A Justiça do Espírito Santo condenou três pessoas acusadas do crime de injúria racial contra o professor e doutor em Educação Gustavo Henrique Araújo Forde, da Universidade Federal do Espírito Santo, vítima de ataques preconceituosos na internet em abril de 2019. A instituição de ensino afirmou que recebeu a condenação pela Justiça estadual com "sentimento de reparação". Atualmente, o professor exerce o cargo de pró-reitor de Políticas Afirmativas e Assistência Estudantil da Ufes. Os condenados são: Antônio Jacimar Pedroni, Kennedi Fabrício dos Santos e Wagner Rodrigues.
A Ufes enalteceu a decisão judicial e manifestou solidariedade ao professor Gustavo Forde, repudiando toda forma de discriminação, seja religiosa, racial e de gênero, considerando a importância pelo respeito às diferenças que compõem a formação social no Brasil.
"A Universidade reafirma seu compromisso de continuar e aperfeiçoar sua trajetória na luta pelo fim de todos os tipos de desigualdades sociais, em especial pelo fim de qualquer forma de racismo", completou em nota.
Para Gustavo Forde, a decisão da Justiça Estadual do Espírito Santo inaugurou um marco histórico na forma de enfrentamento ao racismo e aos crimes raciais.
A reportagem tenta contato com a defesa dos três condenados, e este espaço está aberto para manifestação.
Os ataques racistas contra o professor Gustavo Forde ocorreram após a publicação de uma entrevista concedida ao jornal A Gazeta em abril de 2019, na qual se destacou o lançamento do livro "Vozes Negras na História da Educação: Racismo, Educação e Movimento Negro no Espírito Santo (1978-2002)", de autoria do professor, e foram abordados assuntos como o protagonismo do movimento negro, o racismo institucionalizado, e a constituição da sociedade e da educação em nível estadual e nacional.
Após a divulgação da entrevista, Forde foi vítima de comentários racistas na internet. Um dos comentários preconceituosos, segundo o Ministério Público do Espírito Santo, associava o cabelo de Gustavo Forde à falta de higiene. Outro, menosprezava intelectualmente o professor por ele ser negro. Por fim, um terceiro comentário sugeria que o autor da obra literária "voltasse para a África", mesmo sendo o docente notadamente brasileiro.
Em novembro de 2021, quando a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo foi recebida pela Justiça estadual, a reportagem de A Gazeta procurou os três autores dos comentários racistas.
Antônio Jacimar Pedroni e Wagner Rodrigues preferiram não se manifestar sobre o caso. Já o autônomo Kennedi Fabrício dos Santos, morador do Paraná, afirmou que acredita ter agido pautado na liberdade de expressão e disse que não teve a intenção de ofender o professor. "Talvez tenha sido um comentário infeliz, mas não era para levar para o lado pessoal, não mencionei cor em nenhum momento", disse à época.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta