Os responsáveis pela morte de Ronald da Silva Modesto, de 19 anos, ocorrida no Bairro das Laranjeiras, na Serra, em dezembro de 2023, foram identificados e detidos. O caso teve muita repercussão, já que o jovem estava no Espírito Santo a trabalho havia menos de uma semana, e levou um tiro na cabeça enquanto estava dentro do carro com o tio.
Quem são os presos?
Emerson Fontoni, conhecido como Baby, de 32 anos, foi preso em Ipatinga, Minas Gerais, no dia 19 de junho deste ano. Ele fugiu para o Estado vizinho, onde estava escondido trabalhando como pintor. O acusado confessou ter disparado três vezes contra o veículo em que Ronald estava. Segundo a polícia, ele era gerente do tráfico de crack na Rua São Paulo, em Bairro das Laranjeiras.
Um adolescente de 16 anos, que atuava como "vapor", ou seja, quem vende a droga na boca de fumo, também foi apreendido. O rapaz foi localizado no dia 6 de setembro. As investigações mostraram que ele se aproximou do veículo onde Ronald estava, logo que o carro entrou na rua, e avisou a Emerson que o veículo seria suspeito.
A investigação foi conduzida pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra. O delegado Rodrigo Sandi Mori explicou que tudo aconteceu em um momento de tensão em Bairro das Laranjeiras: gangues rivais estavam em guerra. Tanto que, no dia anterior ao caso, uma troca de tiros já havia acontecido.
Tio e sobrinho passaram por lá, pois estavam a caminho de um posto de combustíveis. "Quando passavam pelo cruzamento da Avenida Guaianazes com Rua São Paulo, onde funciona uma boca de fumo, o adolescente de 16 anos que estava na pista vendendo drogas naquele dia se aproximou da janela do veículo para observar quem estava no interior", explicou Sandi Mori.
O motorista, tio de Ronald, estranhou aquilo. Ele então acelerou, para fazer o retorno, e sair dali. "O adolescente chamou Emerson, que estava no segundo andar de uma residência fazendo a contenção da boca de fumo naquele dia, e disse que o carro estava em atitude suspeita. Quando o motorista novamente passava pelo cruzamento, Emerson saiu da residência, apontou um revólver calibre 38 e ordenou que o veículo parasse", detalhou o delegado.
O tio de Ronald se assustou e acelerou, momento em que Emerson disparou três vezes. Um dos tiros atingiu a cabeça de Ronald.
Emerson foi indiciado por homicídio qualificado por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, tentativa de homicídio e corrupção de menores. Ele não tinha passagens criminais. Já o adolescente está internado no Centro Integrado de Atendimento Socioeducativo (Ciase) e responde por ato infracional semelhante ao homicídio qualificado e à tentativa de homicídio. Ele tinha passagens por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.
"Uma coisa eu falo: ele atirou em um inocente. Inocente, trabalhador, não dá para entender esse tipo de coisa." O desabafo é de um empresário, tio de Ronald, que estava com o sobrinho no carro quando os dois foram abordados por um suspeito armado, que começou a disparar quando o veículo acelerou.
O empresário, que preferiu não ser identificado, disse na época à TV Gazeta que o sobrinho, que é do interior de São Paulo, estava no Espírito Santo havia menos de uma semana para trabalhar em uma obra como ajudante de pedreiro. Após o dia de serviço, o tio, o sobrinho e o pai do rapaz foram até um supermercado.
Na saída, o tio resolveu ir abastecer. O pai do rapaz preferiu ir de carro de aplicativo, para chegar mais cedo em casa; seguiram caminho o empresário e o sobrinho. Na altura do Bairro das Laranjeiras, eles foram surpreendidos.
O empresário dirigiu até um batalhão da Polícia Militar, onde pediu ajuda. Uma viatura foi na frente, escoltando e abrindo o caminho até Unidade de Pronto Atendimento (Upa) de Castelândia, onde o jovem recebeu os primeiros cuidados.
O tiro entrou e saiu da cabeça do jovem, e o estado de saúde do rapaz já gravíssimo. "A primeira informação na Upa é de que a bala atravessou a cabeça dele. O médico até falou se eu quisesse ver sobre doar órgãos, porque o caso dele era muito grave. Segundo o médico, se ele sobreviver, pode ficar acamado para o resto da vida", detalhou o tio.
A família estava desolada. "A gente só trabalha, não mexe com nada de errado, com a vida de ninguém, e está nessa situação. Eles (os criminosos) levam a vida deles, não quero saber quem eles são, só quero trabalhar. Agora não sei o que a gente pode fazer, se posso continuar onde estou morando. Na verdade, eu pensava que isso só acontecia com os outros, que nunca ia acontecer na minha família, mas agora eu tenho que me acostumar ou sair daqui, ou fazer um plano funerário para mim e para minha família, o caminho que nós vamos, porque não dá para entender", relatou o empresário.
Por volta das 12h do dia seguinte, a morte cerebral de Ronald foi confirmada. “Na verdade, na maneira que a bala entrou na cabeça dele o camarada deu, na verdade, na minha cabeça e no momento eu abaixei e acertou o meu sobrinho”, disse o tio, na época. Confira o desabafo dele:
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