A Justiça aceitou a denúncia contra o soldado da Polícia Militar Lucas Torrezani de Oliveira, de 28 anos, acusado de matar o músico Guilherme Rocha, 37 anos, em 17 de abril deste ano. Eles moravam em um mesmo condomínio de Jardim Camburi, em Vitória. O policial deu um tiro no ombro de Guilherme depois que o vizinho apareceu na área comum do imóvel para reclamar do barulho que o PM e alguns convidados faziam durante a madrugada.
Além do militar, um amigo dele, que estava na festa, também virou réu. Segundo a decisão da juíza Lívia Regina Savergnini Bissoli Lage, da 1ª Vara Criminal de Vitória, Jordan Ribeiro de Oliveira teria empurrado o músico durante a discussão, o que fez com que ele perdesse o equilíbrio e caísse. Já no chão, Guilherme foi baleado.
Também foi pedida a prisão preventiva do PM Lucas. Ele já está detido desde o dia seguinte do crime no Quartel da Polícia Militar, onde deve permanecer preso. A juíza entendeu que há indícios suficientes de que ele foi responsável pela morte do músico. Ela destacou ainda que os parentes do militar, que são testemunhas do processo, têm medo de falar sobre o caso, o que também justificaria a manutenção da prisão.
Procurada para se posicionar sobre o assunto, a defesa de Lucas Torrezani de Oliveira disse, em nota enviada no final da tarde deste sábado, que ainda não foi intimada da decisão judicial. "Entretanto, restou provado ao longo do Inquérito Policial que o aludido não colocará em risco o andamento do processo, tendo em vista que no atual cenário não se encontram presentes os requisitos da prisão preventiva insculpidos no artigo 312 do Código de Processo Penal".
Ainda conforme o posicionamento da defesa, "tal decisão será combatida no intuito de demonstrar que não há fundamentos para se sustentar uma segregação prisional, e espera-se que o Judiciário faça essa reparação. Cabe ressaltar que a presente ação se encontra na fase embrionária e no momento oportuno será esclarecida a realidade dos fatos. Todas as medidas serão tomadas para esclarecimento da verdade", finalizou.
Segundo os autos do processo, Guilherme morava no térreo do prédio, perto da área de lazer onde Lucas costumava fazer festas com os amigos que duravam até tarde.
"A proximidade do apartamento deles fazia com que o barulho das músicas e conversas atrapalhassem as noites de sono da família, tanto que a vítima Guilherme, em ocasiões pretéritas, chegou a conversar com o denunciado Lucas solicitando-lhe que encerrasse as confraternizações, o que não foi atendido, de modo que a vítima acabou registrando a ocorrência no livro do condomínio", é relatado no processo.
Lucas, Jordan e um terceiro homem chegaram por volta das 22h30 na área de festa no dia do crime, onde começaram a beber e conversar em voz alta. Às 2h22, Guilherme foi ao local e pediu que eles baixassem o tom das conversas. Os três saíram do local, mas retornaram às 2h37.
Às 3h05, Guilherme voltou ao local para pedir que eles reduzissem o barulho. Nesse momento, Lucas sacou a arma de fogo que portava e intimidou a vítima dizendo “eu sou PM, o que você vai fazer?”, diz a denúncia. Jordan se aproximou em seguida.
Em seguida, Lucas, "com a arma de fogo em punho na mão direita e uma bebida alcoólica na mão esquerda, se aproximou da vítima e projetou o cano da arma por duas vezes em direção ao tórax dela, e em seguida bateu o cano da arma no rosto de Guilherme, que tentou se defender avançando em direção à arma que o denunciado portava, momento em que foi empurrado pelo acusado Jordan, perdendo o equilíbrio. Diante disso, aproveitando-se da condição de vulnerabilidade da vítima, o acusado Lucas efetuou um disparo de arma de fogo contra ela, provocando-lhe as lesões que foram a causa suficiente para sua morte".
Ainda ferido, Guiherme tentou fugir do local, mas caiu no chão "enquanto o denunciado Lucas terminou de ingerir sua bebida alcoólica acompanhando a cena".
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