O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) manteve por unanimidade a decisão de levar a júri popular Georgeval Alves Gonçalves, acusado de abusar sexualmente e assassinar os irmãos Kauã, 6 anos, e Joaquim, 3, em um incêndio criminoso em Linhares, Norte do Espírito Santo. As vítimas eram o enteado e o filho do ex-pastor. O crime ocorreu em abril de 2018 e chocou todo país.
A decisão foi tomada em uma sessão na tarde desta quarta-feira (23), a 1ª Câmara Criminal do TJES negou o recurso da defesa que tentava anular o julgamento. A relatora do caso, desembargadora Elisabeth Lordes, foi acompanhada pelos colegas.
O ex-pastor Georgeval Alves Gonçalves foi detido ainda durante as investigações da Polícia Civil e ainda permanece preso. Em maio de 2019, por decisão do juiz André Bijos Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, ele foi pronunciado — decisão que o encaminhou para o Tribunal do Júri popular — por homicídio duplamente qualificado, estupro de vulneráveis e tortura praticada contra o filho e o enteado.
Após essa decisão, recursos foram apresentados por seus advogados e agora foram analisados pela Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. A data do julgamento ainda não foi marcada. A reportagem tentou contato com os advogados do ex-pastor, mas ainda não obteve retorno.
As crianças foram mortas no dia 21 de abril de 2018, na residência onde moravam, no Centro de Linhares. Segundo laudo da polícia, elas sofreram abuso sexual e estavam vivas, desacordadas em uma cama, antes de um incêndio criminoso encerrar suas vidas. Na casa com eles estava Georgeval Alves Gonçalves, acusado pelo crime.
Georgeval era pai de Joaquim, de 3 anos, e padrasto de Kauã Salles Butkovsky, de 6 anos — filho do primeiro casamento de Juliana Pereira Sales Alves com o empresário Rainy Butkovsky. Juliana teve outro filho com Georgeval, além de Joaquim.
Em julho de 2018, dois meses após o crime, Juliana Pereira Sales Alves, mãe das crianças, foi presa em Minas Gerais. Ela foi solta e uma semana depois voltou a ser presa novamente. Em janeiro do ano seguinte voltou a ser solta e assim permanece.
Ela foi denunciada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) pelos mesmos crimes que Georgeval, na forma omissiva. Mas, em maio de 2019, o juiz André Bijos Dadalto entendeu que Juliana não deveria responder pelos crimes pelo qual foi denunciada, o que resultou em sua impronúncia, ou seja, segundo o juiz ela não enfrentaria o júri popular pelos homicídios.
O MPES recorreu contra a decisão. Após sustentação da assistência de acusação na sessão desta quarta-feira (23), a desembargadora Elisabeth Lordes pediu mais tempo para avaliar a situação de Juliana, analisando novamente os detalhes processo.
A advogada Lharyssa Almeida trouxe elementos que, segundo ela, mostram um comportamento midiático da mãe após a morte dos filhos, inclusive tendo falado com um publicitário como se comportar diante das câmeras.
Em outubro de 2019, por decisão da desembargadora Lordes, os ex-pastores passaram a responder a processos separados, após determinação para o desmembramento da ação inicial.
No dia 21 de abril de 2018, dia do crime, Juliana estava fora de casa. Ela tinha viajado para Minas Gerais com o filho mais novo dela e de Georgeval, deixando Kauã e Joaquim com o ex-pastor.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta