Após mais de um ano e meio desde que o ciclista Carlos Renato Souza foi assassinado após reagir a um assalto nas Cinco Pontes, na Ilha do Príncipe, em Vitória, no dia 14 de maio de 2019, os dois acusados do crime foram condenados. O julgamento foi no dia 2 de fevereiro e a Justiça capixaba decidiu que os réus vão cumprir pena por latrocínio - que é roubo seguido de morte - e corrupção de menores.
Daniel Braga da Cruz foi condenado a 25 anos e 6 meses de reclusão. Já Emerson Moura Marinho teve a pena fixada pelo juiz José Augusto Farias de Souza, da 1ª Vara Criminal de Vila Velha, em 23 anos e 4 meses de reclusão. Ambos terão que cumprir a pena inicialmente em regime fechado.
Para Wanderson Valadares, advogado da família da vítima, o desfecho do processo foi esperado, embora não seja o suficiente para substituir a saudade deixada pela morte do ciclista. "O caso teve um desfecho que já esperávamos, que foi uma sentença condenatória para o Emerson e o Daniel, sendo este último com pena de mais de 25 anos, merecidamente. Por certo, isso não substituirá a saudade e a dor da família do Renato", iniciou.
Para o jurista, a grande perda é mesmo da família, que nunca terá o ente querido de volta. "Sabemos que a política criminal brasileira beneficia os réus. Não demorará muito até que eles (os réus) vejam suas famílias, recebam visitas, progridam de regime, indo para o semi-aberto e aberto. Já o Renato não volta", acrescentou.
Para Valadares, é possível que as defesas dos réus decidam recorrer da decisão judicial, em se tratando de penas altas. "Esperamos que seja mantida a sentença após recurso e nós, como assistência à acusação, caso a defesa apele, iremos recorrer de volta para que seja mantida a sentença", finalizou.
Acionada, a Secretaria de Estado da Justiça informou que Emerson e Daniel deram entrada no sistema prisional no dia 15 de maio de 2019 e estão cumprindo a prisão provisória no Centro de Detenção Provisória da Serra, estipulada pelo juiz nos seguintes termos: "Por terem respondido a todos os processos reclusos, e ainda, visando a garantia da ordem pública, mantenho a custódia cautelar dos réus. Saliento, que a medida se faz necessária para que os réus não voltem para as ruas para delinquir", diz a sentença.
Procurado pela reportagem, o advogado Jefferson Nunes, responsável pela defesa de Emerson Marinho, afirmou que esperava uma pena menor. "Nós esperávamos uma pena menor porque, no nosso entendimento, o Emerson não teve uma participação direta nos fatos. Consideramos a pena muito alta e vamos recorrer da sentença. Além disso, a defesa entendeu, a partir da sentença do juiz, que não foram enfrentados todos os argumentos. Pela dosimetria da pena observada, se tivesse sido considerado o que foi argumentado, a pena do Emerson seria menor", expôs.
Também procurado pela reportagem, o advogado Breno Brandão, um dos responsáveis pela defesa de Daniel da Cruz, informou que a família do acusado não pretende comentar o assunto, mas que pode adiantar que haverá recurso contra a decisão judicial.
O ciclista Carlos Renato Souza morreu após ser baleado em um assalto nas Cinco Pontes por volta das 17h do dia 14 de maio de 2019. Os autores do crime roubaram a bicicleta que estava com a vítima e fugiram. Carlos morreu no local e a perícia da Polícia Civil foi acionada.
De acordo com um boletim da Polícia Militar, ele foi abordado por indivíduos armados no momento em que passava na ponte, que fica na Ilha do Príncipe.
Testemunhas que conversaram com a polícia informaram que os assaltantes estavam em uma bicicleta — um pedalando e outro sentado no guidão. Populares afirmam que os criminosos anunciaram o assalto e a vítima reagiu segurando a arma do bandido. A bala acertou o ciclista na área do pescoço, transfixou e saiu pela parte de trás da nuca. Moradores afirmaram que assalto naquela região são constantes.
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