A família de Mirian Oliveira, de 38 anos, que morreu após cair de um brinquedo em um parque de diversões em Itaipava, balneário de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, em fevereiro de 2020, não acredita que haja punição para os culpados do acidente que matou a professora e deixou a filha dela de 8 anos gravemente ferida na época. O proprietário e um funcionário do parque chegaram a ser presos, mas depois conseguiram a liberdade.
Um ano e meio após o crime, o marido de Mirian, Douglas Augusto Poubel, conta que não acredita que haverá um desfecho que resulte na condenação dos culpados.
"O processo está praticamente parado, não me chamaram para prestar depoimento. Estou procurando viver com minha filha, esquecer isso e tocar essa nova vida, do jeito que estamos conseguindo. Será uma surpresa se algo acontecer. Mais de um ano e nada foi feito. Sou descente com a Justiça. Mas agora acho que justiça mesmo só a de Deus, porque a daqui, hoje penso que não acontecerá. E coisas assim vão continuar acontecendo”, disse Douglas.
O acidente aconteceu em um sábado, por volta das 20h, em um parque de diversões instalado na cidade. A família de Miriam é do município de Viana, tem casa no balneário e sempre passava as férias de verão em Itapemirim.
Na época do acidente, quando mãe e filha estavam no brinquedo chamado "Surf" a atração começou a girar de maneira descontrolada em 360 graus. A criança foi arremessada e sofreu traumatismo craniano. Já a professora teve uma lesão grave na cabeça e na perna após despencar do equipamento e não resistiu.
Na época, a Polícia Civil prendeu o dono da empresa, Norimarcos Márcio Matias, e Alessandro Rodrigues dos Santos, funcionário que operava a máquina pelos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa (sem intenção de matar), mas logo foram liberados e respondem ao processo em liberdade.
Após a conclusão do inquérito policial em março do ano passado, a Polícia Civil explicou que o procedimento foi encaminhado ao Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) com o indiciamento do dono do parque, do empregado e do engenheiro responsável por homicídio culposo e duas lesões corporais culposas.
O caso atualmente tramita na 1ª Vara Criminal de Itapemirim, segundo o site do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). No início deste ano, o MPES, por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Itapemirim, devolveu o inquérito policial do caso à delegacia para a realização das diligências e perícias, que não puderam ser concluídas no prazo de 60 dias em razão de dificuldades decorrentes da pandemia. Segundo a polícia, várias pessoas precisaram ser ouvidas por carta precatória por residirem em outro Estado.
Sobre esses pedidos, a PC informou que requisitou novas oitivas de testemunhas e dados complementares. O inquérito policial retornou para a Delegacia de Itapemirim, que já encaminhou as cartas precatórias de solicitação de oitivas de outras testemunhas de outros estados, solicitadas pelo MPES. A polícia aguarda o retorno das cartas precatórias para remeter o inquérito ao Ministério Público.
O MPES foi questionado pela reportagem na última segunda-feira (19) sobre o andamento do processo, mas não houve retorno da demanda. A reportagem tenta contato com os indiciados no processo e este canal está aberto para a defesa de ambos, caso queiram se manifestar.
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