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Justiça retém passaporte do dono da Itapemirim e o proíbe de ter contato com a empresa

Justiça retém passaporte do dono da Itapemirim e o proíbe de ter contato com a empresa

Sidnei Piva terá de entregar senhas de contas do grupo e token de movimentação financeira à administradora judicial, para que todos os atos de gestão não sejam mais realizados por pessoas a ele ligadas

Publicado em 16 de março de 2022 às 20:11

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
20/10/2020 - Sidnei Piva, presidente do grupo Itapemirim, que está no processo de recuperação judicial, segurando miniatura de avião da ITA
Sidnei Piva, presidente do Grupo Itapemirim, que está no processo de recuperação judicial, segurando miniatura de avião da ITA. (Werther Santana/Agência Estado)

Após determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo, o CEO do Grupo Itapemirim, Sidnei Piva de Jesus, entregou o passaporte à Justiça. A decisão também impôs outras medidas restritivas ao empresário, como não manter nenhum contato com a gestão do grupo.

As informações são da CNN Brasil e do portal Congresso em Foco. Como A Gazeta mostrou, a Justiça paulista havia decidido em fevereiro que o empresário entregasse o passaporte e passasse a usar tornozeleira eletrônica. A sentença também determinava que Sidnei fosse afastado  da gestão da recuperação judicial do grupo.

No processo, a defesa do empresário alegou que o passaporte estava no Consulado Geral dos Estados Unidos desde o dia 18 de fevereiro para emissão do visto americano e, por isso, ele não tinha entregado o documento antes.

Segundo apurou a CNN, 20 dias após a primeira decisão, em 10 de março, a juíza Luciana Menezes Scorza oficiou o consulado americano para que o órgão enviasse o documento diretamente para a Justiça.

Após essa nova decisão, a defesa do empresário informou, no dia 14 de março, que o documento não estava mais no consulado e que entregaria o passaporte no prazo de 24 horas, o que de fato aconteceu.

Além da retenção do passaporte, agora o empresário está proibido de manter contato, por qualquer meio, com seus subordinados ou com qualquer pessoa do Grupo Itapemirim.

A decisão também impôs que Sidnei entregasse todas as senhas de contas bancárias do grupo e um token – dispositivo necessário para a movimentação financeira – à administradora judicial do processo, para que todos os atos de gestão, inclusive aqueles necessários diante dos bancos, não fossem mais realizados por pessoas ligadas a ele.

O grupo, que controla a Viação Itapemirim, está em recuperação judicial desde 2016, processo que ganhou novas proporções após a criação e extinção da Itapemirim Transportes Aéreos (ITA) no ano passado, que teria lesado consumidores e credores.

COLECIONADOR DE POLÊMICAS

Sidnei Piva é um dos investidores paulistas que compraram a Viação Itapemirim e outras seis empresas da família de Camilo Cola, em 2016. 

A Itapemirim era das maiores empresas de transporte rodoviário do país, mas já estava em recuperação judicial por ter alegado, na época, R$ 336,49 milhões em dívidas trabalhistas e com fornecedores, além de um passivo tributário de cerca de R$ 1 bilhão. A aquisição foi feita pelo valor simbólico de R$ 1.

Ônibus da Viação Itapemirim na antiga garagem da empresa em Cariacica: terreno será leiloado
Ônibus da Viação Itapemirim na antiga garagem da empresa, em Cariacica. (Bernardo Coutinho/Arquivo )

No ano passado, o grupo lançou a ITA, uma companhia aérea que já nasceu sob desconfiança do mercado e cercada de polêmicas.

Tudo durou menos de seis meses, com as operações sendo suspensas e a empresa deixando milhares de consumidores na mão no fim do ano de 2021.

O investimento foi questionado pelos credores do plano de recuperação judicial, que alegaram desvio dos recursos que seriam para o pagamento de dívidas. O empresário transferiu pelo menos R$ 32 milhões do Grupo Itapemirim para criar a companhia aérea ITA.

Itapemirim
Avião da Ita. (Ilton Barbosa/Divulgação)

Em meio à crise, Sidnei Piva expandiu a área de seus negócios e agora tem uma empresa offshore, a SS Space Capital Group UK LTD. Ele abriu a firma neste ano no Reino Unido. 

Segundo o site OpenCorporates, consultado por A Gazeta, que mostra as companhia constituídas no exterior, principalmente em paraíso fiscal, a firma de Piva tem um capital de 785 milhões de libras, aproximadamente R$ 6 bilhões

O QUE DIZ A ITAPEMIRIM

O Grupo Itapemirim foi procurado pela reportagem para comentar a decisão, mas ainda não houve resposta. Assim que for enviado posicionamento, esta reportagem será atualizada.

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