que “Clarinha” não será enterrada como indigente", informou, em nota.

Material genético seguirá disponível

Ainda segundo o médico Jorge Potratz, mesmo que os testes tenham tido resultado negativo, o material genético de Clarinha seguirá disponível para que pessoas interessadas em investigar o parentesco refaçam o teste.

O médico lembrou que investigações foram feitas ao longo do tempo. Após a morte, foram doze testes, feitos com procedimentos diferentes. O sepultamento não impedirá que novas famílias peçam o teste de DNA.

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